SOLUÇÃO PARA OBRAS DE CONCLUSÃO DE ANGRA 3 PODE VIR DA CHINA
A solução para a conclusão de Angra 3 pode vir da China. O assessor de Desenvolvimento de Novas Centrais Nucleares da Eletronuclear, Marcelo Gomes, disse nesta sexta-feira (23) que a possibilidade de parceria com a China e a empresa CNNC é uma das alternativas que estão sendo estudadas. Foi assinado um memorando de parceria, embora, segundo o assessor, o acordo não estabelece nenhum compromisso de ambas as partes. A CNNC e Eletronuclear estão dispostas a conversar no sentido de explorar a possibilidade de parceria para a conclusão de Angra 3, mas não significaria passar a propriedade de Angra 3 ou alguma participação acionária da usina. Isso não está em consideração.
A pauta bilateral é a possibilidade de financiamento e de trazer para a conclusão do projeto brasileiro a experiência dos chineses na construção de usinas nucleares. A operação de Angra 3 e a propriedade da usina permaneceriam com a Eletronuclear. A estatal China National Nuclear Corporation (CNNC), é responsável pela construção e operação de 12 usinas nucleares que respondem por 9,7 Gigawatts de energia naquele país. A defesa de participação privada na construção das novas usinas nucleares que o país precisa, vem sendo defendida pela ABDAN, Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares, presidida pelo engenheiro Antônio Müller. Esta decisão pode ser um fator de grande transformação no sistema de geração de energia no Brasil, com capacidade de gerar milhares de empregos e movimentar o segmento de maneira extraordinária.
Uma eventual parceria com a China visaria dar continuidade ao programa de construção de Angra 3:
“Que as obras não atrasem e sejam concluídas a tempo. Os chineses têm muita experiência no gerenciamento de construção e a gente poderia trazer um pouco disso para a conclusão de Angra 3”, disse Marcelo Gomes.
Mas depois dessa solução haverá um outro entrave que a Eletronuclear não precisa combinar com os russos para resolver. Vai precisar combinar com brasileiros. O imbróglio da suspensão do contrato de construção civil e de montagem, precisa ser solucionado. A Andrade Gutierrez, que fazia a parte civil, ficou sem receber e saiu da obra. Os consórcios responsáveis pela montagem também desistiram por falta de pagamentos, foram desfeitos, ficando apenas a EBE, que manifestou o seu desejo de continuar. A EBE construiu sozinha Angra 1 e participou do consórcio de Angra 2, mas precisaria do suporte de empresas parceiras para continuar no negócio.
Do outro lado, existe a questão do financiamento. Embora o projeto conte com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal, há outra parcela que precisa ser equacionada. De acordo com números fornecidos pela Eletronuclear, os investimentos diretos já efetuados na construção de Angra 3 alcançam R$ 6,15 bilhões, aos quais se somam R$ 2,33 bilhões de despesas indiretas que incluem juros, administração, entre outras. No total, os investimentos efetuados na obra atingem R$ 8,48 bilhões.
O assessor de Desenvolvimento de Novas Centrais Nucleares da Eletronuclear destacou que o orçamento que falta para concluir a obra está sendo objeto de auditoria independente feita pela empresa Deloitte, cujos trabalhos devem ser encerrados até o final deste ano. Gomes deixou claro, porém, que a retomada das obras de Angra 3 depende da aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que deve se reunir no começo de 2017. Não há ainda uma data definida. Caso seja aprovada, a meta é retomar a construção de Angra 3 em meados de 2018. A Eletronuclear está buscando entendimento também com outros países que podem trazer alguma parceria nessa área, principalmente em construção e financiamento.
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