SINDICALISTA SE AMARRA ÀS PORTAS DO ESTALEIRO QGI EM PROTESTO CONTRA DEMISSÕES

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, Benito Gonçalves, continua amarrado às grades da portaria do Estaleiro QGI. Ele protesta contra os impasses no consórcio das empresas Queiroz Galvão e Iesa que têm paralisado a produção e reduzido drasticamente a quantidade de empregados no local. O desentendimento nas negociações com a Petrobrás levaram o sindicalista a se prender junto a outros manifestantes, na madruga da última terça-feira (23), na entrada do estaleiro.

“A situação dos desempregados aqui é dramática e só me restou este ato de desespero para chamar a atenção sobre o que estamos vivendo”, diz Benito, que afirma ter se encontrado com deputados e senadores em Brasília, sem sucesso na promoção de mudanças. O estaleiro, que já chegou a empregar 12 mil trabalhores, hoje conta com menos de 200 empregados. Mais de 10 mil operários estão sem emprego na região, em uma onda de demissões que se estende também aos estaleiros Ecovix e EBR.

A Petrobrás, em negociação ocorrida há oito meses, não chegou a um acordo com a QGI em relação ao prazo de entrega e o valor a ser pago pelas alterações realizadas no projeto básico de duas plataformas já encomendadas. O contrato para a P-75 e a P-77 previa um investimento de US$ 1,6 bilhão quando foi assinado, em setembro de 2013. Após as alterações feitas pelas duas partes, que elevaram o valor em cerca de 8%, criou-se um impasse que paralisou a produção. A crise por que passam algumas empresas do grupo controlador, como a Iesa, que já entrou com pedido de recuperação judicial após envolvimento na Operação Lava-Jato, não permite que o estaleiro assuma os riscos do negócio sem que haja garantia de pagamento.

O consórcio e a estatal têm buscado firmar um acordo ao longo dos últimos meses, chegando perto de assinar um contrato recentemente. As duas partes ainda se encontram em desacordo a respeito de exigências feitas pelo estaleiro.