TECNOGERA PROJETA CRESCIMENTO DE 30% E VÊ AUMENTO NA DEMANDA POR GERADORES DIANTE DE RISCO DE SOBRECARGA NA REDE ELÉTRICA
O alerta para o risco de sobrecarga na rede elétrica, feito pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) no fim do ano passado, reflete a atual situação do Sistema Interligado Nacional (SIN). O cenário é consequência do avanço das fontes intermitentes de energia e representa um desafio para o planejamento energético do país. Embora o ONS não aponte risco iminente de apagão, muitas empresas e indústrias já buscam alternativas para garantir a segurança no fornecimento de energia. Diante desse quadro, a Tecnogera, fornecedora de soluções em energia temporária, tem registrado um aumento na procura por geradores. É o que afirma o diretor operacional da empresa, Paulo Alves, nosso entrevistado desta quarta-feira (2). “A demanda por geradores no primeiro trimestre deste ano cresceu 24%. Esse movimento começou no setor de varejo, com lojas preocupadas com prejuízos à matéria-prima, e também atingiu a indústria, que busca garantir a continuidade de suas linhas de produção”, afirmou. O executivo disse ainda que a Tecnogera projeta encerrar o ano com um crescimento de até 30%, após investir R$ 130 milhões em novos equipamentos e ampliar sua frota para 2 mil grupos geradores.
Como ponto de partida, gostaria que você relembrasse para os nossos leitores o alerta feito pelo ONS em dezembro de 2024, que apontou risco de sobrecarga em alguns estados. Quais foram os principais pontos?
O que motivou o alerta do ONS foi a questão da intermitência das fontes renováveis, da falta de um controle centralizado e também da própria infraestrutura de rede. As principais razões são a intermitência e a variabilidade de geração. O fluxo de energia, que sempre foi das grandes usinas para o consumidor, agora passou a ser bidirecional.
Com a expansão da geração distribuída, especialmente a solar fotovoltaica, os próprios consumidores passaram a injetar energia na rede. Isso cria um fluxo reverso e causa instabilidades. Ainda não temos a infraestrutura adequada no país para lidar com isso. Falta estabilidade na tensão e qualidade da energia. Enquanto os investimentos em infraestrutura não avançarem, a insegurança permanece, e a tecnologia vira uma solução essencial.
Como a empresa percebeu esse aumento da demanda por segurança energética?
A demanda por geradores no primeiro trimestre deste ano cresceu 24%. Esse movimento começou no setor de varejo, com lojas preocupadas com prejuízos à matéria-prima, e também atingiu a indústria, que busca garantir a continuidade de suas linhas de produção.
A insegurança em relação a possíveis paralisações aumentou bastante a busca por geradores em regime de standby. Esse tipo de contrato tem uma precificação menor, e o equipamento pode entrar em operação em 10 ou 15 segundos, evitando perdas para o cliente.
Esse cenário todo tem impactado efetivamente os negócios da empresa? Houve expansão?
Sem dúvida. A nossa marca está consolidada há 19 anos no segmento de segurança energética, e isso nos deu a oportunidade de crescer. Tivemos um aumento de 150% nos últimos dois anos. Além disso, esperamos terminar o ano com 29 filiais e alcançar um crescimento de 25% a 30%.
Além do atendimento ao consumidor final, também atuamos com as concessionárias. Quando elas precisam fazer manutenções ou obras de infraestrutura, oferecemos uma fonte de energia secundária para evitar a interrupção total do sistema. Esse trabalho com as distribuidoras não é algo novo, mas houve um aumento de demanda. As concessionárias estão sendo pressionadas a melhorar suas redes, inclusive como parte das exigências para a renovação das concessões.
Quais são os investimentos que a empresa vem fazendo para acompanhar essa expansão de demanda?
Investimos mais de R$ 130 milhões neste ano em novos equipamentos. Nossa frota já era nova — com média de quatro anos —, mas ampliamos a nossa capacidade de atendimento, passando de 800 para 2 mil grupos geradores. Também reforçamos a frota de veículos próprios para garantir um acesso rápido ao consumidor final.
E olhando agora para os próximos anos, quais são as perspectivas para os negócios da empresa no país?
Acreditamos que estamos apenas no início de uma nova estruturação. Vemos muitos anos pela frente para nos posicionarmos em parcerias com grandes varejistas, concessionárias e indústrias. Também tivemos um crescimento de 130% no setor de óleo e gás no ano passado e temos contratos fechados para os próximos cinco anos. Isso mostra que o mercado busca mais segurança e contratos de longo prazo, o que também ajuda a viabilizar economicamente os projetos.
Falando especificamente do setor de óleo e gás, o que impulsionou esse crescimento na atuação de vocês nesse segmento?
Abrimos recentemente uma filial em Macaé e fechamos um negócio com a Petrobrás. O bom atendimento prestado para a estatal nos deu abertura para investir mais. Além da energia, passamos a fornecer também compressores.
Enquanto os fornecedores anteriores tinham uma abordagem mais tradicional, nós oferecemos uma solução imediata, com equipamentos modernos e prestação de serviço voltada ao cliente. O atendimento emergencial nos ajudou muito a consolidar nossa presença no segmento. O bom trabalho que fizemos abriu portas. Já tínhamos experiência, mas com o investimento em novos equipamentos conseguimos destravar nosso crescimento.
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