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SUPERPESA É MAIS UMA AFETADA PELA PETROBRÁS A ENTRAR COM PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

SuperpesaÉ um efeito dominó. A relação difícil com a Petrobrás nos últimos tempos vai afetando todos os elos da cadeia e agora, depois de uma série de grandes empreiteiras passando por problemas financeiros em função desta situação, foi a vez da Superpesa, que também entrou com pedido de recuperação judicial. Especializada em movimentação de cargas especiais, também com atuação em caldeiraria pesada, a empresa carioca fez o pedido na segunda-feira (29), na 6ª Vara Empresarial do Tribunal do Rio de Janeiro, após ver sua dívida chegar a R$ 150 milhões, mais do que seu faturamento atual, de aproximadamente R$ 90 milhões.

Um dos principais mercados para a Superpesa é o de petróleo, em que ela investiu bastante nos últimos anos, de olho na demanda de negócios que estava prevista e o volume de projetos planejados para o segmento, principalmente em função da estratégia anunciada pela Petrobrás. No entanto, o retorno não veio como o esperado. A retração na assinatura de novos contratos por parte da estatal e o desaquecimento do setor, além de deixar um grande rastro de sérias complicações para as fornecedoras diretas da petroleira, passaram a impactar as subfornecedoras, como é o caso da Superpesa e de muitas outras.

O executivo responsável pela área jurídica da empresa carioca, Bruno Gameiro, conta que já vinham sentindo o impacto gradual nos últimos anos, como uma queda significativa no faturamento, que passou de R$ 150 milhões em 2010 para cerca de R$ 90 milhões em 2013.

“Nós estamos na cadeia de subfornecimentos da Petrobrás, temos a atividade de transporte bimodal e também na área industrial, de caldeiraria pesada. Principalmente esta última vem rendendo prejuízo há alguns anos, e, com esse consequente desaquecimento do mercado, chegamos a um ponto em que não tinha outra alternativa. Era uma medida que a gente já vinha planejando há algum tempo, há quase um ano, não foi uma medida desesperada”, afirmou.

Bruno contou ainda que problemas com atrasos na liberação de verbas do Fundo da Marinha Mercante também influenciaram a situação, que incluiu ainda a necessidade de desistência de alguns contratos, como para a construção de três bunkers para a Transpetro.

“Fizemos investimentos pensando na cadeia de óleo e gás, mas eles não geraram os retornos esperados, como todo o mercado vem sentido. Todo mundo está retraindo, então a gente não está recebendo a demanda para atender a esses contratos. Indiretamente a Petrobrás impactou esse movimento”, disse.

O executivo contou ainda que já estão avançando nas negociações com os credores, que são principalmente bancos, mas também incluem fornecedores. “Nosso pedido está sendo no sentido de tentar buscar uma solução para nós e para nossos credores”, afirmou.

HISTÓRICO

Alguns casos marcantes envolveram empresas que atuam há décadas no setor de óleo e gás brasileiro e acabaram se vendo em posições complicadas. Uma das primeiras a reclamar da postura da Petrobrás nas negociações foi a Tenace, da Bahia, que pediu a falência em novembro de 2012 e recebeu a aprovação da justiça em outubro de 2013. Na época do pedido de falência, a empresa alegou que o projeto original de um contrato com a estatal precisou ser modificado em função de condições adversas encontradas no local da obra, realizada no Rio Grande do Norte, mas não obteve a aprovação da Petrobrás para os aditivos referentes aos custos extras que tiveram no empreendimento. A empresa empregava 3 mil funcionários.

Em janeiro de 2013 foi a vez do aperto da GDK, que pediu recuperação judicial por dificuldades financeiras, sendo que boa parte de seus contratos eram relativos à Petrobrás. Em fevereiro do mesmo ano, a Conduto também passava por um momento de aperto, quando sua dívida com credores chegou a cerca de R$ 80,6 milhões, fruto principalmente de problemas em uma obra na Refinaria Abreu e Lima (Rnest).

Em agosto de 2013, o caso da Multitek despertou de vez o sinal vermelho no mercado, quando a empresa anunciou a demissão de 1.700 empregados, reclamando de um débito da Petrobrás de R$ 245 milhões. Além do problema trabalhista, a questão vem gerando atrasos, já que a empresa, que atuava no setor há 28 anos, paralisou as 13 obras em que estava trabalhando para a estatal.

Pouco depois, a Produman, que realizava serviços de manutenção na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), também deu um passo atrás, demitindo cerca de 1.500 pessoas sem o devido pagamento das rescisões.

Em 2014, os casos da Fidens, da Jaraguá, da Contreras e do Grupo Inepar outras três companhias tradicionais, ficaram mais em evidência, também com grandes repercussões em toda a cadeia de engenharia e construção nacional. Outras empresas, como Egesa, Sertenco e Lomater também passaram por complicações similares, mas o problema não parece ter sido muito bem avaliado internamente na Petrobrás, que passa por uma enorme turbulência de acusações e denúncias.

A presidente da petroleira, Graça Foster, sempre que questionada, afirma que pleitos não significam compromissos, mas negociações. No final de setembro de 2013, ela reconheceu que haviam sido realizadas algumas mudanças na forma de avaliação dos pleitos, mas não quis revelar o volume de recursos em discussão. Atualmente nenhum pleito é liberado antes de passar pela aprovação do diretor de engenharia, José Antônio de Figueiredo. No entanto, ele negou recentemente que haja represamento de novos contratos: “É fácil assinar contrato, o difícil é cumprir os prazos, e nós estamos trabalhando para cumpri-los. À medida que o mercado tenha atendido os prazos, a Petrobrás demandará novas contratações”, disse Figueiredo, na cerimônia de encerramento da Rio Oil & Gas 2014. O acúmulo de trabalho acaba retardando a sua decisão e aumentando as dificuldades das empresas de engenharia. A briga, que antes estava apenas no âmbito das empresas, desde o final de 2013 também envolve as lideranças sindicais e os trabalhadores de companhias terceirizadas, alinhados em alguns pontos para enfrentar a Petrobrás.

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Em nenhum momento se fala no artigo dos trabalhadores que foram dispensados e não tiveram os seus direitos trabalhista cumpridos,estão aguardando sem nenhum prazo de pagamento das suas recisões trabalhistas incluindo FGTS,que foi pago somente uma parte,porque a Superpesa não fazia os depósitos do FGTS corretamente!Isso mostra que a Empresa deveria ter tido um pouco mais de responsabilidade,só se fala de dívidas com bancos, e com os funcionários que foram dispensados,ninguém se preocupa??!!Como os mesmos vão pagar as suas divídas e sustentar suas famílias!