SÓCIA DE CARCARÁ, BARRA ENERGIA AVANÇA FOCADA NO PRÉ-SAL BRASILEIRO
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A Barra Energia, comandada por nomes de peso da indústria de óleo e gás brasileira, como o presidente do conselho do IBP, João Carlos de Luca, e o ex-presidente do Conselho Mundial de Petróleo Renato Bertani, surgiu em 2010, sem fazer alarde, mas em poucos anos, e com poucos ativos no portfólio, já conta com perspectivas bastante significativas em termos de reservas. Afinal, a empresa possui 10% de Carcará, considerada uma das maiores descobertas mundiais dos últimos tempos, e também conta com 30% de participação no campo de Atlanta, tendo recebido aportes de US$ 1,2 bilhão de fundos de investimentos desde seu surgimento. Desde então, vem trabalhando no desenvolvimento das duas acumulações e mantém o pré-sal como foco principal para o crescimento futuro. O presidente da Barra Energia, Renato Bertani, que integra a série de entrevistas do Petronotícias com companhias de petróleo presentes no Brasil, afirma que a empresa “se posicionou num nicho de oportunidades que seriam pouco materiais para as grandes companhias e muito intensivas em capital para as companhias de pequeno porte”, e destaca que o Brasil tem um forte potencial atrativo para novos investimentos, mas ressalta que as mudanças em curso – como extensão do Repetro, fim da operação única no pré-sal, alteração da política de conteúdo local etc – são necessárias para manter essa atratividade. “O potencial petrolífero do Brasil desperta enorme interesse de investidores. Esta é uma condição necessária, mas não suficiente, para que grandes investimentos sejam efetivamente comprometidos”, diz.
Quais os maiores interesses da empresa no mercado de óleo e gás brasileiro?
A Barra Energia é uma companhia independente, atuando no setor de E&P do Brasil, formada por uma equipe de técnicos e gestores predominantemente brasileiros e capitalizada majoritariamente pelos fundos privados americanos First Reserve e Riverstone. O plano de negócios da companhia está fundamentado em três princípios: disciplina de capital, rigor científico e alto padrão ético na condução de todas as atividades.
Em função destes princípios, a estratégia da companhia foi a de manter foco na província do pré-sal, comprovadamente uma das mais promissoras do mundo em termos de potencial exploratório, buscando oportunidades que atendessem às demandas de rentabilidade, perfil de risco e exposição de capital compatíveis com o plano de negócios da Barra Energia.
Quais são os fatores mais atraentes do mercado de óleo e gás brasileiro e quais os maiores desafios dele para a empresa?
A indústria de petróleo do Brasil continua despertando enorme interesse das companhias, principalmente porque as bacias sedimentares do país apresentam enorme potencial para descoberta e apropriação de grandes volumes de reservas de óleo e gás. O país oferece oportunidades para todos os tipos de investidores, tanto para as grandes companhias internacionais de capital privado ou estatal, fundos de investimentos, companhias médias independentes, quanto companhias de pequeno porte.
A BE se posicionou num nicho de oportunidades que seriam pouco materiais para as grandes companhias e muito intensivas em capital para as companhias de pequeno porte.
Em consonância com o plano estabelecido, a BE construiu neste nicho, a partir do início de suas operações em maio de 2010, uma carteira de projetos que inclui a descoberta de Carcará (que é uma acumulação de classe mundial em fase avançada de delimitação), o Campo de Atlanta (que está em fase de desenvolvimento com início da produção previsto para o segundo semestre de 2017), além de diversos prospectos exploratórios de alto potencial.
A BE, portanto, tem uma base de ativos que por si só já lhe permite crescimento orgânico e geração de valor adicional para seus investidores.
Como avalia o momento do setor de petróleo brasileiro e as mudanças que estão sendo realizadas no País? Como essas mudanças impactam o planejamento da empresa no Brasil?
O potencial petrolífero do Brasil desperta enorme interesse de investidores. Esta é uma condição necessária, mas não suficiente, para que grandes investimentos sejam efetivamente comprometidos.
Tendo em vista a volatilidade de preços internacionais de petróleo e o quadro político/econômico no Brasil, as mudanças regulatórias que o novo governo começou a implantar são essenciais para a continuação do plano de investimentos da companhia. Da mesma forma, estas reformas são críticas para a melhoria do ambiente de negócios do setor e a atração de novos capitais para a indústria, essenciais para o pleno desenvolvimento do enorme potencial de recursos petrolíferos das bacias sedimentares do país, principalmente da província do pré-sal.
Como avalia o fim da obrigatoriedade de operação única no pré-sal?
A mudança da lei que remove a obrigatoriedade de a Petrobrás ser a única operadora de novos projetos do pré-sal é um bom começo. E estamos otimistas que as discussões de diversos outros temas de muita importância, como a extensão do Repetro, aperfeiçoamento do modelo de conteúdo local, unitização, definição de um calendário de leilões, sejam levadas a bom termo nos próximos meses.
Como vê a política de conteúdo local? Quais os erros e os acertos dela, a seu ver?
Em maior ou menor grau, a maior parte dos países produtores de petróleo se utilizam de políticas de conteúdo local para o desenvolvimento de uma indústria nacional de bens e serviços. Acho que a política de conteúdo local no Brasil tem méritos, pois uma indústria local pujante e competitiva acaba beneficiando as companhias de petróleo que, independentemente de obrigações regulatórias, preferirão adquirir no próprio país. Mas o modelo regulatório brasileiro, muito calcado em pesadas multas para o não atingimento de índices de nacionalização, precisa ser ajustado para estimular o crescimento do setor de forma competitiva do ponto de vista de prazo, custo e qualidade, tanto no Brasil quanto no exterior. Vemos como muito positivas as discussões em andamento entre o governo e entidades empresariais representando a indústria do petróleo e o setor de bens e serviços, buscando o melhor ponto de equilíbrio para atingir este propósito.
A companhia tem interesse em participar dos leilões de novas áreas previstos para 2017?
A BE continuará investindo em seus projetos atuais, bem como analisando novas oportunidades de negócios, obviamente ajustando suas estratégias às mudanças do marco regulatório que venham a ser implementadas. De qualquer forma, a companhia continuará pautando seus investimentos pelos critérios acima indicados, ou seja, continuará focada na região do pré-sal e condicionará novos investimentos a rigorosas análises de viabilidade técnica e econômica.
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