SIDERÚRGICAS VOLTAM A AUMENTAR O AÇO E DISTRIBUIDORAS REGISTRAM PREÇOS 95% MAIORES DESDE ABRIL DESTE ANO
Se você pensa que as siderúrgicas se saciaram com aumento de 40% desde abril até agora, pode tirar o cavalo da chuva. Não se saciaram. Outubro começou com a notícia de mais 15% de aumento no preço do aço, com a promessa de mais 15% para novembro, desencadeando um desordenamento na cadeia de fornecedores, que não sabem o que fazer porque não tem a quem recorrer. É o mercado, agarrado pelos colarinhos, levando um sacode da indústria siderúrgica. Quem pensou no CADE para ajudar, esquece. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica parece ser só um prédio onde reina a burocracia. É para combater cartéis, mas parece temê-los. Se todas as siderúrgicas se unem e majoram seus produtos por valores semelhantes ou quase semelhantes e estruturam aumentos mensais semelhantes ou quase semelhantes, o que será isso? Todos sabem, menos o CADE. Se sabe, não parece agir. E se tiver agido, é inócuo. Os aumentos para as distribuidoras já está estabelecido. E passe a mão no toco.
O Ministério da Economia com certeza sabe. Não diz nada desde o dia 19 de setembro, quando informou que uma equipe estava estudando o problema. Deve estar estudando até agora e tem muitas chances de ficar em recuperação. As coisas continuam de igual para pior. Isso porque as siderúrgicas não prometem entregar as encomendas nem em janeiro de 2021. O ministério, pelo jeito, vai seguir a cartilha liberal e defender o conceito que o mercado se acomoda. Mas como, se ele não recebe esses instrumentos? Importar as chapas, os vergalhões, o aço plano do exterior adianta? Com o dólar na estratosfera, pouca chance. O que está acontecendo é o repasse direto e colocando carvão aceso na goela do dragão da inflação.
As empresas que são atendidas pelas grandes siderúrgicas brasileiras, nesse gigantesco mundo do mercado do aço, estão comendo o pão que o diabo amassou nas relações comerciais com seus clientes. E não nem ninguém para defendê-los. Nem as Federações das Indústrias querem se envolver nas políticas de suas associadas que estão contra seus próprios associados. Tanto a Firjan, no Rio de Janeiro, quanto a Fiesp, em São Paulo, foram ouvidas, mas não se manifestaram. Está acontecendo dois fenômenos: o desabastecimento e a desconfiança. O mercado de aço no Brasil, que permanece em desordem e se não houver um pulso firme e rápido, vai degringolar e a coisa ficará ainda pior do que já está. Esperança para isso está no mesmo patamar daqueles milagres difíceis de acontecer, mas a fé permanece intacta. Já há desabastecimento no mercado. Qualquer encomenda que seja feita, a entrega é programada apenas para janeiro ou fevereiro de 2021. E olhe lá.
Não há mais garantia de preços quando o negócio é fechado. O preço estará obedecendo as regras do dia da entrega do produto. Falta de aço nas lojas de material de construção e nas distribuidoras. É a política da briga de foice no escuro, que a letra da música Vira-Vira, dos Mamonas Assassinas, expressa bem a realidade dos empresários que dependem do fornecimento das siderúrgicas que garantem a sobrevivência de seus negócios.
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