REIVE BARROS DIZ QUE É MUITO GRANDE A CHANCE DO PNE 2050 ORIENTAR A CONSTRUÇÃO DE ATÉ SEIS USINAS NUCLEARES
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Às vésperas do lançamento do Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Reive Barros, disse que é “muito grande” a chance do documento definir a necessidade de se construir até seis usinas nucleares no Brasil ao longo dos próximos 30 anos. “Nesse novo PNE 2050 ainda estamos reavaliando [a quantidade de usinas]. Mas eu diria que a probabilidade de se manter esse número de seis usinas é muito grande. Eu não posso adiantar essa informação porque são avaliações feitas em nossos modelos de planejamento”, declarou em entrevista ao Petronotícias. Esta é uma sinalização importante para as empresas internacionais que não estão apenas interessadas em concluir Angra 3, mas também desejam participar de possíveis novas centrais nucleares brasileiras. O PNE 2050 é um estudo fundamental para o planejamento de longo prazo do setor energético do país, avaliando tendências na produção e no uso da energia e balizando as estratégias alternativas para expansão da oferta de energia nas próximas décadas. Bastos comenta também sobre a postura do governo de tratar a fonte nuclear como “âncora”, ressaltando que seus benefícios vão muito além da questão de geração de energia. “Esse programa nuclear é fundamental, não só do ponto de vista energético, mas principalmente para a área de medicina e de agricultura. Hoje, de certa forma, é uma decisão de governo. É uma decisão estratégica”, afirmou.
Gostaria que o senhor nos falasse um pouco do papel que a fonte nuclear terá dentro do PNE 2050.
Nós devemos publicar o PNE 2050 no dia 10 de dezembro deste ano. Esse plano vai dar uma visão nesse horizonte. Consequentemente, deverá definir a quantidade de usinas nucleares que serão implantadas nos próximos 30 anos. Estamos fazendo avaliações que, com certeza, indicam a necessidade de se manter um programa nuclear brasileiro.
Já existe uma sinalização de que o plano pode definir até seis novas usinas. Esse número está confirmado?
Se consideramos o Plano Nacional de Energia de 2030, já estava definido o número de seis novas usinas. Então, nesse novo PNE 2050 ainda estamos reavaliando [a quantidade de usinas]. Mas eu diria que a probabilidade de se manter essas seis usinas é muito grande. Eu não posso adiantar essa informação porque são avaliações feitas em nossos modelos de planejamento.
Ou seja, a tendência é que a fonte nuclear deverá ter uma presença maior no planejamento?
O mais importante é que existe uma decisão estratégica no Brasil para que possamos manter um programa nuclear. E é importante desmistificar a questão nuclear. Porque em nossos planos decenal e nacional, não temos nenhuma dificuldade em dizer quantas hidrelétricas, eólicas, solares e térmicas serão implantadas. Da mesma forma, precisamos também informar à sociedade quantas usinas nucleares implantadas.
Quais as vantagens para o país a partir dessa decisão?
A usina nuclear é uma âncora. Por trás de uma usina nuclear, existe todo um desenvolvimento científico e acadêmico. O Brasil é um dos poucos países que dominam o ciclo do combustível nuclear. Ou seja, nossa posição é uma fortaleza. E o fato de só a Marinha ter mantido esse programa fez com que o fato de não ter uma usina [em construção], fez com que ficássemos, de certa forma, um pouco atrás em relação ao resto do mundo. Então, esse programa nuclear é fundamental, não só do ponto de vista energético, mas principalmente da área de medicina e de agricultura. Hoje, de certa forma, é uma decisão de governo. É uma decisão estratégica.
Quero dizer mais: quando você implanta uma usina nuclear, temos, a princípio, os custos um pouco mais elevados. Mas quando você precisa observar sob o ponto de vista de fator de efetividade dessa usina. Quando você analisa que elas são instaladas próximas da carga, isso garante maior segurança elétrica. Significa dizer quando você faz essas avaliações, comparadas com qualquer outra fonte, a nuclear se mostra também competitiva. E não deixa de ser também uma energia limpa.
Que circunstâncias motivaram o governo a elevar o grau de prioridade da fonte?
O Brasil tem uma oferta muito grande de fontes de geração de energia. A preocupação que nós temos, como definidor de políticas públicas, é assegurar uma distribuição quase que equivalente na utilização dessas fontes. Até porque sabemos que por trás de todas elas, existe toda a questão socioeconômica, além das questões de tecnologia e de seus atributos.
As usinas hidráulicas são essencialmente nacionais – não só a engenharia, mas os produtos, fabricantes, etc. É fundamental que essa indústria seja mantida. A usina solar, por sua vez, que está chegando ao Brasil, também precisa ser mantida, porque existe toda uma cadeia de produção e de geração de emprego e renda. Em relação à eólica é a mesma coisa. Então, quanto à fonte nuclear não poderia ser diferente. Existe toda uma indústria nuclear que precisa ser mantida para que possamos gerar emprego e renda de alta qualificação.
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