SIEMENS ENERGY MOSTRA BOA EXPECTATIVA DE NOVOS NEGÓCIOS COM O LEILÃO DE RESERVA DE CAPACIDADE
A Siemens Energy está otimista com as oportunidades que surgem a partir do leilão de reserva de capacidade, marcado para 27 de junho. Com um portfólio de soluções para o setor térmico, a empresa pretende apoiar clientes tanto na modernização de usinas existentes quanto no desenvolvimento de novos empreendimentos. O Diretor regional de vendas de turbinas a gás da Siemens Energy na região da América Latina, Márcio Campos, destaca a crescente importância da flexibilidade operacional das térmicas, que se tornaram essenciais para garantir a estabilidade do sistema elétrico diante da expansão das fontes renováveis e do aumento da demanda por energia nos momentos de pico. Ele ressalta ainda a introdução de maior flexibilidade no uso de biocombustíveis, o que pode abrir novas oportunidades para projetos inovadores movidos a biodiesel, biogás e até etanol. Segundo a empresa, essa mudança pode representar o início de uma nova fase para o setor, ampliando a diversidade de soluções energéticas no país. “Como mencionei, temos um portfólio bastante amplo, e nossas perspectivas para esse leilão são muito positivas. Ainda há bastante tempo até o dia 27 de junho, mas vemos boas oportunidades no horizonte”, projetou.
Para começar, seria interessante se pudesse compartilhar com os nossos leitores um pouco das expectativas em relação a esse leilão. Como o mercado está enxergando esse certame?
O mercado tem aguardado esse leilão desde o ano passado. Com a confirmação do certame, que acontecerá no final de junho, essa expectativa só aumentou. Isso porque o leilão deste ano traz uma gama bastante ampla de produtos, contemplando tanto térmicas existentes quanto novas, além da inclusão das hidrelétricas para 2030.
Essa diversidade permite que o mercado tenha várias possibilidades de projetos e soluções para se adequar e participar do leilão. Isso se aplica tanto a players que já possuem projetos em operação quanto àqueles que estão desenvolvendo novos empreendimentos – e até mesmo empresas que atuam nos dois segmentos.
E qual a sua avaliação sobre as regras e a sistemática do leilão?
Como mencionei, do ponto de vista mais macro, o leilão oferece uma gama variada de produtos, o que garante flexibilidade para projetos que já operam e têm contratos de compra de energia (PPAs) vencidos ou próximos do vencimento. Do ponto de vista de projetos novos, há também muitas possibilidades, permitindo que você tenha projetos mais rápidos, com início de operação já em 2028, e empreendimentos que entrarão em operação entre quatro e cinco anos.
Agora, com as últimas atualizações das regras do leilão, há um foco maior nas características de competitividade dos projetos mais recentes. O setor elétrico tem passado por transformações nos últimos anos, especialmente com o crescimento acelerado das fontes renováveis. Isso reforça a necessidade de flexibilidade das térmicas para garantir a estabilidade do sistema elétrico.
Um ponto importante dessas novas regras do leilão é que a flexibilidade dos empreendimentos térmicos se tornou um diferencial competitivo. Para usinas existentes, há um requisito mínimo de sete horas de operação. Já para novas usinas, esse tempo pode ser de até duas horas. Isso inclui também fatores como o tempo de resposta para entrar em operação (o chamado T1), a duração do funcionamento e o tempo de rampa para desligamento.
Quanto mais flexível for o empreendimento nesses parâmetros, mais competitivo ele será no leilão. Isso influencia diretamente no custo variável unitário (CVU), que pode variar bastante entre os projetos.
Como o senhor mencionou, setor elétrico está passando por diversas transformações, como a transição energética e os desafios enfrentados pelas renováveis, incluindo cortes de geração determinados pelo ONS (curtailment). Diante desse cenário, qual é o papel das termelétricas nesse momento em que o setor enfrenta essas mudanças?
As térmicas têm um papel fundamental na estabilidade e eficiência do sistema elétrico. Hoje, elas não operam mais na base ou com inflexibilidade, como era comum nos projetos anteriores a 2020, com os modelos de contratos chamados de “A-5” e “A-6”.
Temos visto momentos em que o consumo instantâneo de pico ultrapassa 100 GW, especialmente durante ondas de calor. Se combinarmos isso com um ano hidrológico desfavorável e períodos de baixa geração eólica ou solar – principalmente no fim da tarde –, fica evidente a necessidade de um suporte térmico para evitar instabilidades.
Ou seja, as térmicas são essenciais para garantir segurança ao sistema e evitar apagões no futuro.
Diante desse cenário que discutimos até aqui, como avalia a concorrência e a competitividade deste leilão?
Pela quantidade de produtos oferecidos, certamente haverá concorrência. Esse é justamente o objetivo do leilão – o próprio governo quer fomentar essa competição para garantir a energia mais barata possível. No entanto, acredito que haverá espaço para todos os perfis de players. Como o leilão abrange uma grande variedade de produtos, sabemos que as térmicas mais competitivas serão, sem dúvida, as já existentes. Isso se deve a fatores como a flexibilidade no uso do gás e o tempo de startup mais longo permitido para essas usinas. A recontratação de térmicas existentes deve ocorrer de forma significativa, mas é preciso considerar a disponibilidade de combustível.
Para os novos empreendimentos, o governo estruturou o leilão com três produtos distintos e prazos de execução de até cinco anos, o que permite uma concorrência bastante saudável. Isso possibilita o desenvolvimento de projetos de diferentes portes e prazos. No geral, devemos ver um grande número de projetos em ciclo aberto, que têm cronogramas mais ágeis e menos complexos em termos de instalação e equipamentos. Essa simplificação do cronograma pode favorecer a entrada em operação dessas novas térmicas dentro dos prazos estipulados.
Resumindo, há espaço para todos os perfis de concorrentes dentro dessa ampla variedade de produtos no leilão.
Agora, vamos falar um pouco sobre a Siemens Energy. Como a empresa está se preparando? Qual é a estratégia e quais as oportunidades de negócio que vocês enxergam a partir desse leilão?
A Siemens Energy tem uma atuação bastante ampla no mercado térmico, então vou começar falando rapidamente sobre as térmicas já existentes. A companhia, no passado, foi provedora de diversas tecnologias e soluções para o setor. Por isso, temos acompanhado e dado suporte aos nossos clientes que possuem nossa base instalada no país e que estão aptos, ou estarão aptos, a participar do leilão. Esse suporte envolve modernizações e adequações nos equipamentos e empreendimentos, garantindo que eles atendam aos requisitos do leilão. Conseguimos oferecer um suporte bastante amplo para que nossos clientes se preparem tecnologicamente e sejam competitivos dentro das regras do leilão.
Já no que diz respeito a novos empreendimentos, nosso portfólio de soluções para turbinas em projetos térmicos nos permite atender clientes de diferentes perfis. Temos condições de fornecer tecnologias para empreendimentos de menor ou maior porte. Além disso, podemos atender tanto os projetos que precisam ser implementados em prazos mais curtos quanto aqueles com prazos mais longos. Essa será a atuação da Siemens Energy nesse contexto.
Para encerrar nossa conversa, gostaria de um comentário mais macro sobre as expectativas da Siemens Energy para o mercado brasileiro de energia nos próximos anos. Como vocês enxergam o país em termos de novos negócios?
A expectativa é a mais positiva possível. Para não ser repetitivo, vou abordar um ponto novo que ainda não mencionamos. Pela primeira vez, o governo está permitindo uma flexibilidade maior no leilão, incluindo os biocombustíveis. O setor ainda não estava totalmente preparado para isso, mas essa mudança começa a plantar uma semente para empreendimentos de outra natureza. Estamos falando, por exemplo, da possibilidade de projetos movidos a biodiesel, biogás e até etanol. Normalmente, são empreendimentos de menor porte, mas que podem ganhar espaço a partir dessa flexibilização.
Ou seja, o mercado está se abrindo para novas possibilidades. Como mencionei, temos um portfólio bastante amplo, e nossas perspectivas para esse leilão são muito positivas. Ainda há bastante tempo até o dia 27 de junho, mas vemos boas oportunidades no horizonte.
Excelente matéria. Obrigado à Petronotícias e ao Márcio Campos da Siemens-Energy pela leitura de perspectivas.