QUEDA DO PREÇO DO PETRÓLEO PODE AFETAR CADEIA DE BENS E SERVIÇOS VOLTADA AO PRÉ-SAL | Petronotícias




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QUEDA DO PREÇO DO PETRÓLEO PODE AFETAR CADEIA DE BENS E SERVIÇOS VOLTADA AO PRÉ-SAL

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Graça Foster, presidente da Petrobrás.As sucessivas quedas no preço do petróleo nos últimos dias começaram a desenhar um novo cenário no mercado brasileiro, principalmente para a Petrobrás e, consequentemente, para a cadeia de fornecedores. Por um lado, o barril chegando a cerca de US$ 85, como não acontecia há quatro anos, acabou com a defasagem do preço da gasolina em relação ao mercado internacional, o que poderá ajudar a estatal a fortalecer seu caixa. Por outro, a queda do preço vai de encontro às projeções da petroleira e às bases estipuladas por ela para a realização de seus investimentos no pré-sal. No plano de negócios 2014-2018, divulgado na primeira metade do ano, a presidente Graça Foster indicava que a empresa pretende investir ao todo US$ 220,6 bilhões no período, mas a base de investimentos era calcada em um preço do petróleo muito mais alto do que o praticado atualmente. Com a grande redução do valor do barril, uma das principais consequências no mercado brasileiro deverá ser o aperto dos preços na cadeia de bens e serviços, complicando ainda mais a vida dos fornecedores da estatal, que passam por um dos momentos mais complicados dos últimos anos.

O plano de investimentos da Petrobrás destaca principalmente a área de exploração e produção, que ficou com a grande maioria dos recursos: US$ 153,9 bilhões (70%). Desse total, US$ 82 bilhões seriam somente para a exploração e o desenvolvimento da produção nas áreas do pré-sal, sem contar a parcela voltada a infraestrutura e suporte. Para financiar esses investimentos, várias premissas eram levadas em conta, como o crescimento da geração de caixa operacional – fruto do aumento da produção projetado, e que vem sendo realizado efetivamente  –, e a convergência de preços de derivados, ainda que não vislumbrasse a paridade em 2014. No entanto, uma das premissas, que agora se mostra longe da realidade, era o preço do barril de petróleo do tipo brent estimado em US$ 105. Distante do valor que vem sendo negociado, ele passa a ser um problema para o planejamento da estatal em relação à sua projeção de investimentos nos próximos anos, que previa sim uma queda no preço, mas estimava o valor decrescendo a US$ 100 até 2017 e a US$ 95 a partir de 2018. Também nesse cenário, um atenuante é a previsão de queda do dólar, que era previsto em R$ 2,23 em 2014, abaixo dos cerca de R$ 2,40 atuais, mas a diferença ainda não é suficiente para compensar a redução de geração de caixa com os barris produzidos a preços menores pela companhia.

Em junho deste ano, a presidente Graça, durante palestra na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, afirmou que o breakeven do barril de petróleo do pré-sal variava em torno de US$ 41 e US$ 57, comparando-o com os preços dos recursos não convencionais, como o tight oil dos Estados Unidos e o óleo produzido nas areias betuminosas do Canadá, que variam, segundo ela, de US$ 50/barril a US$ 88/barril. Nas contas da Agência Internacional de Energia (AIE), o breakeven do óleo não convencional produzido nos EUA fica majoritariamente (em 82% dos casos) em cerca de US$ 60 ou menos, enquanto 16% ficam entre US$ 60 e US$ 80, com apenas 2% passando a barreira dos US$ 80. Ainda que não inviabilize as atividades, a grande queda do preço do barril afeta fortemente a geração de caixa das petroleiras no mundo, e a Petrobrás não foge ao padrão.

Muitos países começaram a se preocupar com a situação e até membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), como Venezuela e Irã, demonstraram sinais de que esperam uma alta do preço do barril para não sofrerem um impacto muito grande nas finanças. Nos bastidores, as articulações têm se dado para que a Arábia Saudita dê algum sinal de que reduzirá sua produção – atualmente em cerca de 9,7 milhões de barris por dia –, mas o governo do país não respondeu a essas indicações, dando a entender que aceitará a queda dos preços até US$ 80, ou um pouco menos, pelos próximos dois anos, se negando a tomar medidas sozinho. O recado é: caso outros membros da OPEP queiram que haja uma redução na produção de petróleo mundial, terão que agir também.

Para o Brasil, a notícia não é boa. Apesar de levar à paridade internacional o preço dos derivados, o valor baixo do barril deve afetar as prestadoras de serviço do setor offshore, com impacto nos contratos de afretamento e de operação de plataformas, influenciando também os subfornecedores, gerando um efeito em cadeia.

RISCO ABAIXO DOS US$ 60

Questionada sobre a possibilidade de ter que reduzir a marcha de exploração do pré-sal por conta deste novo cenário, a Petrobrás preferiu não responder às questões do Petronotícias. No entanto, alguns executivos do setor deram suas visões sobre a questão. Para o vice-presidente da Barra Energia, Cesar Cainelli, a situação não deve gerar atrasos na exploração, mas pode sim levar a uma redução nos preços dos serviços.

Cesar Cainelli, vice-presidente de exploração da Barra Energia.

Cesar Cainelli, vice-presidente de exploração da Barra Energia.

“É muito difícil o pré-sal ser afetado, porque ele tem uma produtividade por poço muito alta, com poços produzindo mais de 20 mil barris por dia, o que está mostrando que em alguns casos são necessários menos poços do que o previsto para determinados FPSOs. Para se tornar antieconômico, teria que baixar muito o preço. Agora, todo mundo regula seus custos com o preço do petróleo. No momento em que começa a descer muito, os aluguéis das sondas e os serviços também descem”, afirmou.

Cainelli afirma que o preço do barril entre US$ 85 e US$ 90 não assusta o mercado brasileiro em termos de reavaliação da produção, lembrando que a diferença será apenas no lucro. “Se houver uma queda drástica, o brent a 60 dólares, por exemplo, aí sim certas coisas têm que ser repensadas”, diz.

De fato, alguns planejamentos da Petrobrás em relação ao número de poços a serem perfurados no pré-sal precisaram ser refeitos, como indicou Cainelli, conforme a produtividade na região se mostrou maior do que o esperado. A própria Graça contou, na palestra de junho, que o projeto piloto do campo de Lula foi um caso assim, em que o FPSO Cidade de Angra dos Reis havia sido projetado para receber a produção de sete poços, mas com apenas quatro atingiu sua capacidade máxima de 100 mil barris por dia.

Ainda assim, as contas da empresa estimam, a partir do plano de negócios 2014-2018, que a maior parte de seus investimentos estão calcados na geração de caixa, sendo US$ 182,2 bilhões oriundos do fluxo de caixa operacional (após dividendos) e de desinvestimentos. Com a queda do preço do barril, o impacto nessa conta, caso os valores se mantenham nesse patamar, será inevitável, gerando naturalmente uma pressão maior sobre os preços de bens e serviços.

O presidente da Ecopetrol no Brasil, João Guilherme Clark, também acredita que essa queda não deve afetar a exploração do pré-sal, já que a atividade continua gerando lucro, e não vê grandes impactos no país enquanto o preço se mantiver acima de US$ 80, mas concorda que o cenário deve influenciar a cadeia de fornecimento.

“Com certeza para a Petrobrás é um impacto, mas quando acontecem essas baixas, os custos de serviços costumam diminuir também. Não é imediato, mas tem uma relação próxima. O fato é que o óleo está lá e os investimentos vão ser feitos. Isso impacta a capitalização da Petrobrás e de toda empresa que produz muito, mas não fará com que haja parada de produção. O lucro será menor, mas ninguém vai deixar de produzir por causa disso”, afirmou.

João Clark, presidente da Ecopetrol no Brasil.

João Clark, presidente da Ecopetrol no Brasil.

Tanto Clark quanto Cainelli pontuaram as mesmas causas para este patamar do preço do barril, como o crescimento da produção do shale e tight oil nos Estados Unidos, a China tirando o pé do acelerador, a Europa com índices de crescimento baixos, entre outros, afirmando que não acreditam numa baixa muito além do que está.

“A Arábia Saudita e outros produtores querem defender a parcela deles no mercado, até desestimulando sistemas de produção que têm um breakeven superior. As areias betuminosas do Canadá sofrem com isso, dependendo de quanto baixarem, mas ainda é muita especulação. Isso é pra dar medo no mercado. Tem que lembrar que eles (a Arábia Saudita) também precisam de dinheiro”, afirma Cainelli.

LEILÕES DE PARTILHA

Uma das preocupações que surgem no mercado, fruto principalmente dos termos do marco regulatório do pré-sal, que obriga a Petrobrás a ser a operadora de todos os blocos na região, é a possibilidade de os preços baixos atrasarem ainda mais novos leilões de partilha. Como a geração de caixa ficará menor na área de exploração e produção da estatal, mesmo com a paridade internacional dos preços dos derivados, o governo, caso continue a linha que vem sendo dada, pode levar mais anos para voltar a fazer um leilão contemplando o pré-sal, como o de Libra, realizado no fim de 2013. Até agora, não há uma definição oficial de novas rodadas da ANP neste sentido, mas a possibilidade de a Petrobrás ter novas dificuldades de caixa já leva apreensão a investidores que esperam poder adquirir novos blocos no país.

O próprio secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Almeida, afirmou, durante a Rio Oil & Gas, em setembro, que o governo não pretende fazer um calendário de leilões como pleiteia a indústria, alegando que não poderia sobrecarregar a cadeia de bens e serviços. No entanto, o que se tem visto na indústria atualmente, com reclamações de muitas grandes empresas fornecedoras do segmento, é a falta de novos contratos no horizonte.

O volume de reservas do pré-sal ainda não é um número definido oficialmente, mas o que todos sabem é que de fato há muito petróleo. O presidente da PPSA, Oswaldo Pedrosa, em debate sobre a área de Libra, no mês de julho, chegou a dar um número sobre o pré-sal, mas não detalhou as estimativas. Na ocasião, apontou que as reservas da camada estavam entre 28 bilhões e 35 bilhões de barris de petróleo, provavelmente referindo-se tanto às avaliações da área de Libra, quanto às da Cessão Onerosa e seus excedentes. O número, que pode ser ainda maior com futuras áreas a serem leiloadas, vai requerer um volume monstruoso de investimentos, e a capacidade de capitalização da Petrobrás será fundamental nesse quadro, já que ela terá que arcar com pelo menos 30% de todos os novos investimentos que surgirem, além dos 40% em Libra e dos 100% na Cessão Onerosa e excedentes. Resta saber se o preço do petróleo no mercado internacional continuará baixando e quais serão os futuros impactos que isso pode gerar na indústria brasileira. Neste sentido, uma frase de João Clark pode ter significados importantes em relação aos caminhos que o país poderá seguir:

“O Brasil não vai deixar de produzir o petróleo por falta de capacidade de investimentos da Petrobrás”.

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Prezados amigos do Petronotícias; a muito tempo, nós, simples mortais da classe Brasileira vimos escutando esta choradeira da Petrobras sobre o desequilíbrio comercial entre o preço da gasolina nacional com o preço da gasolina no exterior e que devido a uma política de regulação forçada pelo governo federal para não impactar a inflação, a Petrobras se via impedida de fazer reajustes neste produto (gasolina). Ora; eu nuca vi e não vejo esta tal diferença desfavorável, muito pelo contrário, a nossa gasolina é muito mais cara que a gasolina no exterior, senão vejamos: o preço de 1 litro de gasolina nos… Read more »