SIDERÚRGICAS BRASILEIRAS COMEMORAM DECISÃO DO GOVERNO DE AUMENTAR TARIFA PARA A IMPORTAÇÃO DE AÇO DA CHINA

marco poloDepois de vários pedidos feitos ao governo para aumentar as alíquotas de importação do aço, as siderúrgicas que atuam no Brasil finalmente tiveram atendidas as suas reivindicações. Agora, segundo informou o MDIC – Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio – tendo a frente o vice-presidente Geraldo Alckmin, a alíquota será mesmo de 25% como queriam as siderúrgicas, mas apenas do excedente das taxas estabelecidas pelo Mercosul. Quem vai fiscalizar isso, ainda não se sabe. Pela “organização” que temos dentro do governo, vai acabar que toda importação de aço pelo Brasil obedecerá a alíquota de 25%. Com certeza uma vitória para as siderúrgicas e uma derrota para todas as consumidoras desse produto, que é peça-chave para todas as indústrias do país.

Dentro dessa vitória, há um elemento interessante. Curioso mesmo. Depois de demitirem, ameaçarem parar os altos fornos, e após uma reunião com o Ministro Alckmin (foto à direita), as siderúrgicas aumentaram o preço de seus produtos em 9% em média. Cada siderúrgica tem preços diferentes para  aço plano, placas para produção de tubos de aço; para construção civil, engrenagens, gnews-jorn05-transicao-alckmin-20221114-1443-frame-78330carros, vigas, pregos etc. Mas se elas reclamavam dos preços baixos do aço chinês, aumentar os preços não seria uma incoerência? Pode-se até pensar que depois de saber antecipadamente a decisão do governo em atender às reivindicações, anunciaram o aumento antes do governo anunciar a mudança nas alíquotas, porque não iria cair nada bem no mercado. O Petronotícias procurou todas as grandes siderúrgicas que operam no país. Mas, em uníssimo, todas passaram para o Instituto do Aço responder. Nenhuma em particular quis se pronunciar. Estranho? É, mas está dentro das regras da ética. Pedimos um esclarecimento ao Instituto, que nos enviou uma nota, que reproduziremos na íntegra:

Em relação à decisão anunciada pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), de estabelecer cotas de importação de aço para 11 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) de produtos siderúrgicos e imposto de importação de 25% para o excedente à cota que ingressar no país, o Instituto Aço Brasil avalia que a medida foi uma importante ação do governo para conter a importação predatória que ameaça a produção de aço brasileira. Tal decisão sinaliza a sensibilidade e a preocupação do governo com a situação crítica pela qual passa o setor a partir da escalada das importações.

gerdauAo atender o pleito, o governo brasileiro vai ao encontro de iniciativas implementadas por outros países que, da mesma forma que o Brasil, têm sido fortemente prejudicados pelas importações do aço que competem de forma desleal e predatória nos respectivos mercados internos.

“Migramos para um sistema misto, com cotas de importações, que uma vez atingidas, passam a ter tarifa de importação de 25% para o que vier acima desse teto. É uma decisão histórica, o governo sinaliza que o Brasil não é terra de ninguém. Não é por acaso que Estados Unidos, México, União Europeia e Reino Unido tomaram mesma direção“, diz Marco Polo de Mello Lopes (foto principal), presidente executivo do Instituto Aço Brasil.

“A alíquota de importação para produtos siderúrgicos no Brasil é hoje, em média, de 10,8%, e somente em 2023, as importações de aço ao Brasil cresceram 50% ante 2022, para 5 milhões de toneladas, e, no primeiro trimestre de 2024, outros 25% ante igual período do ano anterior. A implementação do sistema misto de “cota-tarifa” será objeto de análises e acompanhamento aprofundados a partir de agora, em parceria entre governo e indústria do aço, para que seja operacionalizada de maneira eficaz, para atingimento de seusaço objetivos”, complementa.

MERCADO INTERNACIONAL

Em função da queda do mercado de construção civil na China e de uma queda dos gastos do consumidor que impactam a economia do país, suas siderúrgicas ficaram com excedente de produção e precisavam colocá-lo em outros mercados. Daí, os chineses aumentaram suas exportações de aço para níveis que estão perturbando os mercados internacionais. Alguns governos china arcode países ricos e emergentes abriram investigações antidumping ou já aplicaram medidas para barrar a inundação de produtos siderúrgicos chineses. As exportações chinesas de aço cresceram 33% em 2023. Nos 12 meses até fevereiro, a China exportou 95 milhões de toneladas de aço, segundo dados da alfândega chinesa. Esse número supera as estimativas do consumo total de aço pelos Estados Unidos em todo o ano de  2022. Na semana passada, o presidente Biden pediu a triplicação de uma tarifa importante sobre o aço chinês para 25%, um imposto que se soma a uma segunda tarifa de 25% aplicada ao aço chinês pelo ex-presidente Donald Trump em 2018, por razões de segurança nacional.

Desta forma, o aço chinês barato vem pressionando os produtos em países como Brasil, Vietnã, Índia, Reino Unido, Filipinas echina 2 Turquia. As exportações de aço para o Brasil aumentaram 29% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, e os embarques para Colômbia e Chile subiram 46% e 32%, respectivamente. Todos os três países lançaram ou estão preparando medidas comerciais para lidar com o aumento. No início desta semana, o Chile anunciou a tarifa antidumping temporária sobre os produtos siderúrgicos chineses utilizados pelo setor de mineração do país, numa tentativa de apoiar a indústria local. As esferas de aço chinesas e as barras utilizadas na sua fabricação estarão sujeitas a atarifas de 33,5% e 24,9%, respectivamente, nos próximos seis meses. Os maiores destinos do aço chinês agora são o Vietnã, a Coreia do Sul e  os Emirados Árabes Unidos.

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