SETOR DE ENERGIA DO BRASIL PODE GERAR ATÉ US$ 25 BILHÕES EM CRÉDITOS DE CARBONO, DIZ CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
O setor de energia no Brasil tem um potencial de gerar até US$ 25 bilhões em créditos de carbono até o final desta década, em um cenário otimista. Esta é uma das conclusões de um novo estudo produzido pelo capítulo brasileiro da Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil). Ainda segundo a pesquisa, desenvolvida em parceria com a WayCarbon, o foco de investimentos para a geração desses créditos deveria girar em torno de repotenciação das hidrelétricas, eólicas offshore, usinas solares flutuantes, cogeração, etanol de segunda geração, biocombustíveis avançados e hidrogênio verde. Para a diretora-executiva da ICC Brasil, Gabriella Dorlhiac, as oportunidades mapeadas no estudo não devem ser deixadas de lado pelo país.
“O estudo que desenvolvemos nos mostra claramente os benefícios econômicos e, consequentemente, sociais e ambientais que os mercados de carbono podem trazer para o Brasil. É uma oportunidade que não podemos deixar passar. E ainda soma-se a isso, especialmente neste ano de COP, o custo que o país terá em não reconstruir sua credibilidade junto à comunidade internacional”, declarou.
A pesquisa contou também com o apoio de seis empresas: Suzano, Microsoft, Shell, Natura, Bayer e bp. O estudo concluiu que o potencial total de geração de receitas com créditos de carbono até 2030 para o Brasil ficaria em torno de US$493 milhões e US$ 100 bilhões. Isso seria equivalente a 1 gigaton (1 bilhão de toneladas de CO2 equivalentes) ao longo da próxima década para os setores de agro, floresta e energia.
Os chamados créditos de carbono são instrumentos econômicos que visam a diminuição dos gases de efeito estufa. A cada tonelada reduzida ou não emitida desses gases, gera-se um crédito de carbono. Dessa forma, um país ou empresa recebe um crédito quando consegue reduzir suas emissões, a depender das metodologias envolvidas. Esses créditos, por sua vez, podem ser negociáveis no mercado. A pesquisa da ICC Brasil indica ainda que, na próxima década, o Brasil poderá suprir de 5% a 37,5% da demanda global do mercado voluntário e de 2% a 22% da demanda global do mercado regulado no âmbito da ONU.
“O estudo da ICC-WayCarbon é extremamente oportuno, tanto pelo debate que o mundo trava atualmente em torno da necessidade de reduzir emissões de gases de efeito estufa, quanto porque aponta objetivamente as oportunidades para o Brasil no mercado de carbono”, disse o presidente da Shell Brasil, André Araujo. “Não é novidade o potencial estratégico do nosso país na atração de investimentos para uma economia de baixo carbono, mas precisamos traduzir isso em soluções. Por isso, estudos como este trazem informações técnicas fundamentais que sustentam a urgente necessidade de ação para políticas de valorização dos nossos recursos, aqui por meio do mercado de carbono”, completou o executivo.
A bp, outra petroleira que também apoiou o trabalho, acredita que o Brasil tem potencial para tornar-se o principal ator na jornada global rumo à neutralidade. “As oportunidades de redução de emissões oferecem ao país uma condição única de poder cumprir seus compromissos climáticos e também ajudar outros países e instituições a cumprirem os seus, captando recursos importantes para o desenvolvimento econômico, social e a preservação ambiental”, afirmou o Head of Communications & Advocacy da bp Brasil, Celso Fiori. “Para isso, temos uma etapa fundamental dessa jornada a ser realizada, que é o avanço da regulamentação do Acordo de Paris durante a COP26”, concluiu.
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