SEGUNDO MAIOR PRODUTOR MUNDIAL DE GÁS DE EFEITO ESTUFA, ÍNDIA APOSTA EM TECNOLOGIA NUCLEAR PRÓPRIA PARA GERAR ENERGIA
A Índia é o segundo maior contribuinte mundial para os gases do aquecimento global, atrás apenas da China. Um país com uma enorme demanda por eletricidade, está intensificando seus investimentos em busca de energia renovável, sustentável e limpa. Recentemente a Índia divulgou seus planos para fechar mais de 30 minas de carvão e está constantemente se distanciando desta fonte e naturalmente precisando de uma alternativa. Enquanto o país trabalha para desenvolver suas fontes de energia renovável, talvez sua maior conquista tenha vindo da energia nuclear. Por 15 anos, os cientistas nucleares da Índia têm trabalhado em uma gigantesca instalação nuclear em Kalpakkam, uma cidade às margens da Baía de Bengala, perto de Chennai. Ao contrário da maioria das instalações, este é um reator nuclear de reprodução rápida, uma tecnologia que a Índia vem trabalhando para aperfeiçoar por 27 anos, começando com uma instalação experimental chamada Reator de Teste de Reprodução Rápida (FBTR).
Os reatores produtores rápidos são diferentes das usinas nucleares convencionais porque os nêutrons que sustentam a reação em cadeia atômica viajam em velocidades mais altas. Este tipo de reator é capaz de gerar mais combustível do que consome, um comportamento normalmente tornado possível pelo urânio elementar. Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica explicou que “Os reatores podem ajudar a extrair até 70% mais energia do que os reatores tradicionais e são mais seguros que os reatores tradicionais, reduzindo em muito o lixo radioativo de longa duração”. O urânio não é comum na Índia, mas o país tem a segunda maior reserva de tório, então o Protótipo de Reator Rápido (PFBR), em Kalpakkam, usa hastes desse elemento.
Antes do PFBR da Índia, o único reator nuclear de rápido desenvolvimento comercial era a Usina Nuclear de Belovarsk, na Rússia, localizada nos Montes Urais. No entanto, o reator de reprodução rápida da Rússia utiliza urânio elementar, de modo que o da Índia é verdadeiramente único. A China também está buscando um programa semelhante, mas sua tecnologia está mais de uma década atrás da Índia. Outros países, como o Japão e a França, também tentaram desenvolver suas próprias tecnologias de criadores rápidos, mas não tiveram sucesso por motivos técnicos e de segurança. No entanto, Arun Kumar Bhaduri, diretor do Centro Indira Gandhi de Pesquisa Atômica, disse que a tecnologia é segura: “Os reatores de reprodução são muito mais seguros do que a atual geração de usinas nucleares. Com o PFBR, a Índia é pioneira em um tipo de tecnologia nuclear que poderia potencialmente ser a maior fonte de energia renovável do país. Esse é um grande passo, especialmente porque a fissão nuclear continua sendo o único tipo de reação nuclear que conseguimos manter, embora os esforços para viabilizar a fusão nuclear ainda estejam em andamento.”
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