SKIC BRASIL AVANÇA NO SETOR SOLAR, MIRA EM NOVOS NEGÓCIOS EM TRANSMISSÃO E PREVÊ DOBRAR SUA CARTEIRA DE PROJETOS NO PAÍS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A empresa de origem chilena Sigdo Koppers Ingieneria Y Construccion (SKIC) chegou ao Brasil em 2016 e, desde então, tem conquistado cada vez mais espaço no mercado nacional. A companhia começou forte no segmento de transmissão de energia, e já acumula a expressiva marca de 2 mil km de linhas de transmissão no país. Mais recentemente, o grupo anunciou ao mercado que conquistou seu primeiro projeto de construção no segmento solar brasileiro – uma usina fotovoltaica que será desenvolvida para a Auren Energia, em Minas Gerais. Olhando para o futuro, a ideia da empresa é continuar conquistando novos negócios em solo brasileiro. É o que afirma o CEO da SKIC Brasil, Robson Campos, nosso entrevistado desta terça-feira (16). O executivo detalha que a companhia irá participar dos leilões de transmissão deste ano, em parceria com as empresas que vão disputar os contratos de concessão. Paralelamente, a SKIC mapeia futuras oportunidades nos segmentos de mineração, eólica offshore e hidrogênio verde. Por fim, Campos projeta que o Brasil deve terminar o ano de 2023 representando cerca de 30% da receita global da SKIC em engenharia em construção. “Além disso, projetamos que até 2025 o Brasil vai corresponder a quase 50% da receita”, declarou. “A SKIC Brasil encerrou 2022 com aproximadamente R$ 1 bilhão em carteira. E devemos terminar o ano de 2023 com, ao menos, R$ 2 bilhões em carteira. O futuro é bem promissor e estamos bem preparados para capturar esse crescimento”, finalizou o executivo.
Para iniciar nossa entrevista, gostaria que comentasse sobre o contrato para construção de uma usina solar em Minas Gerais. Qual a importância desse negócio para a SKIC?
Esse é um projeto estratégico para a empresa por uma série de razões. A primeira delas é justamente o fato de ser o primeiro projeto de um parque solar construído pela SKIC no Brasil. Além disso, trata-se de um empreendimento de grande porte. Será uma usina fotovoltaica de 636 MWp (megawatts pico) para a Auren Energia, empresa investida da Votorantim S.A, em seu Parque de Sol de Jaíba, em Minas Gerais.
A princípio, pode parecer um risco iniciar a atuação no segmento com um projeto dessa magnitude, mas a nossa empresa está acostumada e tem experiência em projetos complexos. Por isso, entendemos ser plenamente capazes de atender a esse mercado. Embora a SKIC Brasil já tenha recebido convites e propostas para outros parques, preferimos concentrar esforços nesse primeiro projeto, para só depois avaliar e participar de outras obras.
Quais são as perspectivas da SKIC Brasil com o segmento de geração solar no Brasil?
Os dois segmentos da geração solar (geração distribuída e geração centralizada) são bem promissores. A SKIC Brasil não atende a geração distribuída, porque ainda que seja um segmento que concentre um grande volume de obras, tratam-se de projetos pequenos, que ficam abaixo do nosso critério mínimo de tamanho de obra. O mercado de geração distribuída já vem crescendo há muito mais tempo no Brasil. Mas nos últimos quatro anos, começou a ganhar força no país a geração centralizada – segmento que desperta um maior interesse por parte da SKIC.
O número de projetos no nosso pipeline e no mercado, de forma geral, é imenso. Recebemos, no mínimo por semana, um pedido de proposta para construção de parques solares. Apenas a título de comparação, nenhum outro setor responde por mais de um pedido por semana no mercado de infraestrutura e construção. Por conta disso, precisamos fazer uma seleção criteriosa sobre em quais projetos vamos atuar. Fazer uma proposta competitiva e bem feita, tecnicamente falando, não é simples. Daí a nossa seletividade em escolher bem as nossas propostas.
Para além do setor de geração solar, como está a prospecção de negócios da companhia dentro do mercado de energia?
Estamos no Brasil desde 2016. Nos primeiros quatro anos de atuação no país, ficamos focados no segmento de linhas de transmissão. Tivemos um boom histórico de construção de linhas de transmissão, com mais de 2 mil km de linhas. No final de 2020, decidimos diversificar os negócios e crescer. Então, abrimos outra frente de atuação – a de mineração/indústria pesada. Dentro do setor de energia, também decidimos ampliar e diversificar nossa atuação. Ou seja, além de linhas de transmissão, passamos a trabalhar em projetos de subestações, geração solar e geração térmica.
Falando especificamente sobre o segmento de transmissão, as oportunidades iniciais não estavam em linhas de concessão, mas sim em linhas privadas. Porém, no ano passado, percebemos que os leilões de transmissão marcados para 2023 seriam bastante robustos. Essa é uma a janela de oportunidade que queremos aproveitar para voltar com mais força para o mercado de concessão.
Nesses próximos leilões, a expectativa é que haja um nível de deságio menor por parte das concessionárias e, ao mesmo tempo, um nível de preço EPC mais interessante. Além disso, esperamos que os clientes busquem as melhores EPCistas, com uma boa estrutura técnica e financeira. Nesse ponto, a SKIC se destaca. Estamos aprofundando os estudos e as análises e a engenharia sobre os lotes para os quais devemos apresentar propostas. Entendemos que devemos selecionar alguns poucos clientes para entrarmos juntos nos projetos, fazendo pré-contratos e atuando de forma conjunta e competitiva nesses leilões.
Seria interessante ouvir também as suas perspectivas para além do mercado de energia.
No segmento de mineração/indústria pesada, também vemos uma oportunidade de crescimento. Há um potencial para expansão de negócios em projetos de mineração de ferro, ouro, cobre, lítio, entre outros. Adicionalmente, todas as grandes siderúrgicas apresentam planos de investimentos em CAPEX e OPEX muito interessantes. O setor de papel/celulose também tem muita força, com muitos investimentos sendo colocados em pé. Entendo que isso também vai gerar oportunidade para a área de EPC e construção e montagem. Esses são alguns dos segmentos dos quais estamos próximos, buscando novos negócios.
Os setores de hidrogênio limpo e eólica offshore estão ganhando destaque cada vez mais nos últimos anos. Olhando para o futuro, a SKIC também teria o interesse em ingressar nesses setores?
Olhamos com atenção para esses dois segmentos, que são emergentes. Ainda não há projetos relevantes no pipeline em implantação, mas acredito que esses setores vão ganhar força em pouco tempo. A SKIC vê um bom potencial no segmento de eólica offshore no médio/longo prazo. Uma parte do nosso tempo é dedicada ao estudo de projetos que virão no futuro.
O mesmo vale para o hidrogênio verde. Aqui no Brasil, não temos nenhum desenvolvimento em andamento. Mas no Chile, onde fica a nossa matriz, existem acordos muito promissores já assinados entre a empresa e potenciais clientes e desenvolvedores de hidrogênio verde. A SKIC está sempre na linha de frente desses desenvolvimentos. Por isso, eu entendo que uma vez que esses projetos forem desenvolvidos no Chile, poderemos trazer essa expertise para o Brasil. Não é por coincidência que Brasil e Chile são os países com maior o potencial para hidrogênio verde na América do sul. E estamos muito bem posicionados para capturar essa sinergia.
Por fim, poderia comentar a importância do mercado brasileiro para os negócios da SKIC?
Falando especificamente da área de engenharia de construção, o Brasil deve terminar o ano de 2023 representando cerca de 30% da receita total da SKIC. No ano passado, o país respondeu por 10% do faturamento. Além disso, projetamos que até 2025 o Brasil vai corresponder a quase 50% da receita.
A SKIC Brasil encerrou 2022 com aproximadamente R$ 1 bilhão em carteira. E devemos terminar o ano de 2023 com, ao menos, R$ 2 bilhão em carteira. O futuro é bem promissor e estamos bem preparados para capturar esse crescimento. A SKIC veio ao Brasil para ficar. Temos uma visão de crescimento, com objetivo de alcançar o posto de uma das principais empresas de engenharia e construção do Brasil. Eu diria que em dois ou três anos, seremos uma das 10 maiores do setor. Essa é a nossa ambição.
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