RESSONÂNCIA MAGNÉTICA PROMETE MELHORA PRODUTIVA NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS | Petronotícias




faixa - nao remover

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA PROMETE MELHORA PRODUTIVA NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) – 

Mauricio Arouca - Foto: Divulgação CoppeApesar da crise financeira que vive atualmente o setor de petróleo no Brasil, o desenvolvimento de novas tecnologias desponta como um sinal de que ainda há muito a se progredir no ramo. A aplicação de novas técnicas representa um investimento a longo prazo de grande importância para as companhias que visam se manter competitivas em um futuro próximo. A utilização de ressonância magnética para monitoramento de poços de petróleo constitui um novo campo que, segundo o coordenador do Programa de Planejamento Energético da Coppe-UFRJ, Maurício Arouca, pode levar as empresas do setor a ampliarem suas capacidades produtivas e reduzirem perdas na produção. Arouca atualmente está envolvido com um projeto relacionado ao tema e estima que o laboratório montado para estes testes e estas pesquisas deve demandar cerca de R$ 10 milhões no total. Além disso, o pesquisador ressalta que até julho deve ser definido o plano estratégico do projeto e prevê que as atividades comecem de fato em seis meses.

Quais as vantagens que podem ser obtidas, em termos de pesquisa, com o uso da ressonância?

A ressonância permite uma melhor análise da matéria orgânica da rocha de petróleo. Uma rocha tem dois planos: o estrutural e o orgânico. Enquanto o uso de raios-X permite captar dados de componentes estruturais, como ferro e aço, a ressonância nos permite entender o que se passa dentro da rocha, a quantidade de água, gás, e saber como está o escoamento de petróleo. Isso é importante para entender o perfil geológico da rocha e sua capacidade em termos econômicos.

Qual deve ser o impacto do uso dessa tecnologia no mercado de petróleo e gás?

O impacto para o ramo do petróleo é muito grande, já que qualquer técnica que aumente até 1% a produção já se vende sozinha para as empresas do setor. É interessante para elas também porque, ao utilizarem a ressonância em operações, podem antever eventuais problemas na rocha e tomar providências antecipadamente. Assim, são evitadas possíveis paralisações e, consequentemente, perdas econômicas no processo produtivo. A ressonância magnética permite também que seja monitorado o fluxo de escoamento, processo chamado de aplicação em fluxo contínuo. Com esse método, é possível saber o que está passando de material dentro do tubo de extração, se é petróleo, gás ou outra coisa. Assim, é possível que sejam tomadas as medidas cabíveis para cada caso.

Como foram realizados os testes com o equipamento? Houve a escolha de algum campo específico para a retirada das amostras de rochas?

Foram feitas demonstrações e testes com rochas no Coppe, que já apresenta muitos trabalhos nessa área. Essas rochas, chamadas rochas-testemunho, são fragmentos extraídos no processo de exploração de poços, e são muito utilizadas pelo setor de química da universidade para distinguir e caracterizar materiais orgânicos, portanto não foi necessário que retirássemos de um campo.

Como se dará na prática a parceria entre o laboratório e a Petrobrás?

A parceria já existe para a introdução dessa técnica no setor de petróleo, e o equipamento foi comprado em parte com recursos da empresa. A Petrobrás já atua na busca por técnicas voltadas para o escoamento, e poderá ir além, fazendo uso da tecnologia para outros fins. É necessário formar engenheiros voltados para essa área que se busca desenvolver, envolvendo os estudantes na operação desses equipamentos. A ressonância magnética é uma tecnologia nova no mundo, em todos os campos: apenas uma empresa no mundo, a Schlumberger, atua no setor de petróleo com essa tecnologia. Então é preciso formar profissionais especializados em utilizações específicas da ressonância, para que haja adequação às variadas demandas das empresas desse setor.

Qual deverá ser o total investido ao longo do projeto?

Desde o desenvolvimento do know-how, ou seja, do conhecimento da técnica, até a construção de equipamentos, acredito que tenham sido somados R$ 10 milhões. A UFRJ investiu R$ 180 mil para a criação do laboratório e da estrutura do equipamento, e agora o Coppe vai conceder bolsas a alunos da universidade para o estudo dessa área, com apoio da Petrobrás. O custo para desenvolver projetos específicos, de acordo com demandas de empresas interessadas, foi de aproximadamente R$ 3 milhões. E os processos de adaptação a rochas de diferentes tamanhos e tipos totalizaram cerca de R$ 500 mil.

Quando o equipamento começará a ser aplicado em poços de petróleo?

O laboratório irá definir até julho um plano estratégico para precisar os acessórios que ainda devem ser desenvolvidos para projetos específicos. Esperamos estar botando o barco para navegar em até seis meses. O momento atual é de conhecimento e pesquisa das diversas aplicações que podemos desenvolver com essa tecnologia.

Deixe seu comentário

avatar
  Subscribe  
Notify of