RAFAEL GROSSI ASSUME SEGUNDO MANDATO À FRENTE DA AIEA NA ABERTURA DA 67ª CONFERÊNCIA DA AGÊNCIA, EM VIENA

O diretor geral Rafael Mariano Grossi abriu hoje (25), em Viena, na Áustria, a 67ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) dizendo que as pesquisas de opinião mostram que a “maré está mudando” nas atitudes públicas em relação à energia nuclear, mas os países “ainda precisam envolver as partes interessadas de forma aberta e proativa” em seus programas de energia nuclear. O discurso de abertura do evento da agência, Grossi destacou o progresso positivo das iniciativas da organização utilizando tecnologia nuclear em áreas de combate às alterações climáticas, bem como no tratamento do câncer, doenças zoonóticas, alimentação, segurança e poluição: “Nosso trabalho para ampliar o acesso à ciência e tecnologia nuclear que afirmam a vida está acontecendo num contexto de mudanças sísmicas em nosso clima. As terríveis consequências do aquecimento global estão se tornando cada vez mais aparentes, desde incêndios florestais na América do Norte, até o aquecimento cúpulas, secas e inundações na Ásia, Europa, América Latina e África. A nossa emergência climática é inegável, mas também é inegável a nossa capacidade de fazer algo a respeito”. A sessão de abertura da conferência teve ainda o juramento de Grossi para um segundo mandato de quatro anos como diretor-geral da AIEA.

Falando 70 anos após o discurso Átomos pela Paz, do então presidente dos Estados Unidos, Dwight  Eisenhower, às Nações Unidas, que abriu o caminho para a criação da AIEA, Grossi lembrou que esta continua a implementar as suas salvaguardas e trabalho de segurança:  “Nos últimos anos não temos falado o suficiente sobre os benefícios da energia nuclear, mas essa página foi virada. Mesmo que as pesquisas de opinião pública em todo o mundo mostrem que a maré está mudando a favor da energia nuclear, os países ainda têm necessidade de envolver as partes interessadas de forma aberta e proativa nos seus programas de energia nuclear. São necessários esforços e ações concentrados”.

Grossi destacou o trabalho do pessoal da agência na Ucrânia, onde especialistas estão trabalhando em todas as centrais nucleares do país. Já houve 10 rotações de pessoal na central nuclear de Zaporizhzhia, que tem estado sob o controle dos militares russos. desde o início de março de 2022. Grossi disse que a situação continua “frágil”. Numa atualização publicada na sexta-feira( 23), a AIEA informou que já foram perfurados 10 poços de águas subterrâneas “colocando a central perto de ter uma solução a longo prazo para o fornecimento de água de refrigeração” desde a destruição da barragem de Kakhovka, em junho. Grossi afirmou que deverá ser perfurado um 11º poço, após o qual os operadores da central esperam ter “aproximadamente 250 metros cúbicos de água por hora para manter o arrefecimento dos reatores e das piscinas de combustível irradiado no atual estado de desligamento”.

Representantes dos 177 Estados-Membros da AIEA participarão no evento, que começou hoje (26) e vai até a próxima quarta-feira (28), quando os delegados discutirão uma série de tópicos, desde o orçamento de 2024 até ao reforço das atividades relacionadas com a ciência, tecnologia e aplicações nucleares, bem como as atividades de segurança e proteção nuclear da AIEA, além do reforço à eficácia e à melhoria das salvaguardas da Agência. Discutirão também especificamente a segurança nuclear, a proteção e as salvaguardas na Ucrânia, no Oriente Médio e na Coreia do Norte. A  Representante Permanente da Tailândia nas Nações Unidas, Vilawan Mangklatanakul, foi eleita presidente da Conferência Geral.