TCU ESTUDA DENÚNCIA DE SINDICATO PERNAMBUCANO SOBRE A CONCORRÊNCIA DAS CORVETAS DA MARINHA | Petronotícias




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TCU ESTUDA DENÚNCIA DE SINDICATO PERNAMBUCANO SOBRE A CONCORRÊNCIA DAS CORVETAS DA MARINHA

nxhjshaaO Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânica e de Material Elétrico de Pernambuco quer parar o projeto de construção das corvetas da Marinha, vencido pelo Consórcio Águas Azuis, formado pelas empresas ThyssenKrupp Marine Systems, a Embraer e a Atech. A entidade apresentou uma denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) contra o resultado da concorrência internacional conduzida pela Marinha com a Emgeprom, estatal ligada ao Ministério da Defesa. A licitação prevê a construção de quatro corvetas classe Tamandaré, com previsão de entrega entre 2024 e 2028, conforme anunciou a Marinha em 28 de março. O projeto tem valor estimado em R$ 5,5 bilhões. De acordo com o TCU, o processo é sigiloso e está em fase de instrução.

O Sindicato alega que o resultado do processo de seleção fere princípios de idoneidade, moralidade, economicidade, eficiência, transparência e impessoalidade, que definiram os parâmetros e condições das propostas. Afirma que estava tudo direcionado. O sindicato diz que os negócios da ThyssenKrupp estão sendo investigados na Alemanha e em Israel; e os da Embraer, em processos na República Dominicana, na Índia e nos Estados Unidos.

Estaleiro Kiel, da Tyssenkrupp, na Alemanha, onde foram construídos os submarinos Tupi, da Marinha do Brasil

Estaleiro Kiel, da Tyssenkrupp, na Alemanha, onde foram construídos os submarinos Tupi, da Marinha do Brasil

Além disso, o estaleiro Oceania, localizado em Itajaí (SC), onde serão construídos os navios, pertence ao grupo CBO, do qual 20% das ações pertencem à BNDES-Par, subsidiária do BNDES e responsável por classificar o conteúdo nacional da proposta — requisito do edital — o que configuraria conflito de interesses, segundo a representação. O documento alega ainda que a ThyssenKrupp está à venda, se desfez de estaleiros próprios em vários países, o que acarretaria insegurança jurídica, segundo o qual teria prioridade a proposta que oferecesse menor risco. Mas a empresa alemã ainda mantém o estaleiros de submarinos, em Kiel (foto à direita). Além disso, a proposta vencedora cobrará royalties para a construção de navios adicionais.

O ofício ressalta também que a oferta de preço apresentada pelo Consórcio Águas Azuis é referencial e afronta  a isonomia e dá margem a superfaturamentos e aditivos contratuais. O diretor de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha, Almirante  Petrônio Augusto Siqueira, disse que o preço final depende de detalhes contratuais e que haverá necessidade de pagamento de royalties ao grupo vencedor. O diretor do Sindicato, Henrique Gomes, alega que se o processo fosse executado com transparência, obedecendo as condições do edital, o consórcio FLP, que inclui o estaleiro Vard-Promar, poderia construir as corvetas. Ele afirma que há dois estaleiros em Pernambuco que já empregaram mais de sete mil funcionários especializados.

jshsjaHenrique Gomes (foto) lembra que a Marinha fez questão de ser dona do sistema embarcado, com a compra da transferência de tecnologia e segredos militares, como o código fonte do sistema. Entretanto, nunca será a dona do projeto nem terá a liberdade de utilizá-lo em outros navios, já que terá que pagar royalties. Ele diz ainda que o RFP oferecia duas opções: usar o projeto da Marinha ou o da contratada, desde que o navio já tivesse sido construído.

A Marinha informa que ainda não recebeu questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU), mas está pronta a antecipar os esclarecimentos necessários. Sobre a transparência e economicidade do processo, informou que os preços propostos e a pontuação feita pelos consórcios concorrentes não foram divulgados porque “informações dessa natureza não são divulgadas publicamente em processos relativos às atividades de Defesa. A Marinha do Brasil esclarece que todo o processo de seleção observou as boas práticas de procura e aquisição de bens e serviços praticadas em escala mundial para escolha e posterior contratação de produtos militares, notadamente aqueles de alta complexidade. Os procedimentos e critérios adotados foram essencialmente técnicos, sem qualquer interferência política.” O Consórcio Águas Azuis rebate as críticas e afirma que desconhece as informações sobre irregularidades na licitação das corvetas e, portanto, não comentaria.

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