PRESIDENTE DA NUCLEP REVELA AVANÇOS RECENTES DA EMPRESA RUMO À CONSTRUÇÃO DO SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO

contraalmirante-1O Brasil terá, ao longo dos próximos anos, o desafio de iniciar a construção do seu primeiro submarino de propulsão nuclear, que será uma ferramenta fundamental na defesa das riquezas da nossa extensa costa. Além disso, o desenvolvimento desse empreendimento trará um grande salto tecnológico para o país, com um grande legado de aprendizado e desenvolvimento de capital humano. Tirar esse projeto do papel, contudo, não será tarefa fácil e dependerá da competência dos principais atores das indústrias nuclear e de defesa, sob a liderança da Marinha do Brasil. Nesse contexto, a estatal Nuclep terá um papel fundamental, já que é a única companhia brasileira que consegue reunir alta capacitação na fabricação de equipamentos nucleares e experiência na construção de cascos de submarinos.

No comando da empresa desde 2017, o contra-almirante Carlos Henrique Seixas está liderando um processo de crescimento e fortalecimento da companhia, preservando o caráter estratégico da Nuclep. O presidente da estatal lembra que o submarino nuclear brasileiro é um desenvolvimento totalmente submarino-riachuelonacional, envolvendo assim muitos segredos militares. “A Nuclep é uma empresa de caldeiraria pesada, além de ser a única companhia no país capaz de construir um submarino nuclear. Tanto o casco do submarino quanto outros equipamentos – tais como o vaso do reator e os trocadores de calor, por exemplo – serão desenvolvimentos nacionais”, afirmou. 

Atualmente, a companhia já atua em parte das obras do Laboratório de Geração de Energia NucleoElétrica (LABGENE) – protótipo em tamanho real do submarino nuclear. A Nuclep está construindo o Bloco 40, seção onde ficará o reator do LABGENE. A empresa também está preparando-se para iniciar a construção da Seção de Qualificação do submarino. Seixas também detalha como a Nuclep está buscando novos negócios no segmento de transmissão de energia e fala das perspectivas de assinar novos contratos para fornecimento de equipamentos para a usina nuclear de Angra 3.

Para começar nossa entrevista, gostaria falar sobre a participação da Nuclep no Programa de Submarinos da Marinha. Poderia nos atualizar sobre o Bloco 40 do LABGENE? E como estão as tratativas para construção da Seção de Qualificação do Submarino de Propulsão Nuclear? 

assinatura-do-bloco-40Nós estamos dentro do cronograma. A Nuclep tem até o dia 29 de abril para entregar o Bloco 40, que é a seção onde será instalada o vaso do reator no LABGENE. A partir deste mês, começaremos a transferir algumas peças para Iperó (SP), onde está sendo construído o LABGENE, para realizar as atividades de montagem. 

A Nuclep também está em tratativas com a Itaguaí Construções Navais (ICN) sobre a construção da Seção de Qualificação do Submarino de Propulsão Nuclear. Provavelmente, até fevereiro, teremos a assinatura de contrato entre a Nuclep e a ICN para a fabricação dessa seção. Estamos em fase final de acerto de detalhes jurídicos do contrato para a fabricação da Seção de Qualificação. Como o nome sugere, a Seção de Qualificação será usada para qualificar os operários que vão fazer os procedimentos de soldagem de caldeiraria durante as obras de construção do Submarino de Propulsão Nuclear. 

Uma das principais virtudes do Programa de Submarinos da Marinha é a transferência de tecnologia da França para o Brasil, que garantirá ao nosso país a capacidade de projetar, construir, operar e manter seus próprios submarinos convencionais. Poderia falar um pouco do legado deixado a partir dessa parceria entre os dois países?

_mg_2655A França transferiu para o Brasil a qualificação em engenharia da construção de cascos de submarinos. A Nuclep enviou funcionários para França, onde passaram por programas de qualificação para o desenvolvimento dos cascos dos submarinos convencionais de classe Scorpène. Agora, quando falamos sobre o Submarino de Propulsão Nuclear, é importante lembrar que esse é um desenvolvimento nacional. A França ajudou no desenvolvimento e no aprendizado na parte de construção do casco do submarino convencional. Já o Submarino de Propulsão Nuclear é um desenvolvimento totalmente nacional, principalmente no que se refere a área nuclear.

Por ser um projeto nacional, que demanda muitos anos de desenvolvimento, isso traz qualificação para as indústrias brasileiras, principalmente as indústrias de defesa. Além disso, outros efeitos positivos são a qualificação da nossa mão de obra e a geração de empregos. Ou seja, esses são pontos fundamentais para o desenvolvimento do Brasil. 

Tendo em vista esse grande desafio de desenvolver um projeto totalmente nacional, qual será o papel da Nuclep durante as obras do submarino nuclear?

nuclep-nuclear2A Nuclep é uma empresa de caldeiraria pesada, além de ser a única companhia no país capaz de construir um submarino nuclear. Tanto o casco do submarino quanto outros equipamentos – tais como o vaso do reator e os trocadores de calor, por exemplo – serão desenvolvimentos nacionais. Tudo isso requer um sigilo de informações. Então, ao meu ver, acredito que um desenvolvimento nacional desse porte não pode ser repassado para entes privados – sejam eles nacionais ou internacionais. 

Alguns equipamentos requerem segredos que são estratégicos e, portanto, fica evidente a importância de uma empresa estatal estratégica, como a Nuclep. Hoje, já estamos construindo alguns equipamentos que vão compor o LABGENE e o submarino de propulsão nuclear. 

Somos a única empresa brasileira com capacidade técnica para atuar no segmento nuclear. Não existe hoje, no Brasil, nenhuma empresa de caldeiraria pesada com a capacidade que a Nuclep possui, tanto em termos de pessoal quanto de material. Somente a Nuclep tem as qualificações necessárias para atuar nesse segmento tão importante. 

Agora, gostaria de falar de outras áreas de atuação da empresa. É possível falar um pouco sobre como estão as prospecções no segmento de construção de torres de linhas de transmissão? 

submarino-atomico-brasileiro-1664307930378_v2_4x3Estamos muito empolgados com esse setor, que irá ampliar o nosso faturamento. Hoje, estamos terminando um contrato com a Neoenergia, entregando as últimas peças. Além disso, estamos competindo no mercado, em busca de novos negócios. Em dezembro foram realizados os leilões de linhas de transmissão. Isso, consequentemente, vai estimular a construção de torres. Estamos com muita coisa em aberto, com reuniões quase que semanais para buscar novos contratos. Temos a expectativa de, nos próximos dois ou três meses, assinar novos contratos para a construção de torres de transmissão.

E quanto aos novos negócios dentro do segmento nuclear? 

16611269_0_0_3072_2048_1920x0_80_0_0_9ac45d07ac9fab0c2b0307973f3ee4e9Recentemente, assinamos com a Eletronuclear a fabricação do pacote de trocadores de calor de Angra 3, equipamentos fundamentais na troca térmica dos diversos sistemas da usina e que estão diretamente ligados à energia obtida pela planta e a geração de energia elétrica. A perspectiva é que a construção desses equipamentos seja iniciada até o final do primeiro semestre. Nesse primeiro pacote, serão nove trocadores e teremos um prazo de 26 meses para a entrega desses equipamentos. 

Estamos também discutindo sobre uma série de outros contratos com a Eletronuclear. Além desse primeiro pacote de trocadores de calor, existem outros dois pacotes – o segundo com 15 trocadores e o terceiro com mais 23. Estamos na disputa para trazer o contrato desses trocadores para a Nuclep. 

Quanto mais obras tivermos na Nuclep, teremos mais geração de empregos para a região de Itaguaí e seu entorno. Itaguaí melhora muito quando a Nuclep está cheia de empregados. Precisamos desenvolver o país e gerar empregos para que os nossos cidadãos tenham uma condição de vida mais adequada. 

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Luiz Paulo Guimarães

Fui durante 8 anos Diretor Administrativo- Financeiro da Nuclep. Fico feliz de saber que a empresa está boas mãos.