SÓCIO DA SANKO ADMITE TER PAGO R$ 37 MILHÕES A YOUSSEF, MAS NEGA PROPINA

O sócio administrador da Sanko-Sider, Marcio Bonilho (foto), admitiu em depoimento à CPI mista da Petrobrás ter pago R$ 37 milhões ao doleiro Alberto Youssef, mas negou que o dinheiro tenha sido propina, referindo-se aos valores como “comissões”. Ele contou que a parcela de Youssef nos negócios variava de acordo com cada contrato, podendo ir de 3% a 15%, além de citar algumas das empreiteiras para que a Sanko forneceu, como Odebrecht, UTC, Camargo Corrêa e OAS.

“Eu paguei 37 milhões a Alberto Youssef pelo serviço de comissão”, afirmou, pouco antes de complementar: “Era dito no setor que ele tinha um trafego bom junto às construtoras”. Segundo o executivo, o doleiro intermediou 12 negócios da Sanko.

Bonilho negou qualquer atividade ilegal, afirmando que avisou ao doleiro que iria comunicar as autoridades caso as notas fiscais tivessem problema, e deu detalhes sobre um dos contratos apontados pelas investigações da Polícia Federal como irregular. Trata-se do fornecimento de tubos para o consórcio CNCC, que atuou em obras na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em que o executivo disse ter tido lucro de 6% a 8%. O contrato, segundo Bonilho, tinha o valor total de R$ 198 milhões, e, nas contas dele, o doleiro, intermediador do acordo, teve um lucro de 10% a 15%.

Os parlamentares presentes na sessão da CPI chegaram a se impacientar com o executivo, questionando se ele não sabia da atividade de Youssef como doleiro.

“Eu não entrei no Google para checar o nome dele. (…) Não fiz negócios com ele no parlatório da penitenciária. Ele tinha direito de ter suas atividades. Eu até achava que ele estava se recuperando e não haveria mais falha”, disse.