SOBENA COMPLETA 60 ANOS DE VIDA E VOLTA SUAS ATENÇÕES PARA A EÓLICA OFFSHORE E A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A semana que começa hoje (24) será especial para a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (SOBENA). A entidade, que congrega engenheiros e pessoas físicas ou jurídicas e instituições relacionadas com a engenharia naval do país, está comemorando 60 anos de vida em 2022. Entre terça (25) e quinta-feira (27), a instituição organizará a 29ª edição do Congresso Internacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore, no hotel Windsor Flórida Hotel, no Rio de Janeiro. E no último dia do evento, uma cerimônia no Iate Clube do Rio de Janeiro marcará as comemorações de 60 anos da sociedade. Para falar um pouco desse momento especial, o Petronotícias conversa nesta segunda-feira com o diretor e coordenador do Comitê Técnico SOBENA de Descomissionamento, Ronald Carreteiro. Além de falar sobre a celebração dos 60 anos da entidade, o executivo traçou alguns dos novos assuntos que entrarão no radar da SOBENA daqui em diante: “O primeiro tema será a eólica offshore. Esse é o futuro. A energia eólica é uma realidade no Brasil. Nós temos ventos regulares e constantes no Nordeste e no Sul do país. Outra vantagem é que será possível aproveitar algumas estruturas da indústria offshore de petróleo, que serão descomissionadas, para serem utilizadas como energia eólica offshore”, apontou. Carreteiro, que será um dos homenageados com o Prêmio SOBENA 2022 na próxima quinta-feira, falou ainda que a instituição também está atenta ao debate sobre a transição energética.
Para começar nossa entrevista, gostaria que falasse um pouco desse momento especial de comemoração dos 60 anos da instituição.
É bom que todos saibam que a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval é uma instituição de voluntários. A diretoria da entidade é formada por profissionais de destaque no mercado, eleitos bianualmente pelos associados. Esses profissionais se dedicam de forma pro bono na sociedade, de modo a disseminar conhecimento e informações sobre tecnologia. A lista completa da atual diretoria e dos ex-presidentes da SOBENA está disponível no site da instituição.
A SOBENA não é uma empresa ou um sindicato de classe. Somos uma sociedade que objetiva o desenvolvimento do conhecimento da engenharia naval como um todo. A área de engenharia naval pode abranger uma ampla gama de profissionais, tais como engenheiros mecânicos, engenheiros químicos, engenheiros elétricos, entre outros. O que está em jogo é a engenharia naval. É isso que move a SOBENA. Não somos um agregado de uma especialidade só. A sociedade é caracterizada pela diversidade de engenheiros e pela troca de experiências dos diversos campos dentro da engenharia naval.
Agora, gostaria de ouvir um pouco sobre o congresso de três dias da SOBENA, que será iniciado amanhã. Quais serão as novidades do evento deste ano?
Um dos destaques da programação será a apresentação de artigos, que abordarão diversos temas: portos e hidrovias, transporte de carga e passageiros, sistemas logísticos, construção e comissionamento, gerenciamento da integridade da extensão da vida útil, descomissionamento e desmantelamento, meio ambiente marinho, energias renováveis e inteligência artificial.
O Congresso SOBENA é realizado a cada dois anos. Durante a pandemia, o evento foi realizado totalmente no ambiente online. Neste ano, o congresso passará para a modalidade híbrida. Isso permitirá que todas as palestras sejam vistas em âmbito nacional e internacional. O congresso é formatado para ser um ambiente propício para pesquisadores, engenheiros, gestores de empresas que trabalham no mundo da indústria naval, membros da área industrial, representantes da construção naval, Marinha, agentes de governo, acadêmicos e alunos.
Falando especificamente sobre descomissionamento e desmantelamento, que foi tema da nossa última entrevista, poderia falar rapidamente como a indústria nacional está preparando-se para esse mercado?
Quando começamos a levantar a bandeira do tema do desmantelamento, esse era um assunto que ainda era deixado de lado. Esse tem sido um tema no qual tenho colocado ênfase há mais de 14 anos. Infelizmente, muitas pessoas no passado achavam que esse mercado não iria vingar no Brasil. Mas, hoje, estamos com a regulamentação sobre o tema dependendo apenas de aprovação em duas comissões no Congresso Nacional. A indústria brasileira será pega de calça na mão, porque muitas empresas não se prepararam ainda para fazer o desmantelamento. Felizmente, algumas companhias estão preparando-se para esse mercado.
Olhando para o futuro da SOBENA, quais serão os novos temas que entrarão no radar da entidade?
O primeiro tema será a eólica offshore. Esse é o futuro. A energia eólica é uma realidade no Brasil. Nós temos ventos regulares e constantes no Nordeste e no Sul do país. Outra vantagem é que será possível aproveitar algumas estruturas da indústria offshore de petróleo que serão descomissionadas para serem utilizadas como energia eólica offshore.
Outro tema no radar é a descarbonização. Esse assunto é fantástico, mas que ainda está engatinhando no Brasil. Importante mencionar também a aplicação da inteligência artificial e da digitalização na indústria de óleo e gás. Esse movimento já está em curso no Brasil, mas ainda está em uma fase inicial. Estamos trazendo pessoas muito fortes no mercado para discutir esse tema e, inclusive, criamos um comitê específico para esse assunto. A SOBENA irá realizar eventos e produzir artigos para divulgação do conhecimento e das inovações em todos esses temas. Nosso objetivo é sempre difundir a inovação.
E quanto à transição energética? A SOBENA também debruçar-se sobre esse assunto?
A transição energética é um tema que não se esgota. O petróleo ainda terá uns 60 ou 70 anos pela frente. Ele vai diminuir a sua importância e, nesse meio tempo, outras formas de energia vão emergir. Essa substituição das fontes fósseis por energias limpas não será realizada de uma hora para outra. Estamos falando de investimentos altíssimos para alcançar um custo operacional baixo como alternativa. A energia eólica já está demonstrando competitividade. A energia solar também.
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