PRYSMIAN DIVERSIFICA ATUAÇÃO NO BRASIL E AMPLIA SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO EM ÓLEO E GÁS À ESPERA DA RETOMADA
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A tão aguardada retomada dos investimentos no setor de óleo e gás brasileiro tem diversas faces e para cada empresa pode significar uma previsão diferente. No caso da Prysmian, que fornece principalmente cabos especiais para o segmento, os novos leilões de 2017 vão demorar a gerar novos negócios, já que a fase de compra desse tipo de material só costuma ocorrer quando as plataformas já estão com mais de 50% da construção concluída. Como após a aquisição das áreas ainda haverá um longo período de exploração, até lá a empresa precisa se readaptar à nova realidade do mercado, que já vem desde os últimos dois anos, quando a companhia diversificou mais sua atuação no Brasil e passou a prestar mais serviços de operação e manutenção no setor de óleo e gás. O diretor de energia da Prysmian, João Carro Aderaldo, conta que alguns destaques para o curto prazo são os setores de telecomunicações, de autoconstrução e de transmissão de energia, que vêm recebendo um volume maior de investimentos, mas ainda tem grandes expectativas com a área de petróleo. “Acreditamos e apostamos que o mercado de óleo e gás vai voltar a investir no País (…), mas não no curto prazo”, diz.
Como avalia o cenário do setor de óleo e gás em 2017?
No mundo, existe um otimismo um pouco maior em relação à área de óleo e gás, com alguns novos projetos, o preço do barril subindo um pouco, de modo que as pessoas estão novamente dispostas a investir.
No Brasil, ainda é uma incógnita, porque caiu muito o nível de investimento. Até o que estava em andamento está parado agora, inclusive com estaleiros fechando e devolvendo pedidos.
Qual a expectativa no Brasil para este ano?
A expectativa é em relação às novas regras de partilha, de licitações de blocos, conteúdo local, etc. Mas nada disso é realidade ainda. Os leilões ainda não aconteceram, e depois de acontecerem ainda tem um tempo significativo até gerar retorno para a indústria.
Nós, que fornecemos cabos, por exemplo, entramos numa fase muito final da operação, então sabemos que não teremos negócios logo em seguida para essas áreas. Para se ter ideia, uma plataforma precisa estar entre 50% e 60% pronta para começar a comprar os cabos, então a expectativa para esse ano ainda é muito baixa em óleo e gás.
O que vemos como volume ainda é de operação e manutenção, reparos e pequenas expansões aqui e ali, tanto em refinarias quanto em exploração e produção.
Quais as principais oportunidades vistas pela empresa no segmento?
No Brasil, existe muita expectativa mais para frente, em função dessas questões que mencionei. Acreditamos e apostamos que o mercado de óleo e gás vai voltar a investir no País. Temos uma planta de umbilicais em Vila Velha, dedicada a plataformas offshore, e esperamos no que ainda vem pela frente, mas não no curto prazo.
No mundo, os investimentos já estão sendo retomados, mesmo que aos poucos.
Como está a operação em Vila Velha nesse cenário de paralisação nacional em óleo e gás?
É uma planta específica para o mercado offshore e existem alguns contratos em andamento, mais de reparos, substituição de peças e manutenção, que justificam a continuidade da operação, mas o que não vemos é um grande volume de investimentos no curto prazo. São pequenas coisas que mantêm a operação da planta.
Tem estaleiros que têm plataformas e sondas em estágio avançado de construção e faltam algumas definições, então existe potencial para que as coisas aconteçam. Acredito mais na recuperação do mercado de óleo e gás no Brasil a partir de meados de 2018.
A participação do setor de óleo e gás tem crescido no faturamento da empresa em 2016?
A participação de óleo e gás foi bastante significativa até 2014, mas desde então houve uma queda, principalmente no Brasil. Em 2015, nosso faturamento global foi 7,3 bilhões de euros, mas em 2016 ainda não saiu. Deve sair em fevereiro.
A crise nacional levou a empresa a fazer mudanças no planejamento relacionado a este segmento? Quais?
Não. O que houve foram ajustes necessários em algumas plantas em função da redução de volume de encomendas. Mesmo porque no mundo há outras divisões, ainda que óleo e gás seja uma área muito importante. Tanto que em 2016 tivemos um crescimento em termos gerais, apesar da redução em óleo e gás.
No entanto, no Brasil a situação geral é bem mais complicada do que no resto do mundo.
Quais os principais contratos atualmente?
Não posso mencionar clientes, mas o que posso dizer que começou bem em 2017 foram as distribuidoras de energia, que já estão com bons volumes de encomendas. Temos muita expectativa em relação à área de transmissão, porque tem muitos projetos de geração ficando prontos e as novas regras são bastante atrativas. Então acreditamos que haverá investidores interessados em transmissão.
E outra área que tem se destacado é eólica e solar, apesar do cancelamento do último leilão de reserva. No segmento de solar, até pelos custos, os projetos vão acontecer. Não tem como segurá-los. São complementares, mas em lugares onde há uma necessidade maior, como para o fornecimento direto nos pontos de consumo.
Qual a estratégia de atuação da Prysmian no Brasil para os setores de óleo e gás e elétrico daqui para frente?
O planejamento é seguir explorando as oportunidades, desenvolver e trabalhar em ofertas cada vez mais competitivas e inovadoras, que tragam vantagens para os clientes. O setor de cabos é bastante competitivo, então precisamos explorar nossos diferenciais. Acreditamos agora também no mercado de construção, porque o financiamento de pequenas reformas lançado pelo governo deve impulsionar esse mercado de autoconstrução no Brasil.
Estamos trabalhando e investindo bastante na estrutura de distribuição e penetração no Brasil, que é um país difícil de se cobrir, com segmentação de canais, para podermos estar em todas as cidades com mais de 50 mil habitantes, para explorar o potencial desses investimentos.
Para se ter ideia, o mercado de material de construção caiu 12% ano passado, mas em dezembro, que foi o mês de anúncio desse cartão, o mercado subiu 2%, segundo a Abramat. Então é um mercado que esperamos que se movimente mais.
Outra área que está indo bem, até direcionando alguns dos nossos investimentos no Brasil, é a parte de telecomunicações, que está movimentando muitos investimentos, tanto as grandes operadoras, quanto os pequenos provedores de internet pelo país afora.
Pode detalhar esses novos investimentos?
Não são somas tão expressivas. São mais voltados a algumas novas máquinas e contratação e formação pessoal novo. Esses novos focos, em relação a material de construção e integradores de internet de pequeno porte, são mais nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, porque o Sul e o Sudeste já são mais consolidados, então queremos explorar esses investimentos em regiões mais difusas.
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