SEGURANÇA DE FOSTER EM DEPOIMENTO AO SENADO AFASTA MEDO DE CPI

A participação da presidente da Petrobrás, Graça Foster, na audiência pública no Senado Federal nesta terça-feira, reverteu a expectativa de que a empresa iria se desgastar ainda mais. Pelo contrário. Foster deixou a impressão de dominar o assunto, de conhecer a empresa em seus detalhes e saber exatamente o que está certo e errado dentro da companhia. Não se eximiu em admitir os erros cometidos, mas, pela primeira vez, apontou em público a responsabilidade do ex-diretor internacional, Nestor Ceveró, como o responsável direto pelas informações truncadas que basearam o conselho a se decidir pela compra de Pasadena, sem conhecer inteiramente os riscos do negócio. Ela começou a falar pouco depois da dez horas e, com apenas cinco minutos de intervalo, só terminou quase às cinco da tarde.

Com sua firmeza habitual, Foster se mostrou segura o tempo inteiro e isso parece ter intimidado a maioria dos senadores, mesmo os de oposição, que acabaram repetindo as mesmas perguntas e mostraram pouca inspiração para arguir a presidente da Petrobrás. Apenas no final houve um certo nervosismo, depois que o Senador Mário Couto, do PSDB, acusou o marido de Foster de ter contratos com a estatal conseguidos de forma irregular. Graça foi contundente ao negar a informação.

A insistência de alguns senadores ao tentarem responsabilizar a presidente Dilma pela decisão errada de comprar a refinaria de Pasadena acabou provocando uma defesa veemente de Foster:

“O Conselho que decidiu comprar  Pasadena é o mesmo conselho que estava lá quando o pré-sal foi descoberto. Que aprovou  os investimentos que proporcionaram esta descoberta. Naquele momento foi um bom negócio, pelas margens que se apresentavam e pelos planos da companhia de fazer um revamp para processar o óleo pesado. Mas, com a crise americana, o panorama mudou e, hoje, sabemos que não foi um bom negócio e que é muito difícil que o investimento se pague”,  concluiu.

A confiança da presidente Foster lavou a alma dos funcionários da empresa e parece ter devolvido a autoestima  ao pessoal. O Ambiente nos corredores da Petrobrás era de satisfação com o seu depoimento. Desde o início das denúncias de corrupção, do envolvimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa com possíveis  desvios de dinheiro em processos fraudulentos, a maior parte dos funcionários ficou descrente. Mas a força com que Graça defendeu a empresa certamente fará com que a crença na companhia seja retomada. Para ela, é preciso melhorar a governança para se evitarem problemas de corrupção e desvios internos.

Graça Foster prometeu um crescimento de 7,5% da produção de petróleo da companhia em 2014 e admitiu uma dívida de US$ 268 bilhões:

“É uma dívida inteiramente administrável. É uma dívida de crescimento, de investimento, que vai se refletir em novos negócios.”

Sobre conteúdo local, Foster disse que irá cumprir a legislação em vigor, mas não deixou de criticar a indústria naval. Ela quer mais empenho das empresas para não haver atraso na produção de petróleo. Recentemente, o Petronotícias publicou uma informação firme sobre a decisão da companhia em não atender a exigência de conteúdo nacional na construção de um FPSO para o campo de Tartaruga Verde, que ainda está para ser licitado. Neste momento, há conversações com empresas brasileiras e estrangeiras para a construção desta plataforma. A fala de Foster hoje no Senado pode trazer um alívio para a cadeia de fornecedores do Brasil, esperançosa em participar desta licitação.