SETOR NUCLEAR BRASILEIRO ESPERA VIVER UM CICLO VIRTUOSO A PARTIR DO GOVERNO BOLSONARO
A posse do novo Ministro de Minas e Energia, Bento Costa, trouxe novos ares para a comunidade ligada ao setor nuclear brasileiro. Ele é um especialista, profundo conhecedor do programa nuclear do Brasil. E, por isso, será um incentivador, como ele disse na cerimônia de passagem do cargo, em Brasília. Hoje (3), o Petronotícias vai trazer duas entrevistas especiais de duas personalidades ligadas a este segmento, dentro do Projeto Perspectivas 2019. Primeiramente, vamos saber as opiniões da diretora da World Nuclear University, Patricia Wieland, com sede na Inglaterra. Ela é brasileira e muito respeitada internacionalmente pelo seu talento. Conversamos também com o engenheiro Claudio Almeida, novo presidente da ABEN – Associação Brasileira de Energia Nuclear. Vamos saber suas opiniões. Como determina o manual da boa educação, primeiramente as damas: Patrícia Wieland:
– Como analisa os acontecimentos de 2018 em seu setor?
– O ano de 2018 foi muito bom para a área nuclear. Entre os fatos mais relevantes, está o fato de que a energia nuclear ultrapassou, pela primeira vez, o nível de 400 GW elétricos de capacidade instalada. No Japão, cinco reatores voltaram a funcionar. Tivemos ainda os primeiros reatores de geração 3+ entrando em operação comercial, na Rússia e na China. Isso foi muito importante.
– Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
– Temos que nos unir para construir um país melhor. Estamos todos no mesmo barco e temos que remar juntos. Isso não significa deixar de participar dos debates. Ao contrário, a população deve ser ouvida como estamos numa democracia, mas com ordem. Fatos relevantes devem estar disponíveis para boas tomadas de decisão no governo. Vamos participar mais nos locais adequados e dialogar.
Para o desenvolvimento do país, acredito que devemos abrir o mercado para empresas internacionais investirem e produzirem com cautela e contratos bem feitos, garantindo nossa soberania. Maior produção vai gerar maior arrecadação de impostos e riqueza para o país.
Devemos investir em inovação tecnológica, fazendo pontes entre universidades e produção de bens e serviços. Muito conhecimento gerado em P&D se perde nas prateleiras, infelizmente. Os fornecedores brasileiros devem se tornar cada vez mais globais e exportar mais. Made in Brazil para o mundo.
Proteger nossa natureza. Água e ar limpos, mais áreas verdes nas cidades. Investir em energia limpa. Só usar plástico onde não exista outro substituto. Reduzir drasticamente a produção de plásticos.
-O que espera do Governo Bolsonaro? Está pessimista ou Otimista?
– Estou otimista. Espero que a população recupere o orgulho e a qualidade de ser brasileiro.
E agora vamos saber as opiniões de Claudio Almeida (foto), Presidente da ABEN.
– Como analisa os acontecimentos de 2018 em seu setor?
– O acontecimento mais importante do setor ocorreu nos últimos dias: a aprovação do Decreto Nº 9.600, de 5 de dezembro de 2018 que consolida as diretrizes sobre a Política Nuclear Brasileira. Com esse decreto, preparado pelo Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, está aberto o caminho para um verdadeiro Programa Nuclear Brasileiro que inclua a retomada da construção de Angra 3, o prosseguimento do projeto e construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), o prosseguimento do Programa do Submarino Nuclear Brasileiro (ProSUB) e a intensificação do uso de radioisótopos na medicina, indústria, e agricultura.
-Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
Do ponto de vista de energia elétrica, com a maior utilização das energias eólica e solar, que tem caráter intermitente, torna-se necessário a inserção de usinas de base para a produção firme de energia elétrica sem a dependência dos fatores da natureza, e sem aumentar a poluição do meio ambiente. A solução passa, assim, não só pela conclusão de Angra 3, mas também por uma ampliação da geração nuclear na nossa matriz energética num futuro a médio prazo.
-O que espera do Governo Bolsonaro? Está pessimista ou Otimista?
– A escolha do Almirante Bento Costa Lima de Albuquerque Júnior como futuro Ministro de Minas e Energia foi saudada com entusiasmo pela comunidade nuclear, já que o Almirante era Diretor da Diretoria Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, portanto um conhecedor da área nuclear. Estamos otimistas quanto à retomada do Programa Nuclear Brasileiro, nos termos do Decreto 9600. Também na área de Ciências, Tecnologia e Inovação, espera-se do futuro Ministro, o nosso astronauta Marcos Pontes, um incentivo à Pesquisa e Desenvolvimento e nas aplicações de técnicas nucleares em todas as áreas.
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