PROJETO ITER DE FUSÃO NUCLEAR QUE REÚNE 35 PAÍSES ENTRA EM UMA NOVA FASE
O projeto internacional Iter, no qual 35 países desenvolvem a fusão de hidrogênio para produzir energia limpa, deu um novo passo com o início da montagem de seu reator no sul da França. Este projeto foi iniciado por um tratado de 2006 e envolve 35 países – toda União Europeia (mais o Reino Unido), Suíça, Rússia, China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. A fusão se baseia na união de dois átomos de hidrogênio, produzindo um de hélio e um excedente de energia e não gera resíduos duradouros. Outra vantagem é que os combustíveis necessários para essa fusão, extraídos da água e do lítio, explicou o CEO da Iter, Bernard Bigot: “um grama de combustível libera tanta energia quanto oito toneladas de petróleo”.
O problema da fusão é que ela requer temperaturas e pressões, às quais nenhum material consegue resistir. Com isso, o processo deve ser confinado dentro de um campo magnético, algo que nunca foi feito antes. Nos últimos meses, vários componentes deste reator experimental, chamado Tokamak, (alguns deles da altura de um prédio de quatro andares e pesando muitas toneladas) foram trazidos da Índia, China, Japão, Coreia do Sul e da Itália. Os elementos estão chegando gradualmente, mas os milhões de peças desse quebra-cabeça tridimensional ainda precisam ser montadas. Este trabalho deve durar até 2024 e empregar 2.300 pessoas.
Especificamente, essa fusão será obtida elevando a uma temperatura de cerca de 150 milhões de graus uma mistura de dois isótopos de hidrogênio transformados em plasma, o quarto estágio da matéria. O Iter poderia começar a produzir plasma no final de 2025, ou no início de 2026, e o reator poderia atingir a potência máxima em 2035. Como reator experimental, Iter não vai gerar eletricidade. Na melhor das hipóteses, será necessário esperar até 2060 para ter a primeira conexão à rede elétrica de um reator de fusão derivado do Iter.
Para gerar eletricidade, esses futuros reatores comerciais simplesmente usarão o calor gerado nas paredes de seu Tokamak pelo bombardeio de nêutrons de fusão. Esse calor será evacuado através de um circuito de água pressurizada para fornecer, na forma de vapor, uma turbina e um alternador. Se conectado à rede, Iter produziria apenas 200 MW de eletricidade, o suficiente para abastecer cerca de 200.000 casas. Futuros reatores de fusão poderiam abastecer dois milhões de residências. Isso por um custo de construção e um custo operacional “equivalente ao de um reator nuclear convencional”, segundo Bigot.
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