SEBRAE DESENVOLVE PROGRAMA DE APOIO TECNOLÓGICO A 30 EMPRESAS COM FOCO NA ÁREA SUBSEA

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Antonio Batista - Sebrae O Sebrae passou por ameaças de corte do Governo Federal recentemente, mas continua dando grande apoio à área de óleo e gás, e conta com diversos projetos paralelos de fortalecimento das pequenas e médias empresas. No momento, um dos destaques, segundo o coordenador da área de petróleo e gás da instituição, Antonio Batista, é um programa de apoio a 30 empresas de pequeno porte para o desenvolvimento e o aprimoramento tecnológico na área subsea. Batista conta que fizeram um levantamento do mercado, identificaram lacunas de fornecimentos na rotina dos grandes contratantes e depois buscaram empresas que se encaixassem no perfil necessário para atender a essas demandas, com o devido acompanhamento para que elas atinjam o ponto ideal de estrutura e qualificação para lidarem com esse mercado. Com o objetivo de ampliar o escopo do projeto e levá-lo ao conhecimento de mais representantes do setor, o Sebrae marcou um workshop sobre as cláusulas de P&D da ANP para a próxima semana, no dia 18, onde o programa também poderá ser abordado.

Além disso, o órgão liderou uma missão à OTC, junto com a ONIP, com a participação de mais de 30 empresas brasileiras na última semana, e conseguiu agendar uma série de reuniões entre grupos estrangeiros e as companhias nacionais. “Nos últimos quatro anos, o maior interesse foi desta vez, apesar do momento vivido no país. As empresas do Canadá, de Singapura e da Inglaterra foram as que mais se destacaram, demonstrando maior interesse”, conta.

Quais os principais projetos que o Sebrae vem desenvolvendo no momento para impulsionar a indústria de petróleo do Brasil?

O Sebrae se posiciona no setor de óleo e gás fazendo uma articulação entre o mercado comprador, ou seja, junto às grandes companhias, com o objetivo de inserção de empresas de pequeno porte na cadeia de fornecimentos. Fazemos parcerias tanto com as contratantes – operadoras, EPCistas, grandes fornecedores etc – com o objetivo de inserir empresas fornecedoras de bens e serviços. Para que esses objetivos sejam alcançados, nós temos diversas ações, como nossa diretriz de informação, onde fazemos um trabalho de levantamento de lacunas ou itens em que essas empresas têm dificuldade em definir fornecedores.

Quais as principais lacunas que o Sebrae vem identificando?

Temos observado espaços na área de serviços de apoio a operação e manutenção na indústria de petróleo. Ligado tanto a parte de subsea como topside, com demandas recorrentes de fornecedores que atuam nessas áreas. Acredito que também pelo momento que vive a indústria nacional, com foco maior na operação do que em novos investimentos. Então surgem lacunas em diversos segmentos, tanto em itens e serviços que atuam direto na plataforma, como manutenção industrial e inspeção, quanto em itens de suporte, que incluem hotelaria, alimentação, vestimentas industriais, tecnologia de informação etc. O foco do Sebrae tem sido trabalhar com esses fornecedores para gerar um mercado imediato.

Quais os principais projetos que estão sendo desenvolvidos para facilitar essas pequenas empresas do setor?

Nós temos atuado de forma segmentada, com atividades com empresas que atuam no subsea, onde o objetivo maior é qualificar, principalmente, em questões tecnológicas essas empresas. Esse área ainda tem grandes desafios a serem vencidos, e o Sebrae, em parceria com a Onip e a Firjan, tem um conjunto de ações para desenvolver tecnologia e aumentar a competitividade no setor subsea. Há um grupo de empresas hoje participando desse projeto.

Qual a atuação do Sebrae nesse processo?

A principal ação é baseada em um estudo sobre a tecnologia atual da empresa e identificação dos gaps de tecnologia com o que está sendo demandado. Então o Sebrae fornece um suporte técnico para que a empresa faça o upgrade da tecnologia. Esse processo inclui prototipagem, certificação ou homologação do produto junto a laboratórios específicos, além de toda uma articulação com o mercado.

Em que fase está o projeto?

São 30 empresas participando do projeto e ainda estamos na fase de execução física, com 30% do processo já concluído. Até o final do ano, esperamos que esses produtos estejam prontos para ir ao mercado. O principal é que estamos preparando empresas para se sustentem no mercado, pois vão estar na fronteira da tecnologia. É um belo trabalho para que o cluster de petróleo funcione.

Existe um plano de ampliar esse projeto?

A continuidade dele é o nosso plano. Ao final do ano vamos reavaliar, mas até o momento tem sido bem satisfatório. Queremos aumentar esse número, mas um grupo de 30 empresas é bastante significativo. Trabalhar desenvolvimento de tecnologia no Brasil é sempre algo muito restrito, com dificuldades, então ficamos satisfeitos com o que está acontecendo.

O que devem fazer outras empresas que se mostrarem interessadas em participar do projeto?

Ao longo do ano iremos organizar workshops tecnológicos. No próximo dia 18 de maio teremos um sobre a cláusula P&D da ANP, no Rio de Janeiro. A ideia é convidar empresas para esses eventos e aproximá-las do Sebrae e da Onip. Nessas oportunidades nós podemos identificar novos entrantes, quem tem potencial e acaba por ter um conhecimento mais amplo, sugerindo novas trajetórias tecnológicas.

O que as empresas precisam fazer para participar?

Primeiramente, elas precisam estar disponíveis para receber nossos técnicos, para fazerem uma avaliação do nível de tecnologia atual dessas empresas, identificando pontos fortes e lacunas. Essa consultoria é subsidiada pelo Sebrae e pela Onip, com a empresa participando apenas nos gastos em um ativo para ela.

Quais as impressões e os resultados da missão do Sebrae na OTC deste ano?

Fizemos um trabalho junto a diversos consulados – Inglaterra, Escócia, Noruega, Singapura, Israel, Estados Unidos, Coréia e Canadá – e cruzamos os interesses das empresas desses países com das empresas brasileiras. O ponto positivo é que as empresas desses países se colocaram dispostas a criar parcerias com as nacionais, de todos os tipos. Algumas querem ir para o Brasil explorar o mercado a partir de uma empresa já instalada, outras querem transferir tecnologia. Enfim, o Sebrae está apostando muito nessas agendas que aconteceram ao longo da semana passada para criar oportunidades para as 33 empresas que estiveram na missão brasileira. É apenas parte de um processo de internacionalização das nossas empresas, que vai além de exportar, mas significa também vínculos de todos os tipos.

Há uma mudança no interesse de empresas estrangeiras por brasileiras nos últimos anos?

Nos últimos quatro anos, o maior interesse foi desta vez, apesar do momento vivido no país. Acreditamos que alguns fatores estão colaborando nesse sentido. Temos o câmbio e a facilidade que um parceiro cria com todo o conhecimento do mercado local como principais fatores para esse aumento de procura. As empresas do Canadá, de Singapura e da Inglaterra foram as que mais se destacaram, demonstrando maior interesse.

Após essa apresentação, qual será o papel do Sebrae nesse processo?

Tanto Sebrae como os consulados ficarão dando apoio a questões jurídicas, suporte técnico para facilitar trâmites de formalização de uma parceria, de qualquer natureza. 

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