SEM DINHEIRO DO BNDES, ARGENTINA PODE TER QUE ENTERRAR PROJETO VACA MUERTA ATÉ QUE PAÍS POSSA RESTABELECER CRÉDITO INTERNACIONAL

Neste momento só o Brasil para decidir se o projeto da exploração de Xisto Vaca Muerta, no sul da Argentina, vai ser enterrado ou não. A declaração da Secretária de Energia argentina, Flávia Royon, há alguns dias, antecipando o que seria um acordo entre Lula e o Presidente Alberto Fernandes, para liberação de US$ 689 bilhões do BNDES para a construção de um gasoduto até Buenos Aires, acabou por enterrar de vez a vaca que já estava morta. Ninguém quer emprestar dinheiro para a Argentina com medo de calote. Um possível acordo do Brasil, na calada da noite,  com Fernandes, via BNDES, que também não sabia de nada, tinha sido costurado, mas acabou por trazer à tona um empréstimo absurdo que o Brasil faria (ou fará?) no governo Lula. Se fizer, terá os olhos do Congresso abertos para impedir, porque seria mais uma loucura petista que produziria um novo calote internacional, só para beneficiar um governo esquerdista amigo.

A crescente produção de xisto da Argentina em Vaca Muerta, uma formação que rivaliza com a Bacia Permiana dos Estados Unidos, corre o risco de ficar sem gasoduto. O governo argentino está correndo para construir uma infraestrutura: um novo e importante gasoduto deveria entrar em operação em meados do próximo ano. Só falta o dinheiro para construir tudo isso. Vontade e discurso, estão de pé. A formação, no sul da Patagônia argentina, tem o tamanho da Bélgica. Possui a segunda maior reserva de gás de xisto do mundo e o quarto maior depósito de óleo de xisto. Ela pode se tornar um importante fornecedor global de gás enquanto o mundo busca alternativas para a Rússia, cuja indústria de energia foi fortemente sancionada por causa da invasão da Ucrânia.

No terreno, na cidade-chave de xisto de Vaca Muerta, em Anelo, os sinais de tensão são claros. As estradas de cascalho vermelho permanecem não pavimentadas e muitas casas não estão conectadas ao esgoto e à água. Um problema para trazer novos trabalhadores de petróleo e gás necessários para impulsionar o boom. O governo está promovendo um projeto de lei de GNL que deveria atrair investimentos em todo o setor, garantindo a estabilidade a longo prazo. Também está focada na construção do gasoduto Nestor Kirchner de Vaca Muerta até perto de Buenos Aires, que poderia aumentar a capacidade total de transporte em um terço, mas a falta de crédito é crucial. O governo tem ambições de atrair investimentos de cerca de US$ 10 bilhões em usinas de liquefação para converter seu gás em GNL com o objetivo de alcançar exportações de gás de cerca de US$ 15 bilhões até 2027. As usinas, essenciais para exportar gás para o exterior, levam anos para serem construídas. São necessários para melhorar e expandir também os portos para exportação de petróleo.