PRESIDENTE DO IBP VÊ CAUTELA DE EMPRESAS DIANTE DA CRISE NA EUROPA E PREVÊ ALTA DE INVESTIMENTOS EM E&P
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Depois de uma quinta-feira para ser esquecida, o setor mundial de óleo e gás volta suas atenções nesta sexta-feira (25) para projeções dos futuros desdobramentos na economia e nos preços da commodities após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ontem (24), o barril Brent chegou a tocar o patamar de US$ 105, mas acabou perdendo o fôlego e terminou o dia perto dos US$ 96. Com a imprevisibilidade diante do futuro e das proporções da escalada do confronto na fronteira do leste da Ucrânia, cresce o temor em relação a uma disparada no preço dos combustíveis. Aqui no Brasil, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) observa o momento com atenção, prevendo que as petroleiras devem agir com calma antes de anunciar qualquer mudança de rumo. Apesar do cenário desafiador à frente, o presidente da instituição, Eberaldo de Almeida Neto, estima que o segmento de exploração e produção (E&P) pode elevar seus investimentos em cerca de 20% em 2022 na comparação com 2020, ajudando a equilibrar a balança formada entre oferta e demanda.
“Presenciamos, desde a pandemia um período de grande volatilidade no setor, ampliada pelas questões geopolíticas. Por isso, é muito prematuro tomar qualquer decisão sobre reajustes ou mudanças de estratégia nesse momento”, projetou Almeida, após ser questionado pelo Petronotícias. “Hoje (ontem), presenciamos uma amplitude de preços do Brent superior a US$ 8. É natural que as empresas esperem que a tendência, de alta ou redução, seja confirmada antes de tomarem suas decisões de alterar preços. O momento é de cautela”, acrescentou.
O petróleo vinha acumulando uma alta acentuada na quinta-feira, mas depois perdeu força após o presidente americano Joe Biden anunciar que os Estados Unidos estão trabalhando com os principais países consumidores para coordenar uma liberação coletiva de reservas estratégicas de petróleo. Já na próxima quarta-feira (2), outro evento pode mexer profundamente nos preços.
A OPEP+ (que inclui os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais a Rússia) deve reunir-se para decidir sobre a produção de abril. Durante a semana, antes do início da guerra, alguns membros do cartel já chegaram a sinalizar que mesmo o barril acima dos US$ 100 não aceleraria os planos do grupo. A ideia da OPEP + é adicionar 400.000 barris por dia de petróleo ao mercado a cada mês.
O presidente do IBP acredita que para equilibrar a questão de oferta e procura por petróleo e derivados, o segmento mundial de exploração e produção deveria receber um volume ainda maior de investimentos. “Em relação ao descasamento ‘oferta x demanda’, verificado desde a retomada econômica pós pandemia, faz-se necessário ampliar os investimentos em E&P para patamares superiores a US$ 500 bi por ano para que o déficit seja sanado. Neste ano, prevê-se algo acima de US$ 420 bi, um pouco acima dos US$ 350 bilhões de 2020”, projetou Almeida.
No início do ano, uma estimativa da Rystad Energy indicava que o setor de energia mundial deveria receber US$ 628 bilhões de investimentos como um todo, uma alta de US$ 26 bilhões a mais do que o registrado no ano passado. Segundo a previsão, a América Latina responderia por 24% de todos os projetos de produção em águas profundas sancionados em 2022, puxados especialmente pelo Brasil e pela Guiana.
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