SOTREQ APOSTA EM SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO PARA ENFRENTAR PERÍODO DE MENOR DEMANDA POR EQUIPAMENTOS
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A estagnação das encomendas nos setores naval e de óleo e gás criou um vácuo para os fabricantes de equipamentos no curto prazo, o que vem preocupando muitas empresas, mas também acabou gerando um aumento de oportunidades na outra ponta da cadeia, por meio de contratos de manutenção. É neste foco que a Sotreq tem apostado suas fichas nos últimos tempos, buscando fortalecer o suporte aos clientes e o fornecimento de serviços para ativos em operação que precisarão estender suas vidas úteis. O Diretor da Unidade de Petróleo e Marítimo da Sotreq, Filipe Lopes, conta que a crise obrigou a companhia a fazer uma reestruturação, mas mantiveram intacta a equipe operacional, porque a demanda de campo ainda segue alta. Um dos resultados disso é a atividade da empresa em Macaé, onde inaugurou uma filial em 2014, com capacidade para armazenar 16 mil itens, que tem tido apenas 20% de ocupação. “Mas a maior parte do trabalho é em campo, com a manutenção, então, apesar dessa ociosidade do espaço, temos muita receita com o movimento da operação nos campos”, afirma. Lopes reconhece que o cenário nacional é negativo, mas se mantém otimista sobre a retomada dos investimentos: “Acreditamos no mercado e sabemos que ele vai voltar. O difícil é dizer quando”.
Quais são os principais negócios da Sotreq em andamento no mercado de petróleo brasileiro?
Atualmente, o mercado de óleo e gás está muito ruim, não só pelo que está acontecendo no Brasil, com a crise política e econômica, Lava Jato etc, como pelo próprio mercado internacional, que está em baixa, e caiu ainda mais com o Reino Unido. O fato é que está muito abaixo do que estava há dois anos atrás. No Brasil, o mercado deu uma retraída de uma maneira geral.
Aqui na Sotreq a área mais afetada é a de projetos, que não tem nada novo em vista. Tem projetos que ainda vinham do passado, mas no médio prazo é um cenário bastante preocupante. Com relação à parte de manutenção e serviços similares, tem andado bem. Apesar de não estarem havendo investimentos em novos ativos, pelo menos os que ainda estão no Brasil estão operando, demandando manutenção. É o que tem sustentando a nossa área de óleo e gás.
E como a empresa está vendo este momento do setor?
Do nosso lado, estamos investindo muito em eficiência, qualificação do nosso pessoal, para evitar efeitos de começar um trabalho e ter que refazer por algum erro inicial. Tivemos uma reestruturação, com redução de quadro e de custos na parte administrativa, mas na área operacional temos conseguido manter o pessoal, com os serviços de manutenção. Isso em termos imediatos.
No médio prazo, fica hoje muito complicado tomar alguma medida, porque a gente não consegue vislumbrar onde tudo vai parar. Todo dia a Lava Jato tem alguma nova fase, e o mercado está muito restritivo em termos de investimentos, porque há uma insegurança política muito grande, e isso vai perdurar até que se tenha maior clareza dos rumos que o Brasil vai tomar.
Se continuar dessa forma, vamos ter que tomar outras medidas. Mas assim como o momento ainda está ruim, ele pode começar a virar. O barril vem subindo um pouco nos últimos meses, então nossa aposta é que vai reverter. O difícil é prever quando.
Como encara o momento político do país e quais são os desdobramentos esperados para o mercado?
As medidas que o governo provisório está tomando, colocando pessoas técnicas nos quadros, parecem adequadas. O mercado tem visto as pessoas que têm assumido como boas. Porém, é aquela história; pelo menos três que assumiram foram acusados na Lava Jato. Entao é difícil opinar. O governo parece estar tentando tomar medidas certas, mas mesmo nelas houve problemas. Então não dá para assegurar de fato que tudo vai andar para frente.
Quais equipamentos e serviços da Sotreq tem tido maior demanda?
Na parte de equipamentos, ainda temos alguns projetos para serem entregues, mas novos não temos nada.
Estão buscando novas oportunidades no exterior, em países vizinhos?
A Sotreq é restrita ao Brasil. Temos acompanhado o mercado, aguardando a situação, mantendo muitos contatos com a Petrobrás e com outras operadoras. Alguns projetos que estamos esperando para concorrer são os FPSOs de Sépia e Libra. A gente não concorre diretamente, mas sim com a possibilidade de fornecer equipamentos para empresas como Modec, BW Offshore e SBM, que concorrem diretamente.
Como a empresa tem se estruturado para enfrentar o momento de crise?
Otimizamos as áreas de vendas e administrativa, e trabalhamos para encarar o que tínhamos de maiores oportunidade. Nas áreas de suporte, não mexemos, porque precisamos manter os profissionais em campo em operação.
Como estão as atividades na unidade de Macaé?
A planta começou a operar no final de 2014, e obviamente tínhamos plano para crescer, mas seguramos por causa da demanda. Temos estoque para 16 mil itens, e hoje a capacidade ocupada deve estar em no máximo 20%. Mas a maior parte do trabalho é em campo, com a manutenção, então, apesar dessa ociosidade do espaço, temos muita receita com o movimento da operação nos campos, gerando o suficiente para sustentar a filial. É muito focado em manutenção, peças e serviços.
Que tipo de serviços?
Equipamentos Caterpillar, como motores, geradores, entre outros. Uma coisa importante que vale mencionar é que há pouco mais de um ano viramos representantes da EMD, uma fabricante americana de motores. Investimos em pessoal, treinamento, e temos prestado serviço para diversos operadores, como Petrobrás e Queiroz Galvão. Então, nessa crise, apareceu pelo menos uma oportunidade nova para trabalhar. A gente também vende esses motores, mas temos tido demanda mesmo em manutenção.
Como tem sido os desdobramentos da parceria formada com a Radix em 2015?
Essa parceria foi muito voltada à questão da inovação, para ampliar nossos horizontes e não ficarmos restritos a produtos. Ainda não tem muita sinergia, mas sem duvida é uma coisa que vai gerar oportunidades para o futuro.
Na área marítima, quais são as alternativas à redução da demanda por embarcações de apoio?
É o mesmo cenário da área de óleo e gás. Está vivendo muito em função do mercado hidroviário, que é a parte de escoamento de grãos pelo Norte do Brasil, produzidos no Centro-Oeste. Temos conseguido alguns fornecimentos de equipamentos nesse segmento, que se desenha para ser um grande gerador de oportunidades para manutenção no futuro, porque as embarcações operam em regime continuo.
Estudam algum tipo de diversificação?
A gente procura aumentar nosso escopo. Então, além de equipamentos Caterpillar, temos parcerias com a Vulkan e com a CJC, que agregam novas oportunidades e complementam a nossa solução. São todos ligados a operações contínuas que geram oportunidades de manutenção e operação.
Quais as expectativas de negócios para este ano?
Nossa estimativa é conseguir fechar o ano ainda bem na área de suporte a produto, mas a perspectiva para o ano que vem é muito complicada, porque está tudo parado no óleo e gás. Na área hidroviária está avançando, mas no óleo e gás a expectativa é complicada, porque não temos indicativo de retomada ainda. Está tudo muito parado.
É importante deixar a mensagem de que apesar do cenário pessimista, tomamos muitas medidas para enfrentar isso, acreditamos no mercado e sabemos que ele vai voltar. Isso a gente tem certeza, o difícil é dizer quando. Mas estamos preparados para isso, porque quando voltar vai demandar muito.
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