SUBMARINO HUMAITÁ FOI OFICIALMENTE ENTREGUE AO SETOR OPERATIVO DA MARINHA DO BRASIL
Em uma cerimônia repleta de simbolismos e tradições da Marinha, o Brasil ganhou hoje (12) mais um instrumento para a defesa de suas riquezas marítimas. Na manhã desta sexta-feira, a Marinha do Brasil realizou a cerimônia de Mostra de Armamento do submarino Humaitá. Em outras palavras, o evento marca a entrega da embarcação ao setor operativo da Força Naval. A cerimônia contou com a presença do alto comando da Marinha e de vários representantes da esfera política. Mas o que chamou a atenção mesmo foi uma ausência: a do presidente Lula, que não compareceu ao evento sob a alegação de “conflitos de agenda”. O governo federal foi representado pelo Ministro da Defesa, José Mucio, que foi recepcionado pelo Comandante da Marinha, Almirante Marcos Sampaio Olsen. O submarino é fruto do acordo de cooperação e transferência de tecnologia firmado em 2008 entre o Brasil e a França. A obra como um todo aconteceu no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro. Já o casco do submarino, a parte estrutural considerada mais complexa do projeto, leva a assinatura da brasileira Nuclep, a maior caldeiraria do país. Já como resultado dessa transferência de tecnologia da França para o Brasil, o casco resistente do Humaitá foi o primeiro inteiramente construído no Brasil.
“Uma Marinha forte é essencial para o funcionamento da nossa economia, especialmente em tempos de paz, considerando que 95% das nossas exportações e importações trafegam pela nossa Amazônia Azul. Há muitas riquezas a serem protegidas no mar, o que pode resultar em mais prosperidade e dignidade para o povo brasileiro. Além disso, existe um vasto potencial a ser explorado na área de óleo e gás, construção naval, navegação e alternativas para a transição energética, as quais dependem diretamente do mar”, declarou Mucio em seu discurso.
O comandante do submarino será o Capitão e Fragata Martim Bezerra de Moraes Júnior, que foi empossado no cargo durante a cerimônia. Ele e sua tripulação deram início às atividades do submarino com um gesto simbólico, bradando a seguinte frase: “Humaitá, da fortaleza de aço jamais escaparão”.
O Humaitá possui 72 metros de extensão e uma capacidade de deslocamento de 1,8 mil toneladas. Ele é a segunda unidade exemplar de uma série de quatro submarinos convencionais movidos por propulsão diesel-elétrica no contexto do Programa de Submarinos (PROSUB). O primeiro a ser entregue à Marinha na classe foi o submarino Riachuelo, em 2022. Os submarinos Tonelero e Angostura serão os próximos a serem entregues.
“É sempre oportuno sublinhar que a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar abre a possibilidade de o Brasil estender os limites de sua plataforma continental e exercer o direito de jurisdição sobre os recursos econômicos em uma área de 5,7 milhões de quilômetros quadrados, denominada Amazônia Azul”, destacou o Almirante de Esquadra Chefe do Estado-Maior da Armada, André Luiz de Santana Mendes. “Nessa área marítima, de dimensões substanciais, localizam-se 90% das reservas de petróleo e gás, os campos de pré-sal, outras fontes de energia, grande potencial pesqueiro e recursos minerais e naturais estratégicos. A Marinha do Brasil, portanto, faz-se imprescindível capacitar-se para proteger, fiscalizar e dissuadir pretensões antagônicas, assegurando a paz e o requerido exercício da soberania”, completou.
O submarino foi lançado ao mar em dezembro de 2020. Em agosto de 2022, o submarino Humaitá passou pelo processo de flutuação operacional, um marco de segurança que marca o início da fase final do projeto de construção, assegurando que os sistemas de segurança e operação do submarino estejam prontos para os testes de aceitação em cais e em mar. Em novembro do mesmo ano, o Humaitá completou com sucesso o teste de imersão estática, alcançando resultados satisfatórios nas avaliações. Após a navegação na superfície utilizando seu próprio sistema de propulsão, o submarino passou pelos testes de imersão dinâmica e imersão em grandes profundidades em movimento. As últimas provas de provas de mar do submarino e o teste de lançamento de torpedo aconteceram no final do ano passado.
Após a conclusão dos quatro submarinos convencionais, a Marinha planeja a construção de um submarino movido por propulsão nuclear. Ele será nomeado Álvaro Alberto, em homenagem ao almirante brasileiro pioneiro na pesquisa desse setor. Enquanto isso, segundo a Força Naval, os trabalhos do LABGENE seguem avançando em Iperó (SP). Para lembrar, o LABGENE é o protótipo em tamanho real do submarino de propulsão nuclear.
Em outubro de 2023, a Marinha iniciou a produção da seção de qualificação do submarino nuclear brasileiro. A seção de qualificação será essencial para permitir a homologação do processo construtivo e a certificação do Complexo Naval de Itaguaí para a construção do projeto.
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