RÚSSIA JÁ PLANEJA AUMENTAR A PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO E ESPERA ABASTECER A EUROPA NOS PRÓXIMOS DEZ ANOS
A Rússia está enxergando a produção de hidrogênio como um grande negócio. O primeiro-ministro, Mikhail Mishustin (foto à esquerda), já determinou a criação de um Grupo de Trabalho sobre o tema. A fonte está sendo vista como uma tentativa de responder às demandas de transição energética em seus principais mercados de exportação de energia na Europa e na Ásia. A Rússia já é a nação que mais fornece gás para toda Europa e Ásia. Isso resultaria na produção do chamado hidrogênio azul – que usa captura e armazenamento de carbono (CCS) – em vez de hidrogênio verde, onde a energia renovável é usada para alimentar o processo de eletrólise que divide a água em hidrogênio e oxigênio.
O novo grupo de trabalho inclui os presidentes e vice-presidentes dos principais produtores de gás russos Gazprom e Novatek, e dos produtores de petróleo Rosneft e Gazprom Neft, bem como representantes de várias outras grandes corporações estatais russas e ministérios relacionados, mas não inclui representantes de outros produtores privados de petróleo russos, como Lukoil, Surgutneftegaz e Tatneft. O grupo de trabalho será chefiado pelo vice-primeiro-ministro responsável pelas questões de energia, Alexander Novak (foto à direita). Por vários anos, a Gazprom tem pesquisado a opção de misturar hidrogênio em suprimentos de gás e recentemente reiterou a possibilidade de que uma das duas linhas de seu próximo gasoduto submarino Nord Stream 2 para a Alemanha possa ser reaproveitada para transportar hidrogênio em cerca de 10 anos.
O maior produtor independente de gás da Rússia, Novatek, tem liderado os esforços em direção à mudança, tendo assinado vários acordos no início deste ano para considerar CCS, produção de amônia e geração de energia eólica em seus projetos de gás natural liquefeito na Península de Yamal. A Rosneft e Gazprom Neft já usam hidrogênio há muito tempo em suas refinarias, o chamado hidrogênio cinza. Mas, as duas empresas disseram que também estão trabalhando em opções de energia eólica e solar para reduzir sua pegada de carbono.
A criação deste grupo de trabalho estava prevista no ano passado, depois que Mishustin aprovou o roteiro do país para promover o desenvolvimento da produção e exportação de hidrogênio. O roteiro não faz distinção entre hidrogênio verde, azul e cinza, observam analistas do setor em Moscou. Isso reflete a visão russa de que o país deve estar pronto para considerar todas as maneiras possíveis de obter uma participação maior nos futuros mercados de hidrogênio na Europa e na Ásia, à medida que suas exportações de petróleo e gás para o continente começarem a diminuir. As autoridades esperam que novas instalações de produção de hidrogênio na Rússia entrem em comissionamento já em 2023. Eles serão seguidos por unidades experimentais para produzir hidrogênio a partir da água, usando fontes de energia nuclear e renováveis, prometeram as autoridades.
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