TAG E ORIGEM ENERGIA ASSINARAM ACORDO QUE PREVÊ PRIMEIRO PROJETO DE ESTOCAGEM DE GÁS NATURAL NO PAÍS
Uma notícia importante no setor de gás natural para fechar o noticiário desta quinta-feira (28). A Transportadora Associada de Gás (TAG) e a Origem Energia anunciaram agora há pouco que assinaram um acordo não vinculante para desenvolvimento conjunto de um projeto de estocagem de gás natural no Brasil. Segundo as companhias, a meta é atender à crescente demanda por soluções flexíveis que facilitem a movimentação do combustível, de forma a oferecer mais liquidez e segurança às companhias que atuam no mercado de gás natural. A Origem Energia ficará responsável por operacionalizar o serviço por meio de seus ativos em Alagoas. A TAG, por sua vez, detém a mais extensa malha de transporte de gás natural do Brasil. A previsão de início de operação é ainda em 2024.
O investimento total estimado para o projeto será de até aproximadamente US$200 milhões, divididos em diferentes etapas. A Origem Energia irá contribuir com a infraestrutura ligada ao projeto já desenvolvida no Polo de Alagoas – reservatórios depletados, poços perfurados, dutos de escoamento conectados e o “gás de colchão”. A TAG, por sua vez, aportará o capital para investimentos nas infraestruturas adicionais para iniciar o serviço de estocagem. Na fase inicial, a capacidade de armazenamento será de 106 milhões de m³/ano. No longo prazo, a capacidade pode chegar a 500 milhões de m³/ano.
A Origem Energia é controlada pela Prisma Capital, e adquiriu os ativos do Polo Alagoas em fevereiro de 2022. Desde então, a Companhia vem mapeando as oportunidades ligadas aos seus campos depletados para a atividade de estocagem. Este serviço é amplamente utilizado nos Estados Unidos e na Europa para garantir a segurança e a flexibilidade do sistema energético, mas ainda é inédito no Brasil.
A iniciativa vem como mais um dos desdobramentos da Nova Lei do Gás, vigente no Brasil desde 2021. A estocagem é fundamental para balancear as curvas de produção e consumo de gás natural, e sua consolidação contribuirá para a redução da dependência do Brasil sobre a molécula importada. No contexto de desenvolvimento do mercado de gás, o projeto beneficiará a produção da molécula nacional e pode incentivar a entrada de novos fornecedores e consumidores do insumo na malha nacional.
“A estocagem de gás natural poderá desempenhar um papel crucial na transição energética do Brasil. Além de auxiliar na descarbonização das indústrias, a maior disponibilidade de gás flexível irá complementar o crescimento da geração renovável intermitente. Esse é um passo fundamental para a maturidade do mercado, com ampliação da liquidez e da competitividade. Adicionalmente, a estocagem abre caminho para desenvolvimentos de novas energias e tecnologias de armazenamento como hidrogênio e captura e armazenamento de carbono”, afirma o CEO da TAG, Gustavo Labanca (foto principal).
Ao permitir que a molécula seja armazenada durante períodos de baixa demanda e disponibilizada em picos de consumo, a estocagem fortalece a segurança de suprimento de gás natural. Ou seja, os clientes poderão injetar as quantidades em excesso dos seus portfólios e retirar posteriormente, dando flexibilidade para produtores, importadores e consumidores que atuam nas duas pontas da cadeia, da oferta e da demanda. Além disto, a possibilidade de armazenar o gás natural permitirá que produtores de gás associado reduzam seus índices de injeção, aumentando a oferta da molécula no mercado doméstico e, por consequência, reduzindo o seu custo.
“No longo prazo, os vencedores são a indústria e a matriz energética brasileira. A primeira passará a ter acesso a fontes de energia mais competitivas, e a segunda contará com o suporte necessário para continuar crescendo por meio de fontes renováveis, intermitentes por natureza”, afirma o CEO da Origem Energia, Luiz Felipe Coutinho (foto à direita). “Por meio da estocagem, será possível dar segurança ao suprimento de gás natural, principalmente durante variações sazonais. Nos períodos de estiagem no Brasil, por exemplo, teremos esse recurso disponível para lidar com as intermitências das energias renováveis, provendo uma oferta confiável da molécula em tempo hábil”, acrescentou.
O serviço de estocagem será fornecido em base firme, com uma capacidade máxima de estocagem, injeção e retirada, de forma a maximizar o uso do reservatório. Também serão propostos produtos na modalidade interruptível para atender ao cliente que necessite de maior capacidade de injeção ou retirada. Os parceiros já estão em discussão preliminar com os primeiros clientes interessados no serviço.
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