SINDIPETRO-NF TEME POR AUMENTO DAS TRINCAS DO FPSO RIO DE JANEIRO E APONTA RISCOS AMBIENTAIS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A situação do FPSO Rio de Janeiro se estabilizou nas últimas horas, de acordo com a Petrobrás e a japonesa Modec. Segundo as empresas, o navio permanece estável e em condições normais de calado e inclinação. Nesta quarta (28), uma equipe de salvamento avaliará as condições da embarcação e determinará a melhor estratégia para concluir o descomissionamento. Enquanto isso, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) está acompanhando de perto a situação e teme por desdobramentos negativos no caso. “Obviamente, existe um risco dessa trinca expandir. Se não houvesse tal risco, os trabalhadores não teriam sido retirados”, alerta o coordenador do departamento de saúde da entidade, Alexandre Vieira (foto). “É um risco para o meio ambiente. Apesar de não ter um volume grande de óleo, não é da natureza do local ter uma unidade que possa afundar. Enquanto essa unidade não for docada, o meio ambiente sofre um risco, com certeza”, complementou. Já o diretor de comunicação do Sindipetro-NF, Marcelo Nunes, afirma que a Petrobrás informou ao sindicato que a unidade sofreu adernamento e se estabilizou posteriormente. “Precisamos esperar ter uma comissão de investigação do acidente para poder apurar. Todas as vezes que acontece um acidente deste tipo, a Petrobrás monta também um gabinete de crise para atuar e minimizar os riscos”, disse Nunes.
O Sindipetro teve acesso a imagens do incidente?
Nunes – É muito difícil conseguir imagens quando estamos falando de atividade de trabalho nas plataformas em alto mar. Os celulares são lacrados. E o uso de câmera é bem reduzido. Então, não temos fotos da situação da embarcação. Só temos os relatos de que o FPSO tem uma trinca no casco. E que essa trinca admitiu a entrada de água. Consequentemente, acabou acontecendo uma perda de óleo.
Qual são os principais riscos?
Vieira – Esta unidade operou por 11 anos e já está nesse nível de estado crítico. O Brasil tem unidades com mais de 20 anos e que não chegaram a esse estado. O risco ao meio ambiente é o que já ocorreu, o vazamento de óleo, que não foi maior pelo fato da unidade estar parada desde junho de 2018.
É um risco para o meio ambiente. Apesar de não ter um volume grande de óleo, não é da natureza do local ter uma unidade que possa afundar. Enquanto essa unidade não for docada, o meio ambiente sofre um risco, com certeza.
Como foi a operação de resgate dos trabalhadores?
Nunes – O resgate foi tranquilo. Em situações de adernamento mais graves, quando não há nem tempo do helicóptero chegar, o pessoal é obrigado a pular no mar. Mas neste caso, todos desembarcaram de aeronave. Foi tudo relativamente ordeiro. A Modec, muito provavelmente, deve ter alocado as pessoas em um hotel para depois serem direcionadas para outras plataformas. Um núcleo mínimo da unidade deve voltar a bordo para tentar restabelecer a normalidade da unidade.
Normalmente, neste navio, existem 100 pessoas embarcadas. No último final de semana, esse número era 50 pessoas. Ao piorar a situação, com adernamento e chance de afundamento, os helicópteros resgataram rapidamente as 50 pessoas.
Este já é o segundo incidente com esta plataforma neste ano…
Vieira – Em janeiro, tivemos outro problema no casco. Inclusive, aconteceu um descumprimento do nosso acordo coletivo, que prevê que o sindicato possa embarcar nas unidades. A Modec simplesmente proibiu o nosso diretor de embarcar. Já é uma questão crônica desta unidade. Alguma questão técnica do navio que só está evoluindo até chegar ao estado de hoje. Essa unidade não está segura, porque do contrário ela teria pessoas a bordo.
Nunes – O sindicato foi convidado para poder participar da investigação. Quando indicamos um dos diretores para participar da investigação, estranhamente, ele não pôde embarcar. Alguns meses depois, acontece novamente um problema no navio. Se alguns meses atrás o sindicato pudesse participar a investigação, pode ser que tentássemos até interditar a unidade antes que chegasse a uma situação mais crítica. O sindicato existe para proteger a segurança do trabalhador.
A Petrobrás ainda não confirmou publicamente se houve adernamento. Qual foi a informação repassada ao sindicato?
Nunes – O navio mudou a sua posição original porque admitiu a entrada de água, mas chegou a um ponto em que houve um equilíbrio dinâmico. Esta é uma embarcação hidrostática, fazendo com que se chegasse a uma situação em que, mesmo com a entrada de água, não havia o risco de ir a pique. Apesar de um certo adernamento, a unidade não corria risco de ir para o fundo do mar, de acordo com a Petrobrás. Mas precisamos esperar ter uma comissão de investigação do acidente para poder apurar. Todas as vezes que acontece um acidente deste tipo, a Petrobrás monta também um gabinete de crise para atuar e minimizar os riscos.
Todo o acidente, dependendo do grau de criticidade, o sindicato é acionado. É de costume o sindicado ser informado de uma maneira formal quando há vítimas. Achamos que a Modec, que é a empresa que opera o FPSO, demorou um pouco [para fazer a notificação] porque este não foi um acidente com vítimas. Foi um dano na plataforma e, quando não tiveram mais condição de manter a plataforma com estabilidade, decidiu-se desembarcar os trabalhadores.
Como é o procedimento de retirada de uma navio nestas condições?
Vieira – A Petrobrás ainda está avaliando como vai fazer. Obviamente, existe um risco dessa trinca expandir. Se não houvesse tal risco, os trabalhadores não teriam sido retirados.
Eu já participei do processo de retirada do FPSO Brasil. O processo normal não é retirar as âncoras do fundo com a unidade amarrada. O processo normal é desconectar as âncoras da unidade e também os dutos. Ao que parece, ainda existem dutos conectados ao FPSO Rio de Janeiro. E aí sim, enquanto você está retirando essas âncoras você posiciona com outras embarcações e estabiliza o FPSO. No momento que você desconectou todas as âncoras, você retira a unidade do local e posteriormente resgata as âncoras já sem tensão. Desconheço já ter sido realizada uma retirada de âncoras tensionadas da unidade. É um processo bem mais complexo.
O QUE DIZEM AS EMPRESAS
Leia abaixo a nota enviada pela Modec:
A Modec informa que permanece estável e em condições normais de calado e inclinação o FPSO Cidade do Rio de Janeiro, localizado na Bacia de Campos, a 130 quilômetros da costa. Sobrevoo realizado hoje observou redução relevante da mancha de óleo, que, no momento, tem aproximadamente 0,4m³.
Já está em Macaé a equipe de Salvage que avaliará as condições do FPSO e determinará a melhor estratégia para concluir o descomissionamento e remover a plataforma. O embarque do grupo ocorrerá nesta quarta-feira, 28.
Operado pela Modec e a serviço da Petrobras desde 2007, o FPSO Cidade do Rio de Janeiro encerrou seu ciclo de produção em julho de 2018 e está em processo de desmobilização desde então.
A Petrobrás também emitiu um novo comunicado:
A Petrobras, em continuidade ao comunicado divulgado em 26/8, informa que a empresa Modec comunicou à companhia que permanece estável e em condições normais de calado e inclinação o FPSO Cidade do Rio de Janeiro, localizado na Bacia de Campos, a 130 quilômetros da costa.
Sobrevoo realizado ontem (27/8) observou redução da mancha de óleo, que, no momento, tem aproximadamente 0,4m³.
A Modec também informou que já se encontra em Macaé a equipe de Salvage que avaliará as condições do FPSO e determinará a melhor estratégia para concluir o descomissionamento e remover a plataforma. O embarque do grupo ocorrerá hoje (28/8).
O FPSO Cidade do Rio de Janeiro, operado pela Modec desde 2007, encerrou seu ciclo de produção em julho de 2018 e está em processo de desmobilização desde então.
Essa empresa soh dah dor de cabeca pra Petrobras e continua ganhabdo a licitacao dos novos projetos…. vai entender….
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