PROJETO BRASILEIRO DE MEGA PLATAFORMA PODE REDUZIR CUSTOS DE PRODUÇÃO NO PRÉ-SAL | Petronotícias




faixa - nao remover

PROJETO BRASILEIRO DE MEGA PLATAFORMA PODE REDUZIR CUSTOS DE PRODUÇÃO NO PRÉ-SAL

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Cintia Rodrigues, ChemtechAs cifras estratosféricas do pré-sal estão trazendo para a indústria novos modelos de produção e outros projetos também grandiosos, como é o caso de uma nova plataforma desenhada por um conjunto de empresas, que se uniram para propor uma solução de menor custo e maior produtividade para a área de Libra. A engenheira Cintia Rodrigues, gerente geral de projetos da Chemtech, conta que a ideia partiu da busca por uma solução que atendesse à demanda do campo, com investimento menor do que o esperado, e alto potencial de conteúdo local. Com isso, reuniram-se Siemens, Chemtech, Gaia, Horton do Brasil, Linde, UOP e Dockwise, trabalhando por conta própria entre maio e agosto de 2015, intensamente, até chegarem a um novo modelo de plataforma, baseada no conceito de multi-column floater (MCF), com capacidade para produzir 300 mil barris de petróleo e processar 24 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Além disso, a expectativa dos envolvidos, que já apresentaram o projeto à Petrobrás, a outras petroleiras e à ANP, é que a plataforma garanta pelo menos 30% de economia na construção do casco em relação aos FPSOs, que são mais utilizados atualmente para produção em águas profundas no Brasil. Ao detalhar o projeto, ela explica que os desafios básicos foram superados e estão buscando parcerias com estaleiros brasileiros para o futuro desenvolvimento das unidades. “Estamos montando um modelo em que a gente possa entregar a plataforma inteira para o operador. Pode ser financiada por ele, mas também estão sendo estudadas outras formas”, diz.

Como surgiu o projeto da mega plataforma?

A Chemtech é muito forte no óleo e gás e, conhecendo os desafios do campo de Libra, nos juntamos com outras empresas para fazer um estudo e uma solução que atendesse à demanda do campo, que tivesse um baixo Capex (investimento em bens de capital) e um alto conteúdo local.

Como se deu o início?

Começamos o estudo em maio de 2015 e terminamos em agosto do mesmo ano. O projeto é uma plataforma para produção de 300 mil barris de petróleo por dia e processamento de 24 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Aqui no Brasil, a maior hoje é de 180 mil barris por dia.

No mundo também?

Existe uma de 220 mil barris por dia fora do Brasil, que descobrimos nas pesquisas iniciais.

Como se deu a concepção da ideia?

A ideia era ter um topside que comportasse pesos e áreas maiores, para possibilitar a colocação de mais equipamentos sobre ele. E estamos junto com a Gaia e a Horton do Brasil, que tem uma patente chamada MCF (Multi-Column Floater), que permite isso. Então chegamos ao final do estudo com um topside de 66 mil toneladas, quando o máximo que se encontra hoje é de 35 mil toneladas. Além disso, chegamos a uma área de 150 m x 120 m, enquanto em um FPSO normalmente a área disponível é de 150 m X 60 m.

Qual foi o passo seguinte ao fim do estudo?

Depois que terminamos, fomos visitar os principais players do mercado, como a Petrobrás, e outros operadores, assim como a ANP. A solução chamou a atenção, até pelo momento em que estamos, com o barril a um baixo custo, então todos estão buscando soluções de baixo Capex. Já estamos tendo atenção da própria Petrobrás e queremos que ela possa ser considerada como solução nas próximas licitações.

A gente chama essa iniciativa de early engagement. Ou seja, já estamos trabalhando com nossos clientes desde o nascimento da ideia, tentando propor soluções para alavancar novos trabalhos e resolver os problemas deles.

Quem está envolvido no projeto e qual a parte de cada um?

Fazem parte do projeto Siemens, Chemtech, Gaia, Horton do Brasil, Linde, UOP e Dockwise. A Chemtech entra com o expertise em topside, a Gaia com a parte de hull (casco) e a Horton do Brasil com a patente do MCF. Em Libra, também há um alto volume de CO2 agregado, então trabalhamos com a Linde e a UOP para lidar com isso, e a Dockwise com a parte de instalação. E a Siemens, claro, responde pela parte de equipamentos.

Quais os maiores desafios de engenharia relacionados?

Tínhamos um problema grande com o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), por conta da nossa legislação. Se a unidade offshore tiver demanda superior a 100 MW, começa a necessidade de restringir a emissão de NOx (óxido de nitrogênio), mas conseguimos atender a essa regulamentação com um equipamento da Siemens.

O próprio tamanho da plataforma é outro desafio. Precisávamos saber se essa solução, desse tamanho, era viável tecnicamente. E vimos que é viável. Outro ponto era saber se conseguiríamos instalar uma plataforma desse tamanho, e também vimos que é possível, além da questão de saber se no Brasil seria possível fabricar um topside deste tamanho. Mas também confirmamos que sim, o que garante um alto conteúdo local.

Quantos poços podem ser ligados à plataforma e qual a previsão deste número para o projeto?

Fizemos uma premissa de quantidade de poços, que avalia uma produtividade em torno de 15 mil barris por dia, então, neste caso, que depende, claro, dos resultados a serem coletados pela Petrobrás, seriam até 20 poços.

Em que fase o projeto está atualmente?

Hoje, estamos conversando com todas as empresas que possam se interessar. E estamos tendo a atenção da Petrobrás para o nosso estudo, para que possamos ser considerados em futuras licitações.

Todo o desenvolvimento está sendo feito no Brasil?

O desenvolvimento da função sim. Temos um parceiro, a Linde, que é da Europa, mas a parcela deles foi um pouco menor do que a nossa. A ideia era que se projetasse e fabricasse aqui no Brasil. Pelo menos o hull, que hoje é feito em grande parte na Ásia.

Qual o cronograma de desenvolvimento?

Agora depende muito do mercado.

Qual a previsão de custo para a construção da unidade?

Para o hull, a nossa estimativa é de US$ 200 milhões. Para o topside, ainda não podemos divulgar.

Os estaleiros brasileiros foram procurados para possíveis parcerias?

Já existem alguns estaleiros que teriam capacidade de fazer e estamos fazendo parcerias com eles, para poder viabilizar o projeto. Além disso, já contamos com alguns estaleiros para balizar nossa solução.

Apesar do foco inicial do projeto ser Libra, ele poderia ser replicado para outras áreas?

Na realidade, fomos ao máximo possível, mas, se pensarmos em 225 mil barris, é possível. Até para 40 mil seria interessante, na verdade.

Então é válido para águas rasas também?

Tem uma limitação de profundidade, mas, a partir de 300 metros, já é possível usar uma plataforma do tipo MCF. É viável até 3 mil metros de lâmina d’água.

Qual a economia prevista com o projeto em relação ao uso de FPSOs?

A gente avalia que, em relação ao hull, haja pelo menos 30% de economia comparando-se a um FPSO. Na parte do topside, ainda estamos avaliando.

O prazo de construção também é menor?

Na verdade, o que limita o tempo de construção de uma plataforma é o topside, então o tempo de hull não seria parâmetro limitante, de modo que o ganho de tempo de construção não é a principal questão, mas sim o Capex. Ainda assim, nossa previsão de tempo demandado para a construção do hull é de 12 meses.

Como seria feito o transporte e onde?

O hull seria levado em um navio e o topside inteiro em outro, com uma operação de mating (acoplamento) depois. Estamos estudando um lugar e achamos um em águas brasileiras, no litoral da Bahia, que tudo indica ser possível de se fazer. E, de lá, o transporte é feito por rebocadores até o local de operação.

Como seria o modelo de negócio para a comercialização desse projeto? Uma joint venture entre as empresas envolvidas?

Estamos montando um modelo de negócio para ofertar essa solução como um todo ao mercado. Ainda está sendo discutido, então não está definido. Estamos montando um modelo em que a gente possa entregar a plataforma inteira para o operador.  Pode ser financiada por ele, mas também estão sendo estudadas outras formas.

2
Deixe seu comentário

avatar
2 Comment threads
0 Thread replies
0 Followers
 
Most reacted comment
Hottest comment thread
2 Comment authors
GilbertoLuiz Antonio Mello Recent comment authors
  Subscribe  
newest oldest most voted
Notify of
Luiz Antonio Mello
Visitante
Luiz Antonio Mello

Parabéns Cíntia e equipe Chemtech !

Gilberto
Visitante
Gilberto

Realmente o custo é muito alto com diárias de sondas astronômicas. Projetos como esse é de suma importância, reduzindo custos e aumentando simultaneamente a produção. É preciso a retomada da confiança dos investidores e alavancar de vez a economia que será melhor para todos, Empresas, Empresários e Trabalhadores. Arregaçar as mangas, trabalhar e não ficar dentro de uma sala de diretoria com todas as mordomias tramando juntamente com Políticos como realizar o próximo roubo. Cambada de sanguessugas que não sabe o que é passar 14, 28, 60 ou mais dias trabalhando firme de domingo à domingo para manter a produção… Read more »