REPORTAGEM SOBRE CONCLUSÃO DE ANGRA 3 DISTORCE DADOS E PROVOCA REAÇÃO DA ELETRONUCLEAR | Petronotícias




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REPORTAGEM SOBRE CONCLUSÃO DE ANGRA 3 DISTORCE DADOS E PROVOCA REAÇÃO DA ELETRONUCLEAR

Angra-3-FOTO-e1385153496875-300x264Um reportagem do Estado de São Paulo com o futuro ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Costa, nesta terça-feira(11) acabou dando dados imprecisos passando uma imagem errada sobre a construção da Usina Nuclear de Angra 3. A matéria comparou custos de fontes que não podem ser comparadas criando uma distorção nas informações. Para o futuro ministro, mesmo com a retomada do crescimento econômico, não há risco de apagão em um primeiro momento. Mas como o plano é que o País atinja um crescimento continuado, ele vê necessidade de se investir em Angra 3. Reconhece, no entanto, que nem a União nem a Eletrobrás têm recursos suficientes para a conclusão da planta nuclear, que está paralisada e com menos de 60% de execução.

A reportagem diz que “Angra 3 teria capacidade de 1.405 megawatts. A hidrelétrica de Teles Pires, por exemplo, tem potência de 1.820 megawatts e custou R$ 3,9 bilhões. Com o custo total de Angra 3, portanto, seria possível construir seis hidrelétricas de Teles Pires, com uma geração total de 10.920 megawatts.” O presidente da consultoria PSR, Luiz Barroso, também foi ouvido e disse que um  estudo recente da empresa mostra que a energia gerada por Angra 3 poderia ser substituída por usinas solares e ainda assim o custo seria menor.

A matéria teve uma reação imediata da Eletronuclear que divulgou a seguinte nota, que reproduzimos na íntegra:

“ A Eletrobrás Eletronuclear que, em nenhum momento foi consultada sobre esta reportagem, vem se posicionar quanto ao teor das informações publicadas na referida matéria:

 1 – “Angra 1 e 2 respondem por apenas 1,3% da energia consumida no país.” Esses números se referem a capacidade instalada e não ao consumo. Como as usinas termonucleares tem um fator de disponibilidade muito superior a outras fontes, a participação efetiva de Angra 1 e 2 na matriz elétrica brasileira é de 2,5% como atesta o Balanço Energético Nacional 2018 (ano base 2017), emitido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e disponível neste endereço. Vale ressaltar que as usinas brasileiras estão entre as melhores do mundo em termos de confiabilidade e disponibilidade, segundo dados da World Association of Nuclear Operators (Wano), batendo sucessivos recordes de produção. Além disso, Angra 1, 2 e, futuramente Angra 3 ocupam uma área pequena, cerca de 1,5 km2, e não produzem gases de efeito estufa;

2 – Comparação de custos de construção de Angra 3 com a usina de Telles Pires. Trata-se de uma comparação absolutamente sem sentido uma vez que são projetos de natureza diversa e cumprem papéis diferentes na matriz elétrica brasileira, a saber. Ao contrário das hidrelétricas, como Teles Pires que dependem do regime de chuvas, usinas nucleares como Angra 3 tem alto fator de capacidade produzindo a plena potência praticamente o ano todo. O fator de capacidade médio das hidrelétricas brasileiras é de 0,55 enquanto o das nucleares é superior a 0,9%.

 


Hidrelétrica Telles PiresHidrelétrica Telles Pires

Além disso, Angra 3 está estrategicamente instalada junto aos principais centros de consumo do país (RJ, SP e MG) cumprindo um papel

 

fundamental na estabilização do sistema elétrico da região Sudeste, favorecendo usinas que dependem de longas linhas de transmissão como é o caso de Telles Pires situada entre o Pará e o Mato Grosso do Sul. A comparação de valores proposta na matéria também não leva em consideração custos indiretos causados pela barragem como o alagamento de florestas e áreas produtivas; o deslocamento de populações; emissão de CO2 e outros impactos ambientais que inexistem no caso de Angra 3.

Por último, a reportagem afirma que com o custo de Angra 3 seria possível fazer seis usinas de Telles Pires, ignorando completamente que a construção de usinas hidrelétricas não acontece em série, uma vez que dependem da existência de recursos naturais específicos.

3 – “A construção de Angra 3 vai aumentar o custo da energia ao consumidor.” A Eletronuclear publicou um estudo recentemente, desconsiderado pela reportagem, que demonstra que, mesmo com sua tarifa reajustada para R$ 480/Mw, Angra 3 reduziria os valores pagos pelo consumidor. Por se tratar de uma energia mais barata que as demais térmicas, a entrada em operação de Angra 3 hoje permitiria que usinas com tarifas superiores a R$ 700/Mw fossem desligadas gerando uma economia anual de cerca de R$ 900 milhões.
xcxO estudo está disponível neste link.

4 – “Angra 3 poderia ser substituída por usinas solares com menor custo.”  Novamente, a matéria confunde o leitor ao comparar fontes de energia diversas sem levar em conta suas características. Energia de fonte nuclear é considerada energia de base, firme, que pode ser demandada pelo Operador Nacional do Sistema a  todo momento. Fontes alternativas como solar e eólica dependem de condições propícias para produzir e dependem de complementação térmica de outras fontes como gás natural, diesel, etc.

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