PROMON COMEÇA 2017 MAIS OTIMISTA, MAS MANTÉM OS PÉS NO CHÃO ANTES DE COMEMORAR RETOMADA DOS NEGÓCIOS
A redução do mercado obrigou a Promon, uma das mais importantes e mais respeitadas empresas de engenharia do país, a se adequar a uma nova realidade, fechando inclusive o escritório no Rio de Janeiro, como o Petronotícias noticiou na semana passada. Apesar de todos os problemas, a empresa começou o ano com algum otimismo. Com uma expectativa melhor. Suas vendas nos primeiros dois meses do ano e início do mês de março já são maiores do que em todo o último semestre de 2016. Uma empresa de engenharia de projetos é a primeira a sentir a reação do mercado, muito embora a concretização desses projetos ainda necessitem de um tempo para sua realização. Nós fomos conversar com o presidente da Promon, Luis Eduardo Cardoso, profissional de grande experiência e credibilidade no mercado, sobre as perspectivas para o futuro da empresa:
– Como foi a decisão de fechar o escritório do Rio de Janeiro?
– Foi uma decisão dolorosa, porque é inegável que os investimentos estão parados. Nós tínhamos duas estruturas no Rio. Tivemos que fechar o escritório da Promon Engenharia no Flamengo, e concentrarmos as pessoas que não saíram da empresa no escritório do centro da cidade, onde funciona uma de nossas empresas, a Logicalis. Estamos compartilhando esse espaço, atendendo aos clientes e dando suporte através da matriz, em São Paulo. Como uma empresa de engenharia, estamos mais acostumados a estas mudanças que o mercado exige. Essas mudanças são mais comuns. Aproveitando esta mudança, estamos focando em nossa produtividade e competitividade. Além do escritório que está concentrando essas duas empresas do grupo, atuamos também em obras em outras cidades como Fortaleza, Candiota, Sergipe, Olímpia.
– Como está sentindo o mercado?
– Se você me perguntasse em janeiro, eu diria que estava pessimista. Foi um janeiro triste. Hoje eu estou mais otimista. Já estamos sentindo uma pequena retomada. Pequena, mas importante. Nós vendemos nesse período, de janeiro até este início de março, mais do que no segundo semestre de 2016.
– Que setor está reagindo?
– Um pouco de cada coisa. A parte importante vem da necessidade de melhorarmos a infraestrutura. Tem novas fábricas, o setor de energia, as novas linhas de transmissão, usinas térmicas, cana, álcool, saneamento. Os novos projetos estão pipocando.
– Recentemente a Petrobrás anunciou pequenas retomadas de obras, como a UPGN do Comperj. Mas ela só convidou empresas estrangeiras. Como o senhor vê este situação?
– Vemos com preocupação. Precisa mudar o foco. Não podemos sair de um extremo e ir para o outro. Não se trata de proteger as empresas nacionais, mas também não se pode proteger só as empresas estrangeiras. Nossas empresas têm qualidade e capacitação. Deve haver um equilíbrio. O clima emocional não ajuda. Não precisamos de um tratamento diferenciado, mas igualitário. É melhor para o Brasil. Não me parece o mais apropriado só convidar as estrangeiras. Mas acho que a Petrobrás vai entender e corrigir. Claro, não podemos produzir tudo aqui. Uma ou outra coisa precisa vir de fora. Não sou favorável à reserva de mercado. Nós temos como ser competitivos. E somos. Temos os problemas trabalhistas, mas temos capacidade de atuação e competência.
– Acredita, então, numa retomada em 2017 e 2018?
– Hoje me sinto mais confortável, mas com toda cautela. Daqui a seis meses, não sei. A engenharia de projetos sente primeiro as retomadas. Os projetos estão nascendo, mas a sua concretização é uma outra história. Nós fazemos projetos de engenharia, mas também fazemos gestão de obras, EPC. Se olharmos a demanda de engenharia, de infraestrutura, podemos ficar otimistas. Para a concretização de grandes projetos, a demora é de um a dois anos a partir de sua concepção. O país precisa voltar a crescer e é preciso apostar neles para atrair os investimentos. Por enquanto ainda é pouco. Mudar o cenário para caminhar e resolver os problemas. Não consigo avaliar com os meus pares como um todo, mas com quem conversei senti mais otimismo.
– Estão pensando em ir para a OTC, em Houston ?
– Ainda não conversamos sobre isso. A princípio, não. Não temos uma avaliação final, mas não temos planos.
Muito Bom saber que esta empresa está otimista.Empresas de genuínas de Engenharia deverão ter muito cuidado com as empreiteiras que somente sabem fazer muito bem montagens, construção pesada. A empresa construtora deverá estar sempre subordinada aos requerimentos técnicos elaborados pela empresa de Engenharia, temos exemplos muitos claros que as empresas donas do EPC, aparentemente compra, o melhor e mais barato, antes de ser elaborado o Projeto, quando sabemos que não é. Temos muitos empreendimentos que estão parados, porque foram feitos sem ter nem Projeto Básico, ou Projeto Flexível (este tipo de argumento não existe)
Na prática mesmo, vamos continuar sentados, esperando e torcendo. O problema é: quem vai investir aqui sem estabilidade política? Só se for louco ou desconexo com a realidade. Fora isso, as atitudes como a quebra do conteúdo nacional nos empurram ladeira abaixo.
Espero que sua citação na lava jato não atrapalhe os negócios, conservando sua cultura e valores.