PROJEÇÕES DE ESPECIALISTAS APONTAM NOVA QUEDA NA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO DA VENEZUELA EM 2020
Quem ainda acredita na Venezuela? As exportações de petróleo do país despencaram 32% no ano passado, para 1,001 milhão de barris por dia, segundo dados da Refinitiv Eikon e relatórios estatais da PDVSA, já que a falta de pessoal e capital levaram a produção ao seu nível mais baixo em quase 75 anos e as sanções americanas encolheram os mercados de exportação. A queda teria sido mais acentuada se alguns dos maiores clientes da PDVSA não tivessem comprado petróleo venezuelano por meio de intermediários ou cargas transportadas em vários portos do mundo, para que o país de origem estivesse desfocado, de acordo com fontes da indústria, rastreadores de embarcações e dados da Eikon.
Em termos de clientes, a Rosneft da Rússia foi o maior comprador e intermediário do petróleo venezuelano, com 33,5% do total das exportações, seguida pela estatal China National Petroleum Corp (CNPC) e suas unidades, com 11%, e pela estatal de Cuba, Cubametales, com 7%. A China emergiu como o primeiro destino do petróleo venezuelano em 2019, pois as sanções privaram a PDVSA de seu mercado primário, os Estados Unidos. Apesar disso, a CNPC e suas unidades interromperam o carregamento de petróleo nos portos venezuelanos no segundo semestre. A Venezuela enviou uma média de 319.507 bpd para a China em cargas que cobrem rotas diretas e em navios fretados por intermediários que chegaram a refinarias chinesas depois de fazer o transporte de petróleo de países como a Malásia. Esses são dados mostrados pelos rastreamentos de navios da Eikon.
O colapso da produção do ditador Nicolás Maduro arrastou o que antes era o país mais rico da América Latina para um impasse econômico. Analistas que monitoram a Venezuela estão prevendo um novo declínio na produção de petróleo este ano devido à combinação de sanções e falta de investimento e pessoal. A empresa de inteligência de mercado Kpler espera que a produção da Venezuela fique em média entre 600.000 e 800.000 bpd em 2020. Uma relação comercial congelada com os Estados Unidos permitiu à Ásia, em 2019, fortalecer sua posição como o principal destino do petróleo da PDVSA, com China, Índia, Malásia, Japão e Cingapura recebendo cargas, às vezes apenas para mistura e transferência. Os embarques de petróleo da Venezuela para a Ásia atingiram uma média de 647.000 bpd, ou 65% do total das exportações em 2019.
A Índia foi o segundo maior receptor de petróleo da Venezuela no ano passado, com 217.739 bpd, mas a empresa de refinação Reliance Industries RELI, suspendeu as compras diretas da PDVSA no segundo trimestre, embora tenha retornado no final de 2019, depois de chegar a um novo acordo de permuta, permitindo que a PDVSA recebesse cargas de combustível em troca.
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