SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE RIO GRANDE QUER QUE A PETROBRÁS VOLTE A INVESTIR NA INDÚSTRIA NAVAL DA CIDADE

Um dos setores da nossa economia que mais sentiu a parada do mercado de óleo e gás, desde 2014, foi a indústria naval. Antes do início da Operação Lava Jato, esse setor estava, como se diz, bombando, criando milhares de empregos em vários estados brasileiros. A cidade do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, vivia um verdadeiro Eldorado. De repente, tudo parou e milhares de pessoas perderam seus empregos do dia para noite. Rio Grande tornou-se uma cidade até perigosa para se viver pelo aumento da violência em toda a região.

O Estaleiro Rio Grande estava com dois FPSOs para serem montados quando a Petrobrás paralisou os projetos e determinou venda das duas plataformas como sucata. Até hoje, uma parte delas ainda está em processo de venda. Hoje (13), o Petronotícias abre espaço para ouvir o Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte, Benito Gonçalves. Ele traça um horizonte sombrio, mas diz que a categoria está na expectativa de um ano melhor, em 2020. Benito Gonçalves participou do Projeto Perspectivas 2020. Veja as suas opiniões:

– Como viu o seu setor no ano de 2019?

– O setor no ano de 2019, nos Estaleiros Rio Grande, Ecovix, QGI, EBR, foi de desemprego, com poucos funcionários, passando por contratações esporádicas e eventuais, alguma por pouco tempo. Poucos empregados e muito material sobrando com cerca de 400 pessoas trabalhando nos estaleiros e hoje esta  desmanchando as plataformas e vendendo como sucatas, peças compradas a preço de ouro. Um crime leza pátria.  Um estaleiro Português, Estaleiro Mondego, ofereceu 40 Milhões para não ser vendida em peças e garantiu empregar 2000 trabalhadores, mesmo assim a Ecovix seguiu com o leilão e efetuou a venda por 8 Milhões, um quinto do que foi ofertado pelo estaleiro Português.

O auge de contratações na Indústria Oceânica foi nos anos 2008/2014, no ano de 2013, havia aproximadamente 24.000 pessoas trabalhando. As demissões iniciaram em 2014, em razão da Operação Lava-Jato, contratos irregulares, passando as encomendas a serem feitas na China, sob a alegação de custos menores e entregas mais rápidas. Atualmente a Petrobrás abandonou o Rio Grande, entregando a P 71, com quase 50% pronta, para conclusão na China e Espirito Santo.

– Qual é a sua expectativa para 2020?

– A expectativa para 2020 e próximos anos é de otimismo eis que esperamos que cheguem da China a P 75 e P 77, para que venham ser finalizadas nos estaleiros da cidade de Rio Grande e São José do Norte, aumentando o numero de empregos, também, esperamos trabalho de reparos de cascos, e conclusão de outras plataformas, para haver empregos e não ficarem sucateados os estaleiros.

A expectativa é na mudança de política da Petrobrás, dos Governos Estadual e Federal. Mobilização do Governo Municipal, da Indústria e do Comércio para reativação do Polo. Há esperança da construção da Termelétrica em Rio Grande, para proporcionar o crescimento, que além dos polos, ativariam outras atividades comerciais e industriais, que fariam parte da operação e do apoio, reaquecendo a economia. Esperamos que a reserva de Petróleo, a exploração do petróleo no pré-sal, aqueça o setor e o mercado de plataformas, voltem parte delas, a serem construídas em Rio Grande e São José do Norte. 

– O que gostaria de sugerir para seu segmento de negócios fosse mais ativo ?

– Sugerimos que a Petrobrás  invista nos Estaleiros de Rio Grande e São José do Norte, contratando a construção de navios e plataformas, haja vista a qualificação dos trabalhadores onde após 10 anos de experiência, estão totalmente aptos a executar qualquer tipo de trabalho nessa área. Temos 400 km de Hidrovias, lagoas e rios, bem como, via terrestre praticamente duplicada, chegando a Porto Alegre e Região Serrana e diversos municípios, bem como ao Estado de Santa Catarina;

Temos uma Universidade Federal, muito eficaz, que auxilia no ajuste e arranjo produtivo, bem como, duas Universidades uma Federal e outra Privada na vizinha cidade de Pelotas. A cidade, salvo alguns eixos de entrada e saída terrestre, está preparada e se preparando, para retomar o crescimento da Indústria Naval, a população de Metalúrgicos cresceu, em razão de diversas pessoas terem trabalhado nos estaleiros e se qualificado e capacitado profissionalmente, realizando diversos cursos e treinamentos para o trabalho na área industrial e naval.