PRESIDENTE DA ABDAN PARTICIPOU EM PARIS DE REUNIÃO DA AIE SOBRE O PAPEL DAS USINAS NUCLEARES NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
À medida que o fortalecimento da segurança energética e a aceleração da transição para as energias limpas ganharam destaque na agenda política nos últimos anos, os países têm demonstrado um interesse renovado na energia nuclear. No entanto, ainda existem muitos desafios em diversos países, inclusive no Brasil, para tirar do papel os projetos de novas usinas nucleares. Por isso, a Agência Internacional de Energia (AIE) reuniu em sua sede, em Paris, diversas lideranças da indústria nuclear, formuladores de políticas, instituições financeiras e acadêmicos para debater como superar as barreiras atuais e quais têm sido os avanços mais recentes para viabilizar projetos. O Brasil foi representado pelo presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, que participou da reunião à convite do diretor executivo da AIE, Fatih Birol.
Em sua apresentação no evento, Cunha destacou algumas das principais conquistas no setor nuclear brasileiro. “Nos últimos três anos, o Brasil tem promovido mudanças significativas em sua legislação no setor nuclear, visando fortalecer o desenvolvimento da nossa indústria. Uma das mais importantes foi a flexibilização do monopólio da INB na exploração e mineração de minérios nucleares. Essa medida abre espaço para a participação de entes privados, permitindo maior dinamismo no mercado e atraindo investimentos estratégicos”, disse.
O presidente da ABDAN também destacou que a energia nuclear foi devidamente contemplada na Política Nacional de Hidrogênio de Baixo Carbono, conforme detalhamos em uma reportagem especial na última sexta-feira (13). Este é um marco relevante para o setor, pois reconhece o papel fundamental da energia nuclear na transição para uma matriz energética mais limpa. Além disso, a nova legislação traz incentivos tributários que promovem o desenvolvimento e a competitividade do hidrogênio de baixa emissão, o que abre caminho para que o Brasil se posicione como um líder global nessa tecnologia emergente.
Cunha abordou ainda como a indústria nuclear do Brasil está buscando consolidar seu espaço na transição energética. “O setor nuclear tem trabalhado ativamente para garantir sua inclusão no Plano de Aceleração da Transição Energética, que atualmente está em discussão no Congresso Nacional. É fundamental que a nuclear seja reconhecida como uma peça-chave nesse processo, especialmente no contexto de uma matriz energética mais diversificada e sustentável”, afirmou.
Por fim, o dirigente da associação lembrou que o BNDES concluiu recentemente os estudos sobre a viabilidade da retomada das obras da usina nuclear de Angra 3. “Agora, aguardamos que o Conselho Nacional de Política Energética defina o valor da tarifa da usina, o que está previsto para ocorrer até outubro. Essa decisão será fundamental para a expansão da energia nuclear em nossa matriz energética”, concluiu.
O diretor da AIE, Fatih Birol, presidiu a sessão sobre como a cooperação público-privada pode ajudar no avanço da energia nuclear, enquanto o Diretor de Mercados e Segurança Energética da AIE, Keisuke Sadamori, fez os discursos de abertura e encerramento da reunião. Ao todo, cerca de 80 especialistas de todo o mundo participaram do encontro.
Desde a crise energética global desencadeada pela invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, os países têm mostrado um interesse renovado pela energia nuclear – uma fonte importante de fornecimento estável de eletricidade que também desempenha um papel vital no caminho da AIE para alcançar emissões líquidas zero no setor de energia global até meados do século. Vinte e cinco países já se comprometeram a trabalhar para triplicar a capacidade global de energia nuclear até 2050.
No entanto, segundo a AIE, os investimentos não estão acompanhando as ambições, já que os riscos reais e percebidos em termos de custos, políticas e construção limitam o crescimento do setor. A energia nuclear também enfrenta forte competição no mercado, e o desenvolvimento e a implementação de tecnologias inovadoras que possam acelerar esse crescimento serão cruciais.
Os participantes da conferência discutiram esses impedimentos, bem como possíveis soluções, incluindo mecanismos para gerenciar e reduzir os riscos dos projetos. Suas percepções servirão como uma contribuição chave para um relatório que a AIE está preparando sobre o tema, previsto para o início de 2025.
Sempre que o assunto é energia nuclear no Brasil, Angra 3 vem à baila e aqueles que contam as histórias governam o mundo. Pois aqui vai uma história sobre outro ponto vista. Angra 3 já teve sua engenharia, aquisição e construção (EPC) iniciadas e prosseguidas umas três ou mais vezes. E em todas parou pelo meio do caminho, tendo antes exaurido o orçamento. Mas porquê? Pelo fato de ser muito grande, complexa, com excesso de sobre engenharia desnecessária e dispendiosa. Adicionalmente o proprietário era um país agrícola se esforçando para se industrializar, sem experiência, processos e recursos para construir a… Read more »