REUNIÃO SOBRE PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS ENVOLVE LULA E TRÊS MINISTROS CONTRA O PRESIDENTE DA PETROBRÁS
Dois temas das conversas de bastidores aqui na Feira de Petróleo de Mossoró despontam no início do evento. O primeiro deles é a pressão que as siderúrgicas brasileiras estão impondo ao governo para aumentar as alíquotas de importação do aço, principalmente aqueles que vem da China e da Turquia. O outro assunto é a reunião de daqui a pouco entre o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente Lula, no Palácio do Planalto. A reunião para discutir a queda nos preços dos combustíveis está marcada para às 15 horas. É uma queda de braço que revela a força interna de uma espécie de eminência parda dentro da companhia e o ministro Silveira. O que se fala é que o presidente da companhia manda, mas não manda muito. Mesmo sendo o maior executivo da empresa, existem normas internas que ele precisa cumprir e se submeter. E dentro delas está a questão da comissão de licitação, que é praticamente independente, faz o que quer e não dá satisfação à ninguém, e a comissão que estuda o mercado, analisa e decide a variação dos preços dos combustíveis. E esta comissão, embora o preço do barril esteja se estabilizando em patamar mais baixo, ainda não se decidiu pela redução. Ainda há muita expectativa em função da guerra entre Israel e o seu combate diuturno contra os terroristas do Hamas. E se o conflito estender, com o envolvimento de outros países árabes, o petróleo poderá subir novamente. E a Petrobrás não quer pressa e usa a prudência para esperar. Mas o governo quer. E aí é que mora o perigo.
O mercado, sempre ele, este vulto abstrato que comanda tudo, tem uma leitura especulativa para a reunião desta tarde. Há muitos especialistas que jogam lenha na fogueira e buscam influenciar a mídia em benefício próprio. A especulação de alguns colunistas, influenciados por este grupo especial que quer um mercado nervoso, solta balões que ficam voando sobre os preços das ações bolsa de valores. Agora, a bola da vez é a cabeça de Prates que está sendo oferecida na bandeja das especulações. O Presidente da Petrobrás está atendendo à sua comissão, que aguarda mais firmeza no preço do petróleo, evitando ficar descendo o preço dos combustíveis para depois subir imediatamente. O governo quer que o preço caia para que os índices econômicos melhorem e a economia, quase estagnada, possa voltar a caminhar.
Na queda de braço entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o Palácio do Planalto parece estar ao lado de Silveira, que acredita também que a estatal já poderia ter reduzido os preços, diante da queda da cotação do petróleo no mercado internacional. Lula chamou os dois para dizer, “ olha, vamos ser amigos, apertem as mãos, não quero colocar ninguém de castigo, mas vejam lá o que estão fazendo.”
Para esta mesma sala, o presidente também convocou os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda). Eles também querem em primeiro lugar a queda dos preços, mas, em segundo lugar, a cabeça de Prates. “Já está na hora de puxarmos a orelha de novo da Petrobrás”, chegou a publicar, na semana passada, no X, antigo Twitter, o ministro de Minas e Energia sobre a queda do preço dos combustíveis. Aqui pra nós, ele não faria isso sem as costas quentes. Lula sabe disso e reuniu os quatro e vai ficar fora do ringue nesta luta que promete ser de vale tudo.
Toda esta confusão, repercutiu também na Federação Única dos Petroleiros, que divulgou uma nota esta manhã, alertando “com preocupação para mais uma articulação política visando o controle da Petrobrás, num movimento prejudicial à própria empresa, aos trabalhadores, ao governo e sobretudo ao povo brasileiro”. A declaração é do coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, que se manifestou contra as pressões a atual a administração da Petrobrás, que, no entender de Bacelar, está sendo submetida: “fazem parte de tentativas de um bloco parlamentar para ampliar poder.” A avaliação é compartilhada também pelo presidente da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT), Geralcino Teixeira. Segundo ele, a Petrobrás é “a maior empresa do país, estratégica, não deve ser envolvida em situações de busca de espaço de poder dentro do governo”.
O resultado dela revelará para o mercado se há união ou desunião no coração do governo. E isso o mercado adora. O ambiente perfeito para que o vulto fantasmagórico volte assombrar os incautos. Um vulto que o ex-ministro Delfim Netto, chamada de ” Lobo da Quinta-feira.” Na época, quando a semana ia terminando, sempre aparecia alguma notícia que virava escândalo para o mercado especulativo. Quem vai ganhar esta luta ? Quem viver, verá.
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