PRESSÃO POLÍTICA FALHA E LULA FICA CONFORTÁVEL PARA IGNORAR ÚLTIMOS SUSPIROS DO PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO
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Sem pressão política real por Angra 3 e pelo Programa Nuclear Brasileiro, Lula sorri mesmo com péssima popularidade
Vamos falar sério em relação à conclusão das obras da Usina Nuclear Angra 3. Quando se chegou a um momento decisivo no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), até o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que publicamente sempre se disse favorável à usina, pulou fora do barco, dando uma declaração com a força de uma extrema unção: “Temos que olhar a questão de Angra 3 de forma holística. Hoje ela [a Eletronuclear] não é uma empresa com condições de dar segurança para tocar a obra. Essa é uma preocupação minha com a ministra Esther Dweck.” Mas foi ele que escolheu um advogado sem experiência na área nuclear para comandar a companhia. Quem diria que isso não daria certo, não? Só para lembrar um ex-presidente da Boeing quando disse “se quiser quebrar uma empresa, dê a direção dela para um advogado”. Em toda esta confusão dos últimos dias, o presidente Lula ficou confortável, sem real pressão política.
Alexandre Silveira está no governo Lula desde o início, mas de olho em outro cargo, o de governador de Minas Gerais. Fez de tudo para consolidar uma base mineira para lhe dar suporte nas eleições. Raul Lycurgo, o advogado presidente da Eletronuclear, e o atual diretor administrativo, Sidney Bispo, o ceifador dos funcionários da Eletronuclear, vieram de Minas Gerais. Com certeza seus olhadores não estavam focados no desenvolvimento da empresa, mas na eleição de Silveira e na ambição por futuros carguinhos.
Hoje, o que está acontecendo na Eletronuclear é um desmonte jamais visto para atender à Eletrobrás que, depois de privatizada, ficou com a responsabilidade de investir no término das obras de Angra 3. Mas ela não quer. Por isso, recentemente, a Eletronuclear, próxima da decisão que deveria ser final para a conclusão das obras ou não, virou vitrine das pedradas de quem é favorável a não pagar pelas obras. Mas o não concluir pode ser pior, principalmente para a União, nós todos no caso. A União não gera dinheiro. Os problemas jurídicos dos contratos demandariam bilhões incomensuráveis neste momento para se quitar no futuro.
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Celso Cunha, presidente da ABDAN, lutando para envolver todos os setores em benefício do uso do conhecimento nuclear no país
Uma outra verdade é que se nao fosse o trabalho brilhante e incansável da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) nesses últimos anos, mobilizando a indústria, trazendo para conhecimento público as vantagens da energia nuclear para população, seja na geração de energia, seja na preservação dos alimentos, na medicina nuclear, seja nas posições estratégicas do país, dando voz às empresas, nem isso nós estaríamos vendo hoje. Pode-se até alegar que Lula não ouviu ninguém, mesma nesta fase difícil da economia, impopular, com falas públicas estabanadas, ridicularizando a população pobre, preços dos alimentos nas grimpas. Pode-se até dizer que ele não parece querer mais governar, que está cansado e que só quer se aproveitar das mordomias ao lado da esposa, mas como presidente ele não sofreu pressão política nenhuma que o fizesse bater o martelo pelo sim de Angra 3. Que o fizesse ficar preocupado. Cartas, ele recebe da Aben, de sindicatos e até da Marinha, a mãe do nosso programa nuclear, mas pressão política mesmo zero. Não se sentiu incomodado para sair do quarto para sala.
Ontem (17), em Angra dos Reis (RJ), ao lado de Magda Chambriard, presidente da Petrobrás, e de Sergio Bacci, Presidente da Transpetro, na cerimônia de retomada da indústria naval no país com as contratações de navios pelas duas empresas estatais, ele estava retomando parte de uma credibilidade perdida junto aos empregados da indústria naval brasileira. Parecia feliz por só dar boas notícias ao seu eleitorado. Por Angra 3, zero. Conhecimento ele tinha. Mas, político velho só tem medo da própria política e da pressão que ela pode exercer. Em um evento como o de ontem, de grande importância econômica para o estado do Rio de Janeiro, onde estava o governador Claudio Castro, que parece ter feito questão de faltar? E o seu Secretário de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima?
Os dois deveriam aproveitar a ocasião do presidente no Rio para fazer pressão por Angra 3. Até agora, nem a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) trouxe à público uma palavra de apoio à Angra 3 neste momento. Mesmo o prefeito de Angra dos Reis, Claudio Ferreti, que esteve com o presidente Lula e não disse a ele nem a palavra “nuclear”, quanto mais Angra 3. O Presidente da Frente de defesa da energia nuclear na Câmara, o deputado Júlio Lopes, também não esteve presente para aproveitar e pressionar pessoalmente o presidente. Uma ausência sentida.
Na Câmara, o que se viu, foram deputados do Rio de Janeiro, alinhados com a oposição, reclamarem apenas das demissões de profissionais estratégicos, das mudanças de cidade de outra centena de funcionários, como se fossem chuchados pelos sindicalistas de suas bases. Efeito prático? Zero. Só alimentavam a esperança de ter a direção inepta da companhia substituída. Mas, se “enquanto tiver bambu tem flechas”, como ensinou o pensador Mytchel Almeida, a luta deve continuar porque enterrar Angra 3 é ser o coveiro do Programa Nuclear Brasileiro. Lula saiu pela tangente e recusou esse papel. Alexandre Silveira pegou a enxada, a pá, ficou ao lado do caixão, mas está esperando a ajuda de alguém. Um coveiro querer governar Minas Gerais seria enterrado no primeiro turno. É preciso mobilizar agora também a bancada federal que apoia o governo para sensibilizar o presidente Lula, que ainda tem tempo de deixar alguma obra de envergadura em sua terceira gestão. Os deputados Lindbergh Farias, Benedita da Silva, Jandira Feghali, Laura Carneiro e Reimont Otoni, por exemplo, podem pegar este bastão e ajudar na preservação da história nuclear do país, dando às mãos às empresas à ABDAN e à todos que quiserem seguir o bom caminho.
Não vemos nem um pio da tal “Embpar”que deveria ser a nova holding da eletronuclear. Não vimos um pio sequer de Itaipu, que junto
Com a eletronuclear, deveria compor uma nova empresa de energia.
Será que vão realmente assistir calados o sepultamento do
Programa nuclear brasileiro???
Será que nosso urânio vai virar apenas mais um item
De exportação, mais uma comodit??
Será que pensam em transição energética sem a energia nuclear, indo
Na contramão do mundo inteiro?
São muitas perguntas sem respostas.
Se alguém puder encaminhar o tema ao comandante da Marinha do canal Arte da Guerra, vai colaborar muito na publicidade do assunto.