SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE ENERGIA NUCLEAR DEBATE AMPLIAÇÃO DA GERAÇÃO DE ENERGIA DE BAIXO CARBONO
O mundo passa por grandes transformações que vão do crescimento de renda e das populações à mudanças no modo de produzir, consumir, se locomover e se relacionar. E o Brasil precisará de muita energia até 2030. O consumo mundial de eletricidade irá aumentar exponencialmente nos próximos anos, especialmente nos países em desenvolvimento. Nesse particular, líder dessas necessidades será a América Latina. Em 2026, o consumo de eletricidade no Brasil será 72,3% maior que em 2005 ou 44% maior que em 2016. São números impressionantes trazidos hoje (28) a tarde pelo Presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares – ABDAN – Celso Cunha(foto), durante sua apresentação no Simpósio Anual da Latin American Section of the American Nuclear Society (LAS/ANS). O evento, que tem como tema principal “Energias renováveis e carga de base nuclear para energia limpa e confiável”, está sendo realizado no Rio. Começou nesta terça-feira e vai até a próxima sexta-feira.
O esforço do Brasil terá que ser extraordinário. Ele precisa gerar e energia e cumprir as metas de emissão de carbono, assumidas durante o Acordo de Paris, em 2015. É um esforço mundial. O Brasil tem um compromisso de reduzir em até 43% suas emissões até 2030, em comparação a 2015. É mais do que uma necessidade ambiental, o controle de emissão de CO2 poderá ser também uma necessidade econômica com a implementação da taxa por emissão de CO2. Em 2015, as Emissões no Brasil eram 1,6 bilhões de toneladas de CO2. Agora, a nossa meta para 2030 é de 1,15 bilhões de toneladas. Por uma circunstância política, houve uma desaceleração econômica do Brasil, com uma diminuição acentuada no consumo de eletricidade em 2015 e 2016. Mesmo assim, a demanda de eletricidade dobrou desde 1990 e continuará aumentando com o retorno do crescimento econômico. O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir os níveis de consumo per capita de eletricidade de outros países em desenvolvimento e desenvolvidos.
Temos a necessidade de aumento da geração térmica para garantir o fornecimento e permitir o crescimento de outras fontes intermitentes, como a solar e a eólica. Tivemos um aumento de 6% em 2017 na geração termoelétrica. Mas, para gerar menos CO2, o país precisa investir em energia nuclear e Biomassa, que apresentam a menor emissão de carbono e são consideradas fontes limpas.
Veja agora a quantidade de emissões de CO2 por kW/hora de geração:
ENERGIA NUCLEAR E BIOMASSA – 12 g C02 eq/kWh;
GAS – 490 g C02 eq/kWh
PETRÓLEO – 733 g C02 eq/kWh
CARVÃO – 820 g C02 eq/kWh
Foram contratados 2.636 MW de suprimento de energia elétrica pela EPE em 2016, uma expansão contratada no período 2017-2019. Somados a uma expansão indicativa (período 2021-2026) de 6.000 MW, totalizam 8.636 MW planejados para o decênio. No horizonte decenal, considerando as usinas contratadas e a expansão indicativa, estima-se 213,3 km² de área ocupada por plantas fotovoltaicas e uma relação de 0,02 km²/MW. Pela localização das plantas fotovoltaicas previstas nos primeiros anos do decênio, os municípios do semiárido nordestino concentram a maior parte dos empreendimentos contratados (cerca de 2/3 da potência), ocupado uma área gigantesca de terras, que ficarão improdutivas para qualquer cultivo.
Em sua palestra, Celso Cunha, chamou a atenção para um problema que também começa a ser discutido nos Estados unidos e em países da Europa: A energia renovável é tão limpa quanto pensamos? A energia dos combustíveis fósseis se transforou num alvo preferido, compreensivelmente, pelos ambientalistas nas últimas décadas. Por outro lado, é importante reconhecer que as empresas de petróleo e gás não são as vilãs da história. A narrativa de energia “limpa” que é tão frequentemente pressionada por defensores da energia renovável pode não ser tão limpa quanto se pensa.
ENERGIA EÓLICA
- A energia eólica é considerada a fonte de energia renovável mais atrativa comercialmente sob as condições atuais do mercado;
- É bastante comum ouvir que os parques eólicos são uma praga na paisagem, mas essa queixa não tem qualquer significado ambiental. O ruído, por outro lado, pode ter um impacto tangível no meio ambiente. As plantas eólicas atingem um nível de pressão sonora de 90-100 decibéis. Números de engarrafamentos nas grandes cidades brasileiras;
- Estudos científicos sugerindo que a exposição a esse nível de ruído levará a aborrecimentos, distúrbios do sono, dores de cabeça, ansiedade, depressão e disfunção cognitiva;
- Muito difícil convencer as aves de que manter seus habitats tradicionais e rotas de migração não é mais desejável. Em média, cada turbina mata de 1 a 15 aves por ano, dependendo das condições e da tecnologia utilizada. Só na Escócia, entre 40.000 e 50.000 papagaios-do-mar.
ENERGIA SOLAR
- Quando se trata de segurança aviária, a energia solar tem uma reputação similarmente ruim. As estatísticas corroboram a suposição de que as usinas solares levam a mais mortes aviárias do que as usinas eólicas. Vigas solares que emergem da luz direta do sol em usinas solares concentradas são bastante perigosas para pássaros, morcegos e insetos quando eles as inflamam no ar;
- Futuras usinas solares provavelmente serão equipadas com impedimentos acústicos ou quimiossensoriais para afastar pássaros ou morcegos, privando-os ainda mais de habitat. Talvez seja para melhor, dado que ácidos são usados para limpar a superfície dessas enormes fazendas;
- A instalação de usinas solares de grande porte leva, em muitos casos, a mudanças nos padrões de temperatura e precipitação, que por sua vez afetam negativamente os habitats naturais e levam à degradação do solo;
- Os painéis solares são feitos de materiais terra rara, que a sua extração na natureza gera um grande volume de particulados radioativos na atmosfera.
ENERGIA HIDROELÉTRICA
- Os especialistas em energia hidroelétrica conseguiram mitigar, embora não totalmente, seus impactos negativos. As mortes de peixes foram reduzidas em cascatas e escadas de peixes, baixos níveis de oxigênio foram atenuados pela introdução de injeções de vários níveis e aeração de turbinas.
- Apesar do progresso significativo, 2 a 3 % dos peixes ainda são esmagados pelas turbinas das hidrelétricas.
ENERGIA NUCLEAR
- Ao contrário de outras fontes de energia renováveis, a energia nuclear não depende do clima e registra um fator de capacidade muito maior que poderia compensar a sazonalidade da energia hidrelétrica no Brasil;
- Comparada à solar e eólica, a tecnologia nuclear utiliza uma área reduzida e pode ser instalada mais próximo dos centros de consumo. Hoje área total dos projetos de eólica e solar, corresponde a 5.382 km2. O Estado de Sergipe possui 21.900 km2, ou seja, 24,6% da área do Estado
- O Urânio enriquecido tem uma densidade de energia muito maior do que outras fontes térmicas;
- O Brasil domina todo o ciclo do urânio e possui a 6ª maior reserva do mundo. A geração de energia nuclear é considerada uma das mais baratas;
- Ao contrário do óleo e do gás, os custos da geração de eletricidade nuclear são previsíveis pois são conhecidos no início de um projeto e não são tão sensíveis ao combustível ou às emissões de CO2;
- Especialmente no Brasil, onde o acesso a combustíveis fósseis é difícil e resultaria na dependência a outros países;
- A França, que tem a maior parte da energia gerada por fonte nuclear, tem o menor preço da eletricidade na Europa. O Brasil é o terceiro mais caro no mundo. Nuclear permite o desenvolvimento econômico e da força de trabalho, criando 3 vezes mais empregos locais que as tecnologias concorrentes. É a tecnologia de geração de energia com o menor número de mortes/TWh produzido e a mais controlada
- Normas de segurança da AIEA: estrutura para proteger as pessoas e o meio ambiente;
- Temas sensíveis monitorados por convenções internacionais;
- O apoio da AIEA em cada etapa do programa nuclear garante o mais alto nível de segurança. A energia nuclear produz pequeno volume de resíduos em comparação com outras fontes térmicas;
- O Brasil tem capacidade e conhecimento para armazená-los de forma segura e eficiente .
Segundo a PwC, o programa nuclear poderia gerar um aumento significativo (1,5%) no PIB brasileiro, apesar de investimentos. Na França, o valor anual gerado por um reator é de 660 Milhões de Euros durante a construção. Para um programa nuclear de 4 a 8 GW, estima-se uma receita anual para as comunidades locais entre 80 e 300 milhões de euros. Um reforço do programa nuclear brasileiro permitiria uma enorme desenvolvimento econômico e regional. Prevê-se que uma NPP ( Nuclear Público-Privada) dure 60 anos, de modo que um investimento na educação é um investimento na futura força de trabalho qualificada. Uma usina de 1.000 MW gera entre 400 e 700 empregos permanentes por planta; Mais de 5.000 trabalhadores no pico das obras.
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