SIEMENS ENERGY ACREDITA EM CRESCIMENTO DE SUA ATIVIDADE NO BRASIL EM 2023, NA ESTEIRA DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
O Brasil será um grande ponto de atenção da Siemens Energy no próximo ano, em virtude do aumento da demanda por soluções de descarbonização. A previsão é do General Manager da companhia no país, André Clark, nosso entrevistado de hoje (21) na série especial Perspectivas 2023. O executivo contou que o ano de 2022 foi bastante positivo para a empresa. Especificamente no segmento de óleo e gás, a Siemens Energy trabalhou no fornecimento do pacote de turbomáquinas topside para a FPSO da P-78, em Búzios. Os equipamentos foram produzidos na planta brasileira da empresa, em Santa Bárbara D´Oeste (SP). Em geração, a companhia também avançou nas termelétricas GNA1 e GNA2, localizadas no Porto do Açu (RJ). Para o próximo ano, as previsões são bastante animadoras, com expectativa de crescimento na demanda por serviços e produtos fabricados em nosso país. “Em 2023, como resultado do avanço da transição energética e da urgência de aceleração nas iniciativas de descarbonização da indústria, esperamos na Siemens Energy ter uma forte demanda por nossas soluções, com aumento significativo nos serviços e produtos feitos a partir do Brasil para atender mercados próximos e desenvolver progressivamente fornecedores na região”, projetou Clark.
Como a sua empresa atuou em 2022?
A Siemens Energy completou dois anos de existência com protagonismo consolidado no setor de energia em um período singular globalmente, marcado pela guerra na Europa e grandes variações dos mercados globais de Petróleo e Gás. E, como parceiros e fornecedores de soluções tecnológicas integradas, que são fundamentais para uma transição energética planejada em toda a cadeia de valor, acompanhamos um 2022 de intensa movimentação nos mercados brasileiro e latino-americano, com clientes optando por investir em nossas soluções.
Diante de demandas cada vez mais desafiantes em termos de sustentabilidade e diversidade de geração de energia, tivemos crescimento significativo nas buscas por projetos de eficiência energética em todas as nossas áreas de negócio, que incluíram também serviços especializados de gestão de ativos de clientes, a exemplo da administração remota de parques solares.
Vale apontar ainda que, apesar dos efeitos sociais e econômicos da pandemia da covid-19, realizamos entregas de grandes projetos em todo o Brasil dentro dos prazos, auxiliando parceiros e clientes em variados setores a avançar em suas estratégias de crescimento, modernização de operações e, consequentemente, redução da pegada de carbono e impacto ambiental.
De modo geral, também foi um ano particularmente complexo do ponto de vista das cadeias de fornecimento globais, das grandes variações de custos de matérias-primas e da indisponibilidade de um conjunto importante de componentes no mundo todo. Para isto, tivemos que contar com a parceria e a transparência na relação com clientes e fornecedores, ajustando os fluxos de suprimentos dos projetos.
Os resultados foram positivos? Como os negócios transcorreram?
De fato, foram muito positivos. Para citar alguns casos, no setor de Papel e Celulose, por exemplo, estamos apoiando a Suzano com toda a solução de geração, distribuição e gerenciamento de energia na nova fábrica que a empresa está construindo no Mato Grosso do Sul.
No setor de Petróleo e Gás, mesmo com os desafios das cadeias logísticas globais que afetaram toda a indústria, fortalecemos nossa presença no mercado offshore brasileiro, um dos mais competitivos do planeta. Nesse sentido, em 2022, o fornecimento do pacote de turbomáquinas topside para a FPSO da P-78, em Búzios, o que inclui os conjuntos de geração e compressão eletrificada de energia, além dos compressores de injeção de CO2, produzidos aqui no Brasil em nossa fábrica de Santa Bárbara D´Oeste.
Já no setor de geração, é importante destacar os avanços que tivemos no projeto de GNA1 e no início da construção de GNA2, fazendo com que o Gás Natural do Açu se torne dos maiores polos de geração do hemisfério sul.
E o trabalho foi de ponta a ponta no mapa brasileiro. Com a Engie, no Paraná, por exemplo, finalizamos a entrega da nova infraestrutura de transmissão do projeto Gralha Azul, que contribui com a expansão econômica do estado ao garantir uma rede mais segura. A iniciativa abastece 27 municípios e teve cinco novas subestações construídas e outras duas adaptadas pela Siemens Energy. Além disso, vimos destacada expansão da infraestrutura que atende o setor de renováveis pelo país, com todo um segmento se planejando para “furar o teto da demanda local” e começar a planejar a rota do hidrogênio verde.
Por conta desses trabalhos conjuntos, conquistamos posição relevante de mercado em todos os nossos segmentos de atuação ao longo do ano ao trazer uma proposta de valor mais que necessária diante do desafio climático.
Contudo, entendendo que o ESG é o tom não apenas do presente, mas também do futuro, seguimos firmes em nosso propósito de alcançar a neutralidade climática em nossas próprias operações até 2030 e investir no progresso da diversidade social no setor de energia. No aspecto ambiental, vale salientar que reduzimos nossas emissões absolutas (escopo 1 e 2) em 69,2% no Brasil, com uma meta clara de atingir 100% até o ano de 2030.
O que espera para 2023? Quais são as perspectivas para o ano que vem?
A inflação deverá seguir em alta no país e no mundo, assim como as atuais dificuldades de gestão dentro da cadeia de logística global, impondo desafios relevantes para qualquer operação econômica e industrial. Este cenário exigirá maior fomento à inovação, à tecnologia e aos investimentos em infraestrutura por parte do governo e das empresas no setor de energia, visando a eficiência e a segurança no fornecimento, além da necessária expansão para novos mercados.
Em 2023, como resultado do avanço da transição energética e da urgência de aceleração nas iniciativas de descarbonização da indústria, esperamos na Siemens Energy ter uma forte demanda por nossas soluções, com aumento significativo nos serviços e produtos feitos a partir do Brasil para atender mercados próximos e desenvolver progressivamente fornecedores na região.
Vemos também para o próximo ciclo a continuidade da forte expansão das renováveis no país, eólica e solar, o que fará a rede ser cada vez mais o foco de investimentos. A transmissão será um ponto de atenção fundamental, uma vez que o próprio crescimento das energias renováveis só é possível se encaramos estrategicamente a rede, antecipando seu crescimento. Isso não será simples e, certamente, acompanharemos um debate mais amplo e intenso sobre como planejamos a construção, geração e distribuição de energia.
Nessa direção, a mudança de pensamento no próximo ano deve ser catalisada pelo nascimento já anunciado dos mercados globais de hidrogênio verde, nos quais o Brasil deve ter enorme competitividade, caso adote uma posição para além do atendimento da demanda interna de geração e tenha uma política industrial verde, inovadora e voltada para o planeta.
Se fosse consultado, quais sugestões daria aos governantes para que os negócios prosperem ainda mais?
O Brasil aprendeu a fazer políticas de ajuda financeira condicional de forma excepcional. O Bolsa Família foi um dos programas mais premiados do mundo e o Auxílio Emergencial mostrou, novamente, que somos eficientes nesse sentido, saindo dos 30 milhões de recebedores do benefício para 100 milhões.
Agora, porém, é preciso garantir o necessário crescimento econômico, com emprego, projetos e redução do custo de vida. E a melhor solução é o investimento em infraestrutura, ativando a economia em diversos segmentos e em todo o país. A infraestrutura, enquanto investimento para combater o desemprego e ampliar rapidamente a atividade econômica, será uma alavanca extremamente estratégica.
A principal frente está em encontrar formas de tornar o investimento público eficiente. A meu ver, o país precisa criar e desenvolver um novo modelo no qual o investimento público dialogue mais com a iniciativa privada.
No mais, uma política industrial do século XXI também se faz necessária: verde, tecnológica e voltada para o mundo. O Brasil tem proeminência em energias renováveis, solar e eólica, além de potenciais imediatos do uso da terra para recuperação de carbono, as chamadas nature-based solutions. Mas, para que isso se desenvolva e se multiplique, precisamos furar a demanda local, exportar energia e avançar em outros mercados, a exemplo de hidrogênio verde, amônia verde, aço verde e tudo o que for correlato em uma nova configuração industrial para o país.
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