CONSULTORIA DA STEINBOCK AJUDA ESTALEIRO INHAÚMA A GANHAR AGILIDADE NA CONVERSÃO DE FPSOs
Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –
Aumentar a eficiência. Esse vem sendo um desejo constante dentro da indústria de óleo e gás e algumas empresas vêm se destacando por oferecer soluções e serviços nesse sentido. A Steinbock desembarcou no Brasil em 2010 com o objetivo de colaborar para o aumento da performance e dos resultados de clientes, e recentemente foi contratada pela Petrobrás para um projeto de consultoria na conversão de navios VLCC em FPSOs no Estaleiro Inhaúma. De acordo com o diretor da Steinbock, Matheus Munford, o resultado obtido superou as expectativas da estatal, que ganhou quatro meses no cronograma de obras, gerando um retorno do investimento na ordem de 15 a 20 vezes. Uma nova área ainda será aberta pela companhia no Brasil, para facilitar aquisições e vendas de empresas do setor, através da tradução de dados brutos financeiros em material mais acessível. Apesar de pretender aumentar sua participação no mercado brasileiro, Munford afirmou que a empresa não fecha os olhos para os países vizinhos, como Chile, Peru e Argentina, onde algumas oportunidades têm aparecido.
Quais os principais projetos da Steinbock na área de óleo e gás?
Nós concluímos recentemente alguns projetos na área de conversão de navios do tipo VLCC em FPSOs no estaleiro Inhaúma. Este foi um dos nossos principais contratos e a repercussão junto à Petrobrás foi muito boa, devido ao grande aumento de produtividade, tornando a obra mais rápida. Foi um projeto que demandou bastante dos nossos conhecimentos, tanto da área naval como da área de óleo e gás. O ex-diretor de Engenharia da estatal Figueiredo ficou bastante entusiasmado com o que ele chamou de “gestão intensiva” nas obras de conversão. O avanço na obra física com o nosso trabalho foi de 30%, o que representou algo em torno de 15 a 20 vezes de payback (retorno do investimento) para a companhia, em quatro meses a mais de produção.
A Steinbock também teve projetos no Comperj, certo?
Sim. Tanto dentro quanto fora do complexo. Nós fizemos alguns trabalhos referentes às tubovias na unidade de recuperação de enxofre e de coqueamento retardado, por exemplo. Além disso, também temos dois contratos extramuros de ligação do Comperj para fora, na área de dutos. São tubulações de dimensões maiores, de abastecimento e saída, passando pela região de Magé e Itaboraí.
Que empresas são parcerias da Steinbock?
Grandes players do mercado são parceiros da empresa, como Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Techint, por exemplo. Com a Petrobrás nós não temos mais contratos diretos, mas ela é stakeholder através de consórcios construtores para quem prestamos serviços. Esses consórcios buscam a Steinbock para mitigar custos e vão ao mercado atrás de empresas que oferecem metodologias processuais que se encaixam com o planejamento traçado para o projeto.
A Steinbock também auxilia negócios de aquisição de empresas no setor de óleo e gás?
Nós temos o “Operational Dual Dilligence”, que é uma conexão entre bancos e escritórios de advocacia que tratam das negociações de aquisições. Nesse caso, nós não estamos oferecendo um produto, mas uma espécie de diagnóstico, que tem como objetivo o aumento da confiabilidade das premissas que são adotadas nos modelos de avaliação de valor de empresas, independente do setor dela. É um serviço feito através de indicadores operacionais que precisam ser traduzidos para uma linguagem mais do mundo dos negócios, números financeiros. Esse tipo de serviço, no entanto, ainda não foi feito pela Steinbock no Brasil na área de óleo e gás, mas estamos prestando atenção nos ativos que a Petrobrás está cogitando colocar à venda e, talvez, essa seja uma boa oportunidade para começar o trabalho no Brasil.
Há algum novo projeto sendo desenvolvido?
Nós estamos olhando possibilidades no Equador, mas hoje o nosso foco é realmente o final do trabalho de conversão no Estaleiro Inhaúma. O novo plano de negócios da Petrobrás significou uma retração bastante grande na indústria. Para se ter ideia, nós estávamos com cinco ou seis projetos simultâneos onshore e offshore, mas agora o nosso objetivo é de colocar os pés no chão e agir sabiamente dentro do mercado.
Como ampliar a eficiência nas operações?
Engenheiros não são treinados desde sua formação a pensar de uma maneira processual holística, olhando o quadro maior do projeto. Na realidade, o engenheiro é ensinado a pensar de maneira funcional, então a relação da atividade que está sendo realizada com a que virá depois ou com a que veio antes nem sempre é muito clara. Mas é preciso enxergar o todo para pensar em processos enxutos. Nós temos como pilar de trabalho a redução máxima de custos, mantendo o que é necessário, enquanto o desnecessário é alvo de melhorias. Para um processo bem estruturado e enxuto, é preciso também um corpo profissional gabaritado, então essa é outra grande preocupação da Steinbock. Por fim, acho que gestão é um ponto crucial. Por mais que possa parecer como algo clichê, muitos não sabem realmente o significado de gestão. Para fazer as engrenagens funcionarem, é preciso de pessoas certas nos lugares certos, tudo devidamente medido, controlado e sem pressão, para trabalhar de maneira intensa, mas equilibrada.
Que medidas a Steinbock tem tomado para superar a crise do setor de óleo e gás?
Aumentar as operações fora do Brasil tem tido resultados bastante agradáveis. A empresa tem uma experiência boa na América Latina e África, e os números apontam crescimento em alguns países, apesar do momento vivido. Outro fator que facilita trabalhos fora do país é a questão da conversão da moeda, com o dólar bem mais valorizado que o real. O momento é muito atraente para serviços em países próximos que ainda não estão tão desenvolvidos como o Brasil e querem investir em aumento de eficiência. Na área de infraestrutura, por exemplo, algumas oportunidades interessantes têm surgido no Peru, Panamá, Chile e até Argentina, que voltou a ter uma atividade econômica forte em alguns setores.
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