SETOR DE TUBOS DE POLIETILENO MIRA NO MERCADO DE GÁS NATURAL PARA ALAVANCAR NEGÓCIOS | Petronotícias




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SETOR DE TUBOS DE POLIETILENO MIRA NO MERCADO DE GÁS NATURAL PARA ALAVANCAR NEGÓCIOS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Mauricio Mendonça de Oliveira (6)O Brasil amanheceu nesta segunda-feira (29) com um novo presidente eleito. Com a definição das eleições, começa a expectativa de como será a condução econômica da gestão que começa em 2019. Muitos esperam, por exemplo, por mudanças no setor de gás natural, com a redução da participação e do domínio da Petrobrás neste segmento. No caso da Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE), a entidade torce por uma evolução maior na área de gás e, dessa forma, poderá aumentar a oferta desse tipo de tubulação para esse nicho de negócios. “O mercado de gás natural não se alinhou na mesma velocidade que nossa capacidade instalada. Então, o desafio é a indústria do gás convencer a sociedade brasileira de que ter gás natural em casa é a melhor solução”, afirmou o presidente da ABPE, Mauricio Mendonça de Oliveira. O executivo acrescentou ainda que 2019 poderá vir acompanhado de mudanças regulatórias na área de saneamento, gerando maior participação da iniciativa privada nesse negócio e, consequentemente, oportunidades de fornecimento de tubos de polietileno.

A associação lançou recentemente um Manual de Boas Práticas para Tubulações de Polietileno e Polipropileno. Qual foram os principais objetivos dessa iniciativa?

O manual tem o objetivo de difundir nos mercados de saneamento, gás e aplicação de tubos de polietileno as principais recomendações técnicas de projeto, manuseio e aplicação das nossas soluções. A nossa cadeia da indústria da transformação desenvolveu, ao longo dos anos, técnicas muito apuradas para ter um produto de qualidade na hora que sai da fábrica para ser enviado aos clientes. Ao ter produto de qualidade, ele precisa ser bem projetado pelas empresas de engenharia e bem instalado pelas empresas de aplicação, de tal maneira que o processo seja bem sucedido, do começo ao final. O manual de boas práticas vem para dar este complemento na parte de projeto de engenharia e de aplicação. 

Além do manual, quais outras iniciativas a empresa tem realizado?

Nossa associação tem um programa de qualidade que afere e qualifica todos os associados, periodicamente, com foco de manter a qualidade do produto no nível alto das regulamentações e normas. Outra ação importante de ser destacada são estudos de mercado. Lançamos um estudo comparativo de custos entre as soluções de polietileno e as soluções de materiais convencionais tradicionalmente aplicados nos mercados. Esses estudos mostram a viabilidade econômico-financeira das soluções de polietileno. Por fim, temos participação nos comitês da ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas]. Nós coordenamos um dos comitês, colaborando tecnicamente no desenvolvimento das soluções de polietileno. 

O senhor mencionou este estudo das vantagens comparativas dos tubos de polietileno. Poderia mencionar algumas?

Independente do segmento onde será aplicado, as soluções dos nossos associados garantem estanqueidade ao longo do tempo. Isso significa, na prática, que essas soluções possibilitam a perda zero. Esse tipo de tubulação tem um sistema de juntas muito confiável, que leva a perda zero, mesmo com o passar de 50 anos da instalação. O primeiro grande benefício é esse.

Outro ponto positivo é a imunidade contra a corrosão. Materiais metálicos, como sabemos, são sujeitos a este processo tanto de dentro para fora ou vice-versa. Um terceiro tema muito importante tem relação com a racionalização do processo construtivo. Ou seja, trabalhar com polietileno na obra torna o processo um pouco mais automatizado e confiável – do ponto de vista de execução. Essa racionalização do processo construtivo aumenta a produtividade, porque diminui o tempo de execução e a interferência do homem. 

Como tem sido aplicado este tipo de tubulação no setor de óleo e gás atualmente?

O foco tem sido na distribuição de gás natural. Cada vez mais as cidades estão aumentando suas redes de gás canalizado. São os casos da Comgás em São Paulo e CEG no Rio de Janeiro. Essas empresas já decidiram, há muito tempo, que a melhor solução para distribuir gás natural pela cidade, usando tubulações enterradas a baixas pressões, seria o polietileno. Essa decisão foi tomada por conta dos benefícios já citados anteriormente. A estanqueidade do sistema é muito importante, porque um pequeno vazamento de gás pode encontrar situações de ambiente que geram explosões.

O senhor enxerga possíveis novas aplicações no futuro?

Prioritariamente, o foco está nas redes de baixa pressão de até 7 kgf/cm². O que pode vir ser explorado no futuro com a evolução do polietileno seriam usar as tubulações em redes de média pressão, com até 10 kgf/cm². Já existem alguns exemplos desses no mundo. Mas isso ainda não é algo para o curto prazo. 

Hoje, quais são os principais desafios do setor?

O principal desafio do nosso segmento é ter acreditado que o número de quilômetros de redes de gás natural iria se expandir numa velocidade maior do que de fato vem acontecendo nessa década. Ativos investidos na busca de se ofertar a solução para uma demanda reprimida foram adquiridos pelos nossos associados. O mercado de gás natural não se alinhou na mesma velocidade que nossa capacidade instalada. Então, o desafio é a indústria do gás convencer a sociedade brasileira de que ter gás natural em casa é a melhor solução. Nós podemos colaborar com isso, mas é um papel muito maior de quem vende o combustível.

Quais são os planos da ABPE daqui para frente?

Em 2019, vamos fazer um acompanhamento muito próximo da legislação e dos marcos regulatórios. Há uma possibilidade do marco regulatório do saneamento. Isso pode vir a gerar uma maior participação da iniciativa privada nesse negócio. Estamos atentos a isso para entender como esse marco regulatório pode, eventualmente, transformar as relações comerciais. Isso vale também para o mercado do gás natural onde, por exemplo, temos clientes privados e estatais.

Além disso, seguimos o desenvolvimento dos nossos trabalhos de mercado. Estamos terminando um estudo que se refere ao comparativo de custo não apenas do material instalado, mas também quanto ao método não destrutivo. Isto é fruto de uma aproximação muito boa com a Abratt (Associação Brasileira Tecnologia Não Destrutiva). A tecnologia dos associados da Abratt [que faz implantação de redes de gás natural] puxa, obrigatoriamente, tubos de polietileno. Então, caminhamos juntos. Essa sinergia nos levou a fazer um estudo técnico-econômico, demonstrando a viabilidade de fazer o investimento de métodos não destrutivos.

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