PROMESSAS DE SANÇÕES AMERICANAS CONTRA QUEM COMPRAR PETRÓLEO DO IRÃ PODE CAUSAR UMA DESORDEM NA ECONOMIA MUNDIAL
Os Estados Unidos deixaram os nervos do mercado mundial de petróleo e gás a flor da pele. O petróleo subiu consideravelmente e continua em alta provocando uma bagunça nos preços. As sanções a partir do dia 1º de maio provavelmente comprimirá o suprimento global de petróleo em um momento em que já está sofrendo com as interrupções em três importantes países: Venezuela, Líbia e Nigéria. O preço do petróleo Brent já subiu para mais de US$ 74 o barril, o maior desde novembro passado. O presidente Donald Trump disse estar confiante de que uma crise na oferta pode ser evitada graças à produção extra da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, mas traders e empresas petroquímicas asiáticas estão céticos de que esses países cumpram plenamente. Nos últimos meses, a Arábia Saudita e outros membros da Opep reduziram drasticamente a oferta para corrigir seus temores de que a pesada produção de petróleo de xisto dos EUA e a demanda mundial por energia em declínio poderiam causar um excesso de oferta que prejudicaria os preços.
Em dezembro, a OPEP, juntamente com a Rússia e outros aliados, concordaram reduzir a produção em 1,2 milhão de barris por dia (bpd), em mais de 1%. Desde então, a Arábia Saudita reduziu a oferta em 800 mil bpd no total. Em março, o reino cortou a sua produção para de 9,82 milhões de barris por dia, a mais baixa em quatro anos. O Presidente Trump pediu à Opep para aumentar a produção, mas não teve sucesso. Os sauditas podem ser aliados próximos dos americanos, mas eles só agirão em conjunto com seus colegas da OPEP e muitos ao redor da mesa estarão receosos de arriscar a redução dos preços em um momento imprevisível para a economia global. Especialistas dizem que ninguém esquece quando os sauditas foram contra os interesses ocidentais no Embargo Árabe do Petróleo, em 1973, em resposta às políticas dos americanas com consequências globais semelhantes. Com o apoio do Ministro do Petróleo Iraniano, Bijan Zanganeh (foto), a Guarda Imperial Iraniana usará navios de guerra e submarinos no Golfo de Ormuz para impedir o tráfego de petroleiros. Por lá passam 30% do tráfego mundial de petróleo.
Para lembrar o presidente Richard Nixon descartou o padrão ouro, desvalorizando fortemente o dólar americano e depois apoiou os israelenses na guerra do Yom Kippur contra o Egito. Os preços do petróleo ajustados à inflação quase dobraram durante o embargo de cerca de US$ 26 por barril em 1973 para mais de US$ 46 por barril no ano seguinte, provocando ondas de choques econômicas em todo mundo. Na época, a economia brasileira sofreu consideravelmente.
A última ação dos Estados Unidos contra o Irã está piorando as coisas para a economia global em um momento em que já está sob pressão do aumento das taxas de juros e das guerras comerciais. Se toda a produção do Irã fosse removida, seria um grande problema, já que está longe de ser certo que todos os países aceitariam as sanções americanas. Qualquer aumento resultante nos preços do petróleo se espalhará para outros preços das commodities, levando a uma pressão inflacionária – particularmente em países afetados pelo fim da renúncia, como a Índia, onde a inflação já começou a subir. A Coreia do Sul, que é o segundo maior importador de petróleo do Irã depois da China, importa principalmente o condensado, uma forma ultra leve de petróleo usado para produtos petroquímicos como a nafta, que exporta para os países vizinhos. Se essas exportações de produtos petroquímicos caírem porque os preços coreanos não são mais competitivos, seus vizinhos terão que olhar para mais longe, criando um desequilíbrio comercial na região. Se a OPEP não se aproximar do limite, e o preço do petróleo continuar subindo, ele ainda pode se tornar o momento em que os temores de longa data em torno da saúde da economia mundial finalmente se cristalizam em uma desaceleração total.
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