TENACE PEDE FALÊNCIA E RESPONSABILIZA PETROBRÁS

A Tenace Engenharia anunciou o pedido de falência e enviou um comunicado aos seus credores responsabilizando a Petrobrás pelo fim da empresa. De acordo com o documento, a estatal não aceitou pagar aditivos necessários em um grande contrato com a Tenace, que se diz vítima da intransigência da empresa. A estatal afirmou que não vai comentar o assunto.

A Tenace, fundada em 1986, conta que havia conquistado o contrato para fazer a construção da Unidade de Gasolina e das Instalações de Recebimento e Expedição de Diesel do Pólo de Guamaré, no estado do Rio Grande do Norte, no valor global de R$ 163 milhões, mas começou a ter dificuldades financeiras em 2010, em função de custos adicionais encontrados ao longo das obras.

“A causa do prejuízo está relacionada com alterações significativas no escopo original do contrato, mudanças no projeto e nas sondagens do terreno, revelando presença de água e resistência do solo inferior aos dados fornecidos pela Petrobrás na licitação, obrigando modificações impactantes nas fundações dos tanques”, afirma a Tenace no documento, ressaltando que a estatal não teria remunerado “justamente” as alterações.

A empresa afirma ter concluído a obra dentro do prazo, e ressalta que ainda teria conquistado um excelente Boletim de Avaliação de Desempenho (BAD), emitido pela Petrobrás, na etapa final de conclusão da obra.

“A Nota obtida foi 93, dificílima de ser alcançada diante do rigor das avaliações da Petrobrás, quanto mais se tratando de um empreendimento desta complexidade. Este fato atesta a plena satisfação da Petrobrás com o resultado do contrato. O que não ocorreu na contrapartida da Tenace”, afirma a companhia.

Foi feito um pedido de repactuação de preço em outubro de 2010, no valor de R$ 72 milhões, mas a Petrobrás decidiu encerrar o contrato com zero de aditivo, transformando a discussão em “Transação Extra Judicial”, o que arrastou a negociação por quase dois anos. Ao final deste período, em junho de 2012, a estatal se dispôs a pagar R$ 22 milhões, mas a Tenace afirma que o valor estava muito aquém do que precisavam.

“Durante esse tempo, a Tenace foi obrigada a contratar, para suportar o descompasso de caixa gerado, diversos empréstimos com instituições financeiras, mediante altas taxas de juros, o que aumentou ainda mais seu endividamento”, afirma a empresa.

A companhia então acabou aceitando o acordo, mas diz que o fez em função de sua delicada condição financeira e do seu “acentuado grau de dependência econômica na relação com a Petrobrás”.

Tentaram novos financiamentos para reforçar a empresa, mas não conseguiram, até que em setembro tentaram vendê-la, para que houvesse uma nova capitalização, mas também não encontraram compradores. Atribuem a falta de interesse do mercado à postura da Petrobrás, que bloqueou o cadastro (CRCC) deles e impossibilitou a assinatura de novos contratos.

“Depois de múltiplos esforços, que culminou com pedido de recuperação judicial, a Diretoria terminou por reconhecer a insolvência e decidiu tomar a iniciativa do pedido de falência”, lamenta a Tenace.

A empresa afirma que ultimamente tinha 25 contratos, somados em cerca de R$ 800 milhões, sendo mais de 90% com as empresas do sistema Petrobrás, e diz que empregava mais de 3 mil funcionários formalmente. A companhia destaca ainda que recebeu o Prêmio Nacional QSMS Petrobrás Engenharia em 2011 (foto).