RÚSSIA ASSUME QUATRO REGIÕES DA UCRÂNIA E INCORPORA A MAIOR CENTRAL NUCLEAR DA EUROPA COM SEIS REATORES NUCLEARES
O presidente da Rússia, Vladmir Putin, assinou a incorporação de 15% do território Ucraniano, depois do parlamento de o país aprovar o resultado do referendo popular organizado nas regiões Donetsk e Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson. Isso significa que a Central Nuclear de Zaporizhzhia, que tem seis reatores, a maior da Europa, e a maior fornecedora de energia elétrica para os ucranianos, também foi incorporada pela Rússia. O anúncio foi feito hoje (5) em Moscou. “O presidente Vladimir Putin assinou quatro leis constitucionais sobre a entrada das Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, regiões de Zaporizhzhia e Kherson na Federação Russa“, informou a câmara baixa do parlamento. A assinatura do líder russo foi a etapa final do processo legislativo. As duas câmaras do parlamento russo já ratificaram o plano.
A incorporação da Central Nuclear de Zaporizhzhia, é um quebra cabeça complicado. Não será assim tão simples. A prisão do chefe da central nuclear na última sexta-feira(30/9), Ihor Murashov (foto à esquerda), e a sua posterior libertação poucos dias depois, como o Petronotícias noticiou, pode estar relacionada com esta estratégia. Na verdade, esta central é fundamental para o abastecimento de energia elétrica das quatro regiões anexadas. O governo russo deverá passar o controle da central nuclear para sua estatal Rosatom, que projetou e construiu os seis reatores. Mas mesmo assim, não será uma tarefa simples. Muito provavelmente todos os reatores passaram por desenvolvimentos, adaptações de projetos, com novos equipamentos. Além disso, precisaria de uma operação russa e não mais ucraniana, além do cumprimento de todos os aspectos legais e a aprovação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que é um órgão da ONU. Rafael Grossi, diretor geral da AIEA, vai ter muita dor de cabeça para tentar soluções plausíveis. Muito provavelmente os russos já previam chegar nesta situação, quando assumiram o controle da central nuclear.
Para lembrar, a transferência de propriedade de usina nuclear de uma empresa para outra não é uma coisa inédita. Por exemplo, há alguns anos, todas as usinas nucleares britânicas, foram transferidas para a francesa EDF, numa operação de compra. E a EDF criou uma empresa, a EDF Energy, uma operadora no Reino Unido. Importante que, neste caso, não houve nenhuma mudança na estrutura operacional, que já vinha da empresa anterior britânica, que operava estas usinas. Houve uma mudança de propriedade, administrativa e de gestão, mas não do ponto de vista operacional e segurança. Neste caso a transferência da estatal ucraniana Energatom para a Rosatom, traz uma circunstância especial e problemática. Não se espere as mesmas condições do que ocorreu no Reino Unido com este caso. Dificilmente ocorrerá. Dificilmente todos os operadores profissionais permanecerão e a Rosatom terá que fazer esta recomposição com profissionais experientes. Mas, como é conhecido no meio, cada usina é uma usina. Por mais experientes que os operadores sejam, vão pegar uma usina que eles não conhecem ainda. Será um processo de transição bastante difícil que tem que ser visto com muito cuidado do ponto de vista da segurança. Esta é a maior preocupação que se tem.
A anexação, considerada ilegal pela comunidade internacional, ocorre em meio à contraofensiva de Kiev para retomar as regiões, com a expulsão de militares russos de parte delas. A Ucrânia informou ter retomado dezenas de localidades, incluindo oito vilarejos em Kherson. Moscou reconheceu avanços dos ucranianos. O Kremlin informou ainda que precisa determinar as fronteiras finais do território anexado. De acordo com o parlamento da Rússia, que as pessoas que vivem nas regiões anexadas receberão passaportes russos, o Banco Central da Rússia supervisionará a estabilidade financeira e o rublo russo será a moeda oficial.
Kiev e seus aliados ocidentais dizem que a tentativa de anexação da Rússia é uma apropriação ilegal de terras e nunca será reconhecida, com a Ucrânia dizendo que seu exército vai recapturar qualquer território ocupado por forças russas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que seus militares fizeram grandes e rápidos avanços contra as forças russas na semana passada, recuperando dezenas de cidades em regiões do sul e leste que a Rússia declarou anexadas: “Só nesta semana, dezenas de centros populacionais foram liberados. Estes estão nas regiões de Kherson, Kharkiv, Luhansk e Donetsk”.
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