TERRORISTAS HOUTHIS TENTAM ATACAR NAVIOS DA CHINA E DA RÚSSIA NO MAR VERMELHO. ANALISTAS DA VIXTRA MOSTRAM IMPACTOS NOS FRETES NO BRASIL
As forças armadas dos EUA e do Reino Unido realizaram ataques aéreos em oito locais no Iémen durante a noite entre 22 e 23 de janeiro. Os ataques foram um símbolo importante da decisão dos EUA e dos países aliados de mostrar que estão falando sério quando se trata de impedir a agressão dos terroristas Houthis, que já perderam 1/4 de seu arsenal bélico fornecido pelo Irã e pela Coriia do Norte. Os Houthis tentaram bloquear o Mar Vermelho e, ao mesmo tempo, permitir a passagem de navios ligados à Rússia e à China. A liberdade de navegação é uma chave para o comércio global e também um alicerce fundamental da política externa dos EUA ao longo dos últimos 150 anos. O Comando Central dos EUA disse na manhã de terça-feira que “como parte dos esforços internacionais em andamento para responder ao aumento das atividades desestabilizadoras e ilegais dos Houthi na região.”
Os desarranjos logísticos na cadeia global causaram impactos significativos nos custos de transporte ao longo dos últimos anos, afetando empresas e consumidores. Um levantamento realizado pela Vixtra, fintech de comércio exterior, analisou os dados relacionados ao frete aéreo, marítimo e rodoviário de 2019 até 2023, disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. De acordo com a pesquisa, após os preços dos fretes apresentarem queda em 2023, consequência das grandes altas durante o período pandêmico, os ataques ao Mar Vermelho, ocorridos no último mês, resultaram em um novo aumento de 0.6 pp nos custos marítimos.
Em quatro anos, o preço do frete marítimo chegou a custar 7,2% do valor do produto importado. No panorama mensal, em novembro de 2023, estava em 4,7%, contudo, devido aos contratempos gerados pelos ataques iemenitas contra navios comerciais, o que inclui despesas maiores para o redirecionamento das rotas, em dezembro, o preço subiu para 5,3%. Mas essa não foi a única modalidade impactada durante o período de análise. Desde o início da pandemia, em 2020, a média geral dos custos das modalidades de frete seguiu em uma curva de crescimento que teve seu pico em 2022, quando atingiu 7,1% do valor do produto, e tiveram queda significativa em 2023. Segundo os dados, em 2019, o custo médio do frete – incluindo todas as modalidades – em relação ao do produto correspondia a 3,8%, aumentando para 4,7% em 2020 e alcançando 6,9% em 2021. Em 2022, houve um aumento adicional para 7,1% e, após, começou a cair. Já no ano passado, o valor despencou para 4,9%.
Leonardo Baltieri, co-CEO da Vixtra, reforça que a redução nos preços do frete em 2023 pode ser atribuída à estabilização das condições logísticas após os desafios enfrentados nos anos anteriores. “Tudo isso está relacionado às melhorias na capacidade de transporte, otimizações nas operações portuárias e, sobretudo, à queda na concentração das demandas, o que reflete significativamente nas taxas de certas rotas“, esclarece. O executivo destaca os impactos da queda do preço do frete para as empresas e a população em geral. “A diminuição no custo do frete proporciona margens de lucro mais saudáveis para as empresas que vendem produtos importados, o que estimula o crescimento do mercado, aumenta a competitividade e permite a diversificação de seu portfólio, possibilitando atender as demandas dos consumidores de forma mais eficiente. Isso também se traduz na redução dos preços finais dos produtos, oferecendo maior flexibilidade financeira aos consumidores e promovendo uma melhoria tangível em seu poder de escolha e aquisição“, explica.
Analisando os diferentes modos de transporte, o frete aéreo foi o que apresentou maior média de crescimento em relação ao preço do produto. Em 2019, representava 4,5%, subindo para 6,6% em 2020, chegando a 8,6% em 2021 e posteriormente caindo levemente para 8,2% em 2022 e, mais acentuadamente, 5,0% em 2023. Já o frete marítimo teve uma variação anual menor em comparação ao aéreo: começou com 3,7% em 2019, subiu para 4,4% em 2020, alcançou 6,9% em 2021, e depois estabilizou em 7,2%, em 2022, caindo para 5,0% em 2023, apesar das surpresas enfrentadas no último mês do ano. O frete rodoviário, por sua vez, apresentou pequenas flutuações: começou com 3,5% em 2019, manteve o valor em 2020, e, posteriormente, caiu para 2,8% em 2021, teve um leve crescimento para 2,9% em 2022 e chegou a 3% em 2023, o que pode ser explicado pela alta do diesel.
Apesar da pandemia ter iniciado em 2020, os maiores patamares de custos no frete foram em 2021 e 2022. O setor logístico enfrentou desafios adicionais em 2021, como redução de mão de obra e transporte interno, juntamente aos congestionamentos portuários. Em 2022, a Guerra na Ucrânia agravou a situação, afetando as cadeias de distribuição e as operações logísticas, resultando em atrasos e aumento nos preços de commodities, incluindo a gasolina. Naquele ano, apesar desses acontecimentos, as economias globais ensaiavam uma retomada de suas atividades, o que impulsionou a demanda por transporte de cargas, contribuindo para o aumento nos custos de frete. Para Baltieri, o ambiente de comércio exterior além de complexo é altamente instável, o que faz com que acontecimentos em determinadas partes do planeta afetem toda a infraestrutura logística, como é o caso dos ataques contra a rota comercial no Mar Vermelho no último mês. Neste cenário, conclui Baltieri, as empresas devem monitorar e entender essas flutuações, para se prepararem adequadamente. “Além disso, diversificar as opções de transporte, investir em tecnologias de rastreamento e planejamento logístico são algumas das medidas que podem ajudar a mitigar os impactos do preço do frete para as companhias“, finalizou.
Deixe seu comentário