SÓ 50% DO TRANSPORTE DE RADIOISÓTIPOS PARA MEDICINA NUCLEAR PARA O BRASIL ESTÁ NORMALIZADO
O transporte aéreo internacional tem sido até agora o principal gargalo na obtenção de radioisótopos e medicamentos nucleares onde são necessários durante a pandemia da COVID-19. Hoje, a Nuclear Medicine Europe (NMEu) trouxe uma boa notícia e diz que há sinais de que a situação está melhorando para alguns países da Europa e para os Estados Unidos. Pelo menos isso. Para o Brasil, apenas 50% das nossas necessidades estão sendo atendidas com as cargas chegando semanalmente da Rússia: “As opções de transporte aéreo, inclusive via voos comerciais programados, têm aumentado, embora ainda existam muitas mudanças e dificuldades de última hora no transporte de radioisótopos para algumas regiões.” Essa informação é de um grupo de trabalho de segurança do suprimento da organização. As mudanças logísticas criaram dificuldades de curto prazo no fornecimento de radioisótopos médicos, “mas atualmente não há tanta escassez específica”, afirmou o comunicado.
O NMEu foi avisado de que os procedimentos de medicina nuclear devem aumentar nas próximas semanas, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, e prevê-se que não haverá problemas em atender a um aumento na demanda. Para o Brasil, as dificuldades permanecem, com irregularidades no abastecimento do IPEN, ainda em função de problemas com Holanda e África do Sul, de onde o Brasil tem tradição de comprar os radioisótopos, além da Rússia. A Rosatom informou que a logística da Rússia para o Brasil está praticamente normalizada. O último carregamento chegou na segunda-feira (27) e o próximo está previsto para a próxima segunda, dia 4 de maio. A estatal russa é responsável pela metade do fornecimento de radioisótopos para o Brasil.
A transportadora nacional holandesa KLM, que anteriormente se recusava a transportar materiais radioativos de classe 7, como os radioisótopos, anunciou que retomaria o transporte de isótopos médicos da Europa para os Estados Unidos a partir de ontem De acordo com a Sociedade de Medicina Nuclear e Imagem Molecular, a KLM notificou que “com base nas necessidades humanitárias e na urgência médica e após uma auditoria de segurança completa.” A companhia aérea transportará os radioisótopos por um período limitado de tempo. Inicialmente cinco semanas: “até a United Airlines ou uma alternativa estável estar atualizada”.
Separadamente, o produtor de radioisótopos da África do Sul, NTP Radioisotopes, informou que a South African Airways (SAA), fez o transporte do material apenas em voos de repatriação em todo o mundo. Até agora, a colaboração viu 14 remessas de emergência de radioisótopos médicos deixarem a África do Sul em voos da SAA, rumo à Europa, América do Norte e América do Sul. Mas não há mais previsão de voos desta natureza para o Brasil. A diretora administrativa do Grupo NTP, Tina Eboka, disse que “A NTP tinha um plano de gerenciamento de crises e uma equipe em funcionamento antes mesmo do governo sul-africano anunciar o bloqueio nacional, o que nos permitiu implementar rapidamente medidas para limitar a exposição da equipe e aumentar os protocolos de segurança, enquanto ainda permitia pessoal essencial de produção, manutenção e segurança.” No entanto, vários pedidos foram cancelados ou não puderam ser concluídos devido a alterações e cancelamentos de voos, pois o espaço aéreo e as fronteiras foram gradualmente bloqueados devido ao COVID-19.
Uma pesquisa da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) com os principais produtores de radioisótopos descobriu anteriormente que, embora a produção de radioisótopos médicos tenha continuado durante a pandemia, gargalos no transporte e distribuição podem levar à escassez nos hospitais. Em um seminário on-line sobre o fornecimento de radioisótopos médicos e radiofármacos, organizado pela AIEA, participantes de 18 países observaram que menos procedimentos radiológicos estão sendo realizados globalmente, enquanto os profissionais de saúde se concentram na resposta ao COVID-19.Para lembrar, a maioria dos radioisótopos e radiofármacos é transportada internacionalmente através de voos comerciais programados. Esses voos foram reduzidos em resposta à pandemia, o que é particularmente problemático para os radioisótopos médicos de vida curta.
Stephen Whittingham (foto à direita), chefe da Unidade de Segurança de Transporte da AIEA, disse que muitas companhias aéreas estão começando a usar aeronaves de passageiros em voos apenas com carga, mas precisam da permissão dos reguladores aéreos para fazer essa mudança. Além disso, algumas transportadoras e aeroportos recusaram-se a transportar substâncias da classe 7 no passado. Ele pediu aos produtores e usuários de radioisótopos médicos que considerem medidas, incluindo a colaboração com as companhias aéreas, para fortalecer sua rede de transportadoras existente, conforme necessário, e que considerem se envolver com possíveis novas transportadoras.
Deixe seu comentário