PRESIDENTE DO CONSELHO DA ENGEVIX AFIRMA QUE POLÍTICOS APARELHARAM PETROBRÁS PARA EXTORQUIR EMPRESAS
O presidente do conselho de administração da Engevix, uma das empresas incluídas no olho do furacão da Operação Lava Jato, resolveu abrir o verbo e contar sua versão sobre os esquemas envolvendo propinas em contratos da Petrobrás. Cristiano Kok, que não está preso e não é réu nos processos, confessou que a empresa pagou cerca de R$ 10 milhões ao doleiro Alberto Youssef, a pedido do então deputado do PP José Janene, já falecido. O valor foi dividido entre um contrato de R$ 700 milhões na Refinaria Abreu e Lima e outro, sem o valor citado, na Refinaria de Cubatão. Apesar de confessar os pagamentos, Kok afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que a Petrobrás foi aparelhada pelos políticos para extorquirem as empresas.
“A versão que tem sido divulgada é que a Petrobrás foi assaltada por um bando de empreiteiras. A verdade é que os políticos aparelharam a Petrobrás para arrancar dinheiro das empreiteiras”, disse ao jornal.
De acordo com Kok, não haveria possibilidade de denunciarem a extorsão que vinha sendo feita pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, porque teriam os contratos cancelados e acabariam saindo do mercado.
Apesar disso, o executivo afirmou que não faziam doações de campanha para obter contratos. Citou a doação de R$ 3 milhões para a campanha de Dilma Rousseff em 2014, a pedido do tesoureiro Edinho Silva, mas negou que isso tivesse relação direta com a obtenção de contratos. No entanto, reconheceu que faz parte de uma “política de boa vizinhança”.
“Não pagamos doação de campanha para ganhar contratos ou fazer obras. Agora, evidentemente, quando você apoia um partido ou candidato, no futuro eles vão procurar ajudá-lo de alguma forma, não tenha dúvida”, afirmou à Folha de S. Paulo.
O empresário ainda negou que tenha havido superfaturamento nas obras e diz ter tido prejuízo em alguns contratos, em função de exigências extras da Petrobrás. Na Rnest, por exemplo, diz ter gastado R$ 400 milhões a mais na obra do que recebeu pelo contrato, enquanto em Macaé teve um prejuízo de R$ 150 milhões em outro projeto. Chega a falar que deve ter sido “muito burro”, porque pagou comissão e perdeu dinheiro.
Ele cita ainda um contrato de cerca de R$ 1 milhão com o ex-ministro José Dirceu para que buscasse oportunidades de negócios em outros países, mas diz que não foi propina, e revela também ter pago R$ 30 mil por mês a Paulo Roberto Costa após sua saída da Petrobrás.
Questionado se a Engevix corre o risco de quebrar, Kok disse ter esperança que não, citando que venderam a subsidiária de energia, estão vendendo as participações nos aeroportos de Brasília e Natal, além do estaleiro Ecovix, no Sul. A empresa deve cerca de R$ 1,5 bilhão a bancos, mas ele espera conseguir pagar com essas vendas, diminuindo o tamanho do grupo. Nas contas dele, passaria de um faturamento de R$ 3 bilhões para R$ 1 bilhão.
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