CEPEL ESTUDA CONDIÇÕES DE GERAÇÃO TERMOSSOLAR NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO | Petronotícias




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CEPEL ESTUDA CONDIÇÕES DE GERAÇÃO TERMOSSOLAR NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

Por Paulo Hora (paulo.hora@petronoticias.com.br) –

Coordenado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), o Projeto Helioterm tem o objetivo de instalar uma planta-piloto de geração termossolar com potência nominal de 1 MW na cidade de Petrolina (PE). De acordo com o pesquisador Eduardo Serra, assistente da Diretoria Geral do Cepel, a região do semi-árido é propícia à geração de energia termossolar por conta de suas características de radiação direta elevada e baixa concentração de partículas no ar. Desse modo, serão investidos de 13 a 14 milhões de dólares no projeto, que contará com as tecnologias inovadoras de cilindros parabólicos e de torre central.

Qual o objetivo do projeto Helioterm?

O Helioterm não é um empreendimento comercial. A Cepel, a Chesf e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão investindo em um projeto de pesquisa e desenvolvimento de uma planta-piloto de geração termossolar com potência nominal de 1 MW. Esse estudo visa estimular os fabricantes nacionais de componentes e a indústria de energia a investir nessa forma de geração.

O semiárido é uma região viável para a geração de energia termossolar?

A região do semiárido brasileiro tem as características favoráveis ao aproveitamento da energia termossolar, como radiação direta elevada e baixa concentração de partículas no ar.

O mesmo vale para a geração fotovoltaica?

Não. A geração de energia fotovoltaica já não precisa dessas condições. A radiação pode ser mais global, o tempo pode estar nublado. Por isso, é possível instalar usinas fotovoltaicas em diversas regiões do país. O importante é não aquecer demais o painel, mas isso é controlável, apesar de ser caro.

Em que lugar exatamente será instalada a planta-piloto?

Em um terreno a cerca de 30 km do município de Petrolina (PE). Foi feito um levantamento em várias regiões para verificar as condições de vento, acesso à rodovia, infraestrutura, entre outras.

Como funciona a tecnologia de cilindros parabólicos que será usada na geração termossolar?

A tecnologia funciona como um coletor de radiação. Os raios são concentrados pelo eixo do cilindro, um tubo com um fluido térmico aquecido pela radiação, que transfere calor para uma massa de água. O vapor gerado vai para uma caldeira, que transforma essa energia em eletricidade.

E a tecnologia de torre central para armazenar a energia produzida?

Esse sistema será implementado mais futuramente. A radiação solar será concentrada em um único ponto, diferentemente do coletor do cilindro parabólico, que utiliza um eixo. A temperatura do fluido utilizado, sal fundido ou ar, também é mais elevada.

Quanto é o investimento previsto para o projeto?

Antes de tudo, é preciso ressaltar que se trata de um projeto experimental, que não terá os valores de uma planta comercial. Serão investidos de 13 a 14 milhões de dólares. 

Há alguma empresa da cadeia industrial de energia interessada nesse projeto ajudando no financiamento das pesquisas?

O financiamento virá apenas da Finep e da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco. Por enquanto, no Brasil, não há muito interesse na energia termossolar. Isso pode mudar, justamente, com a demonstração de eficiência desse projeto.

A opção pela geração termossolar é mais viável em usinas de potências nominais semelhantes à planta-piloto do projeto (1 MW)?

Não. A produção em 1 MW é apenas para fins de pesquisa. No caso das plantas que usam a tecnologia de cilindros parabólicos, a potência nominal será de, pelo menos, 50 MW. Nos sistemas com a torre central, o mínimo será de 200 MW.

Em que prazo você estima que a energia termossolar se torne competitiva com as outras formas mais tradicionais de geração de energia?

A energia termossolar se tornará competitiva entre 2020 e 2030. Hoje o custo dessa energia ainda é bastante elevado e conta com subsídios na maioria dos países.

Como andam os processos de obtenção das licenças ambientais para o projeto?

Nós iniciamos o projeto com uma licença prévia do Governo. Depois que foi criada a Agência Municipal do Meio Ambiente em Petrolina, tivemos que recomeçar o processo de obtenção das licenças.

Existe alguma compensação ambiental que deverá ser feita por um eventual dano?

Em princípio, não. Uma planta termossolar não é poluente e não tem dejetos. Talvez surja uma exigência quanto à segurança, para prevenir que haja um vazamento de óleo térmico.

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